O des. Pedro Conde foi um exemplo de homem justo e sábio. E, também, muito generoso com a família. Foi um dos fundadores da Federação Espírita do Piauí, para quem fez a doação da casa que lhe serve de sede na esquina das Ruas Olavo Bilac com Sete de Setembro. Além da casa fez doação, ainda, de todo o seu acervo bibliográfico.
Morador da Avenida Antonino Freire, em frente ao Palácio de Karnak, gostava de plantar árvores frutíferas e era comum vê-lo com inúmeras cestas de frutas para ofertá-las a quem passasse pela calçada.
Filho de Hermínio e de Zulina de Moraes Brito Conde, Pedro Conde nasceu em Piracuruca, em 22 de novembro de 1906. Muito cedo veio para Teresina, em companhia de seu avô Pedro Melchíades de Britto, em razão de ter ficado órfão de pai ainda pequeno.
Estudou nos Colégios Benjamin Constant e Liceu Piauiense. Graduou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito.
Defendeu a tese Capacidade Comercial da Mulher aos 18 anos, publicada, em Teresina, em 1956. Escreveu, ainda, O sentido da Educação (1950); A evolução do Direito Comercial e sua aplicação à vida moderna (1952), Noções de História da Educação; Ementário da Jurisprudência do Tribunal de Apelação do Estado do Piauí (1931 - 1938); Resumo das lições de prática jurídica comercial (1931), Prártica jurídico-comercial e Direito Comercial Terrestre (1956).
Exerceu os cargos de promotor público, procurador da Secretaria da Fazenda do Piauí, juiz de Direito em Amarante, Parnaíba e Teresina.
Quando juiz de Direito em Parnaíba, encontrou grande quantidade de processos, em sua maioria tratando de sedução - rapazes de famílias abastadas que “mexiam” com moças de famílias humildes. Fez, na época, todos os casamentos relativos aos processos.
Professor catedrático de História da Educação e Direito Civil. Na Faculdade de Direito do Piauí, destinava 10 por cento de seu salário para comprar livros para o acervo da biblioteca da instituição. Tarefa que ficava a cargo do senhor Freitas, secretário da FADI.
O des. Pedro Conde teve brilhante atuação na imprensa teresinense. Notável é o seu trabalho de análise da arte dramática e cinematográfica, publicada no jornal Correio do Brasil. Foi um dos fundadores, em 1933, da Associação Piauiense de Imprensa, que gerou a Associação dos Jornalistas Profissionais e o Sindicato dos Jornalistas do Piauí.
Vítima de injunções políticas da época, por vezes foi preterido ao cargo de desembargador. Mas, vencendo todas as manobras com cabeça erguida, foi nomeado no dia 15 de julho de 1955. Em seu discurso, disse que chegava ali sem dever favor a ninguém.
Naquele tempo, desembargador ganhava pouco e o salário ainda atrasava muito, mas ele não descuidava dos estudos dos filhos. Eu cansei de vê-lo encostado na coluna do casarão preocupado porque o seu salário estava atrasado e não havia ainda pago o colégio de minha afilhada Heleninha, no Sacré Coeur, no Alto da Boa Vista, no Rio.
Papai, então, ao fazer o pagamento da mensalidade de Lyline, minha irmã, que ali também estudava, pagava a de Heleninha. Depois, ele era ressarcido pelo des. Pedro Conde.
A Heleninha sempre levava Lyline quando ia para a casa de Hermínio Conde, que morava num apartamento muito bom, grande, de quatro quartos, mas era alugado. Quando o Hermínio adoeceu, o Dr. Aurélio Brito, irmão de dona Carlotinha, passou a bancar tudo.
O Dr. Aurélio Brito tinha um apartamento onde era o Cinema Roque, em Copacabana. Nunca se casou. Foi procurador da Prefeitura do Rio de Janeiro. Trabalhou no escritório jurídico de Dr. Nelson Carneiro, que ficou conhecido pelo embate em torno da Lei do Divórcio.
Com o falecimento de Dr. Anísio Brito, em 17 de abril de 1947, dona Carlotinha contratou o Dr. Nelson Carneiro para fazer o inventário. O Casal não teve filhos. O prefeito Heráclito Fortes foi quem comprou a casa de dona Carlotinha, ali na esquina da Praça João Luís Ferreira. Por muito tempo funcionou a Fundação Cultural Mons. Chaves. É uma residência com elementos arquitetônicos ecléticos, do final do século XX. No momento, completamente abandonada.
O Dr. Aurélio Brito, além de dona Carlotinha, era irmão, ainda, de dona Azulina, distinta senhora.
O des. Pedro Conde, na tarde de 5 de julho de 1968, após sair do cinema e chegar até a sua residência, foi acometido por um colapso cardíaco e, na linguagem espírita, desencarnou.
Do livro Genu Moraes - a Mulher e o Tempo
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