Elvira, esposa do governador Antonino Freire
filha do governador Eurípides de Aguiar
prima afim do governador Miguel Rosa
(*) Deoclécio Dantas
Na Rua 7 de setembro, ao lado do grande prédio dos Correios e Telégrafos, reside uma senhora simpática, de 95 anos de idade, mas dotada de lucidez impressionante, coisa rara nas pessoas que, nascidas no século passado, ainda pertencem ao nosso mundo. Ela é filha do desembargador Helvídio Clementino de Aguiar (1848-1936), primeiro presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Trata-se da senhora Elvira Aguiar Freire, viúva de ex-governador, cujo nome foi dado a um dos mais tradicionais estabelecimentos de ensino desta capital – a conhecida Escola Normal Antonino Freire (1876-1934).
- Não gosto de política e tive como marido um homem que, sendo político, não costumava tocar neste assunto na minha presença, diz dona Elvira, lembrando que ficou estupefata quando soube que ele, depois de exercer o cargo de governador e mandato de deputado federal, seria candidato ao Senado. Eu só fui informada dessa inclinação do Antonino, quando a notícia já era do conhecimento da cidade.
Mas nem por ser indiferente aos assuntos de natureza política, dona Elvira ficou livre dos políticos de sua época. Lembra ela que muitos governadores do Piauí e políticos outros de grande prestígio visitavam a casa de seu pai.
Certa feita, numa visita do governador João Luis Ferreira (1881-1927), à sua residência, ela ouviu de S. Exa. um pedido: “Esse prédio aí – referia-se ao Karnak – é muito bom para uma escola, Elvira, e eu gostaria que você perguntasse ao Barão se ele tem interesse em vendê-lo”.
Pouco depois – lembra dona Elvira Freire – o próprio Barão, montado em seu bonito cavalo, tomava a direção da sede do governo, então funcionando no casarão hoje ocupado pelo Tribunal de Justiça, para dar sua resposta ao governador João Luis Ferreira: “Vendo o prédio por 100 contos, senhor governador”.
Observação: o texto foi publicado em 1973, quando da inauguração da ampla reforma realizada no palácio de Karnak pelo então governador Alberto Silva.
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