segunda-feira, 3 de abril de 2017

Marechal Firmino Pires Ferreira

Vaca Brava, com o era chamado o marechal e senador Firmino Pires Ferreira, nasceu em Barras do Matatoan, em 25 de setembro de 1848. Filho do coronel José Pires Ferreira e de Maria Joaquina de Jesus Castello Branco Carvalho de Almeida. Neto paterno de Maria da Assumpção Pires Ferreira e de Luiz de Souza Fortes Bustamante de Sá Menezes. Bisneto de José Pires Ferreira e de Marianna de Deus Castro Diniz. Firmino Pires Ferreira. Entrou para o Exército em 11 de janeiro de 1865, como soldado. Cadete, tomou parte na Guerra do Paraguai (1866 a 1870) - Durante a Guerra do Paraguai serviu com o capitão, depois coronel Deodoro da Fonseca, com o 1º tenente Floriano Peixoto e com o tenente Hermes da Fonseca, daí surgindo amizades duradouras. Quando da proclamação da República, a 15 de novembro de 1889, encontramos o então tenente-coronel Firmino Pires Ferreira ao lado do Marechal Deodoro da Fonseca. Curiosamente, setenta anos antes seu tio-bisavô, Gervásio Pires Ferreira tentara em vão implantar a República no Brasil nas Revoluções Pernambucanas de 1817 e 1821 - . Em 18 de janeiro de 1868 já era Tenente. No ano de 1868 foi-lhe confiada a espinhosa missão de transportar o material de construção para a famosa travessia do chaco, recebendo citação especial, em ordem do dia do comandante da 6ª Companhia do Batalhão de Engenheiros, capitão Manoel Peixoto Cursino do Amarante, "por sua ação pronta, enérgica e incansável". No combate de 8 de maio, diz a ordem do dia, "comandando 24 praças de sapadores, destruiu na frente as obras de defesa com que o inimigo havia interceptado a estrada por onde as tropas brasileiras deveriam passar". No mesmo ano, seria novamente elogiado, pelo então Marquês de Caxias, Comandante-em-chefe das Forças em operação no Paraguai, por sua ação à bordo do monitor "Rio Grande" encarregado de proteger a retirada de uma linha avançada de nossa Infantaria. Os atos de heroísmo do jovem filho de Barras não terminaram aí. Participou da famosa batalha de Humaitá, na guarnição das chalanas, combatendo o inimigo que tentava evadir-se. Tomou parte na tomada das fortificações que cobriam a passagem de Jebiquari e no reconhecimento das posições fortificadas de Angostura. No ano seguinte em 1869 integrou a vanguarda das forças que tomaram a praça forte de Peribebui, ocasião em que foi ferido, sendo elogiado pelo então capitão Deodoro da Fonseca, comandante da 8ª Brigada de Infantaria, e promovido a 1º Tenente por ato de bravura. Terminada a guerra, voltou ao Brasil em 1870, ingressando na Escola Militar da Corte, onde fez o curso superior, sendo promovido a capitão em 1874. Em 1875, foi designado instrutor do Tiro de Guerra de Campo Grande, em Mato Grosso. Em 1879, foi integrado ao Estado-Maior da artilharia, já no posto de major. Subdiretor do Arsenal de Guerra. Seguiram-se, daí em diante, sucessivas promoções: tenente-coronel em 1889; comandante da Sexta Brigada, em 1894; general de Brigada em 1895; general de Divisão em 1901; Marechal em 1906. Foi o primeiro piauiense a atingir o posto de marechal na ativa do Exército. Reformou-se em 1913. O marechal Firmino Pires Ferreira desenvolveu, paralelamente, à vida da caserna, uma longa e extraordinária carreira política. Foi, incontestavelmente, o político de maior projeção e prestígio por várias décadas no Piauí. Foi um dos fundadores do Partido Republicano Conservador - PRC, em 5 de novembro de 1910. Chegou a vice-Presidente do PRC, ocasião em que o partido era presidido por seu grande amigo e companheiro na guerra do Paraguai, Pinheiro Machado. Como Pinheiro Machado era, também, um típico "Coronel", controlando com mão de ferro suas bases políticas no Piauí. O marechal Pires Ferreira tinha para com seu Estado, uma postura feroz, enquanto que no Rio de Janeiro, era cortês, afável e amigo apaziguador. Sobre o lado cortês do Marechal Pires Ferreira, é interessante lembrar que as escadarias das residências do Rio de Janeiro em forma de ferradura ou de "U", como se fossem dois braços acolhedores, eram conhecidas como "escadarias Pires Ferreira", em homenagem à sua postura sempre conciliadora. Sua casa no Cosme Velho, no Rio de Janeiro, era frequentada tanto pelos amigos e adversários políticos, como por todos os seus familiares e estudantes piauiense que viviam no Rio de Janeiro. Com Pinheiro Machado controlou o Senado durante anos, até a brutal morte deste. Como "Coronel" controlava o seu estado natal através de seus familiares, como vemos em sua correspondência: .... "O sangue (dos Pires) puxa mais do que cem bois de carro". E como "político" através de grandes alianças familiares, como a do casamento de seu neto Firmino Pires de Mello com a filha do Presidente Washington Luis. Com a República, o marechal Firmino Pires Ferreira elegeu-se deputado federal à constituinte (1890), pelo Piauí; e para a primeira legislatura ordinária (1891-1893); depois, Senador pelo Piauí de 1894 a 1930 (11 legislaturas), de nove anos cada uma, interrompendo-se a última com o golpe de 1930 dado por Getúlio Vargas, que mandou fechar o Congresso Nacional. Era tio e criou João de Deus Pires Leal Joca Pires), fazendo-o governador do Piauí, em 1928. Mandato também interrompido pelo golpe de 1930. 
Lina Pires Ferreira [2ª- Linoca]
foto acervo Ailton Vasconcelos Ponte;
 fotógrafo: Mathieu de Roche, 39,
Boulevard des Capucines,
Paris, França; 1916.  

