segunda-feira, 10 de abril de 2017

Pompílio Santos


Pompílio Santos - As Quatro Faces do Diabo. Corina Barbosa Lopes, a taquigrafa mais tchan da cidade, acaba de me enviar, copiada do gravador para o computador, a entrevista que eu fiz com o velho amigo Pompílio Santos, um dos jornalistas mais polêmicos, temidos, odiados (e amados) que já passou por nossas redações de jornais. Sua coluna, para terem uma ideia, chamava-se As Quatro Faces do Diabo. Processado, inúmeras vezes, nunca foi condenado, porque o que escrevia podia provar. Pois bem, esta entrevista vai virá mais um livro meu, cujo titulo será Pompílio Santos - As Quatro Faces do Diabo. Vejam um dos trechos. Se gostarem, peçam mais, mas não entrevista toda. Fiquem de tocaia para o livro. Com fé, esperança e amor.
Kenard Kruel – Pompílio Santos, o senhor era o editor do Jornal O DIA, do coronel Octávio Miranda, e, por não gostarem de uma notinha que saiu uns militares foram lá para matá-lo. Como foi esta história?
Pompílio Santos – Realmente eles foram para me matar. Aconteceu por volta de 1970, na época do presidente Médici (30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974). Eu sou um cara devoto de São Francisco. Tudo que aconteceu comigo acabou se frustrando. Chegaram três tenentes, com aquelas 45, todos com cara de poucos amigos. Um dos tenentes, na farda tinha o nome de Guimarães, era irmão do Napoleão Guimarães, que era o prefeito de Timon. Ele era tio do empresário Paulo Guimarães, do Grupo Meio Norte de Comunicação. Ai eu recebo um telefonema, às 8 da manhã, o jornal funcionava no porão de uma casa, entre as Ruas Sete de Setembro e Areolino de Abreu, demolida para dar lugar à construção da Igreja Batista... O coronel Octávio Miranda mandou fazer o sótão. Quando eu atendo, do outro lado da linha, a voz disse: “Eu quero falar com o senhor Pompílio Santos, editor do jornal”. Eu disse: - “Está falando com ele”. Ele replicou: “Você publicou, em seu jornal, que o meu irmão e ladrão. Pois bem, eu não quero tratar disto por telefone, eu quero ir ai para tratarmos do assunto cara a cara”. Eu disse: “Pois não!” E eu achando só podia ser trote. “Pois não, pode vir agora”. Não demorou 10 minutos, descem os 3 tenentes, de um Jipe. Eu, então, tive a noção do perigo: “Porra, não é trote não, estou f.....” (Rindo). Era verdade. Ai quando os dois subiram – um ficou na direção do veículo. “Quem é o editor Pompílio Santos?” “Está falando com ele. Ah, foi o senhor quem telefonou agora?” “Foi, eu sou o tenente Guimarães, irmão do prefeito de Timon, o Napoleão Guimarães e vim passar a limpo esta história do senhor publicar que ele é ladrão'” Eles pensaram que eu me intimidaria. Claro que eu estava intimidado. Dois militares de armas nas mãos, mas eu não podia demonstrar fraqueza. Eu tinha que ser o exemplo para os demais da redação. Um jornalista que se acovarda deve procurar outro emprego. Então, eu disse: “Os senhores acham que o seu comandante aprovará esta proeza dos senhores virem aqui, na redação, com estas armas em punho? Sentem aqui dois minutos, que eu vou telefonar para o seu comandante, o coronel Mário Ramos”. Os dois já ficaram apavorados. Ai já se levantaram. E eu disse, com voz forte, encarando-os nos olhos: “Não se levantem, os senhores continuem sentados ai que já eu falo com o Coronel Mário Ramos”. Ai não houve jeito, eles foram saindo da redação me esculhambando: “Filho da puta, cretino, canalha, imprensa marrom, isto não vai ficar assim não, nós vamos te pegar, tom cuidado!” E não sei o que mais, uma porção de palavrões. Com o telefone nas mãos e as mãos tremendo assim, de medo, eu vi que eles queriam mesmo era me matar. Caso eu não tivesse agido com firmeza, eles teriam me matado. Seu Kenard Kruel, eu fiquei com muito medo. Então, quando eles estavam lá em cima, com as armas nas mãos, e, quando eu vi as mãos deles tremerem, eu pensei: “Estes caras estão com medo também. Agora, com muita fé, eu me sentia protegido por São Francisco. Eu sempre foi protegido por São Francisco. Eu passei várias ocasiões deste tipo. Quer ver, você fale com o major Joel Ribeiro, que era o chefão do setor de imprensa da Guarnição Federal em Teresina, e testemunhou algumas destas paradas.
Com Albert Piauhy, que pegou furo meu nesta entrevista.

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