O marechal Firmino Pires Leal casou-se, em 15 de novembro de 1875, no Engenho Paraíso, no município de São Bernardo, no Maranhão, com a prima Lina Pires Ferreira (Linoca), nascida no Engenho Paraíso, em 13 de junho de 1854, no Engenho Paraíso, no município de São Bernardo, no Maranhão,e falecida no Rio de Janeiro, em 21 de agosto de 1945 no Rio de Janeiro. A festa de casamento durou dias seguidos, com os convidados e os escravos a dançar, cantar, beber e comer. Dona Linoca era ilha de Antonio Pires Ferreira e de Lina Carlota de Jesus Rodrigues de Carvalho. O marechal Firmino Pires Ferreira e dona Linoca tiveram as filhas: 1) Lina Pires Ferreira ;(Yayá), nascida em 7 de junho de 1877, e falecida no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1879, s/g. 2) Maria Pires Ferreira (Marieta), nascida no Rio de Janeiro, em 22 de abril de 1881, e falecida no Rio de Janeiro, em 13 de novembro de 1962. Casou-se no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1898, com João Jorge da Fonseca, nascido em Recife, em 16 de junho de 1869, e falecido no Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1916. Almirante; Ajudante de Ordens do Presidente Hermes da Fonseca; Adido Naval em Londres e Paris. João Jorge da Fonseca era tio de Cléa Levi Carneiro, mulher do Cid Carvalho, filho do Dr. Américo Carvalho, que chegou a desembargador. Morreram ambos. O Dr. Levi Carneiro foi quem impetrou Habeas Corpus em favor de Eurípides de Aguiar, para ele assumir o governo em 1916, contra o des. Antônio Costa, que era apoiado pelo governador Miguel Rosa. Fez isto a pedido do marechal Firmino Pires Ferreira. o Dr. Levi Carneiro foi da Corte de Haia. Morreu relativamente novo. Marieta Pires Ferreira teve uma filha, que se erradicou em São Paulo, casada com Cecílio Prado. Depois, ao separar-se, casou-se com Marcondes Filho, ministro do Trabalho de Getúlio Vargas e 3) Julieta Pires Ferreira (Julinha), nascida no Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1882, e falecida no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1966. Casou-se no Rio de Janeiro, em 10 de novembro de 1900, com Cezar Augusto de Mello, nascido no Rio de Janeiro, em 8 de outubro de 1875, e falecido nos Estados Unidos, em 28 de dezembro de 1918. Almirante; entrou para Escola Naval em 1889; Ajudante de Ordem do Presidente Rodrigues Alves (1903-1906); Adido Naval na Itália. Filho de Cesário Augusto de Mello e de Sarah de Queiróz. Pais de Firmino Pires de Mello; Cezar Pires de Mello; Carlos Pires de Mello. O primeiro, Firmino Pires de Mello (Gené), nasceu no Rio de Janeiro, em 15.09.1901, e faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de abril de 19600. Advogado. Casou-se em 14 de maio de 1928, na Igreja da Glória, no Rio de Janeiro, com recepção no Palácio Guanabara, então residência do Presidente da República, com Florinda Maria Pereira Souza (Maria Washington), nascida em São Paulo, em 14 de fevereiro de 1901, e falecida em São Paulo, em 22 de junho de 1989. Filha do presidente Washington Luís Pereira de Souza; e de Sophia Oliveira de Barros.
 O Marechal Firmino Pires Ferreira faleceu na Guanabara (Rio de Janeiro), em 21 de julho de 1930. A viúva, dona Linoca, foi morar com uma das filhas fora do Rio de Janeiro, deixando lá a mansão do Cosme Velho, onde moraram por anos. Pois bem, Getúlio Vargas se aproveitando do acesso que tinha na casa, pois era muito amigo da família, mandou uns meganhas vasculhar e saquear o velho solar do Cosme Velho, levando o arquivo pessoal do presidente Washington Luís, lá escondido, assim como o arquivo pessoal do marechal Firmino Pires Ferreira, com documentos relativos a 40 anos de sua vida como parlamentar piauiense, todas as correspondências, toda documentação de alto valor afetivo e funcional. Destes saques nada se sabe, assim como do destino destes documentos, que provavelmente foram destruídos a mando do ditador Getúlio Vargas. Seu famoso e pitoresco apelido, "Vaca Brava", surgiu nos tempos em que serviu no Exército, sob as ordens de Floriano Peixoto, o "Marechal de Ferro". Em 1935, no governo do interventor Landri Sales e na gestão do prefeito Joaquim Nogueira Lima, foi inaugurado o Grupo Escolar Marechal Pires Ferreira, em Pedro II. Primeira escola estadual do Município de Pedro II. O prédio, que era ocupado pela Universidade Estadual Uespi, atualmente encontra-se fechado. Fica localizado na Praça Manoel Nogueira Lima ( Praça da Bonelli).
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pesquisas feitas com base no livro Dicionário Enciclopédico Piauiense Ilustrado, de Wilson Carvalho Gonçalves, e A Mística do Parentesco - uma genealogia inacabada, de Edgardo Pires Ferreira. E entrevista com Mário Pires Leal, filho de João de Deus Pires Leal (Joca Pires)

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