Dos chefes políticos que papai recebia, um deles me fascinava mais do que os outros: o coronel Ângelo Acilino de Miranda, que foi prefeito de São Raimundo Nonato, deputado estadual (1920 a 1930) e arrendatário das Fazendas Nacionais (1922), morando em Oeiras. Era irmão de José Porfírio de Miranda Júnior, senador pelo Pará, onde há um município com o seu nome, situado na zona do Xingu! Ambos irmãos de Emiliana de Miranda, primeira professora de São Raimundo Nonato, falecida aos 101 anos! Era tio bisavô da historiadora Claudete de Miranda Dias.
Ele chegava manso ao casarão, se sentava na cadeira de vime, que ficava na sala de visita, e sacudia a mão, com um anel de brilhante enorme no dedo. Eu achava aquilo uma beleza e ficava ali sem querer sair de perto dele. Ele era muito rico. Andava com malas de dinheiro transportadas em cavalos e teve o primeiro carro de São Raimundo Nonato.
Teve um dia que o casarão todo estava num entra e sai danado, porque eu ia sair de anjo e minha mãe estava no quarto enrolando meu cabelo - sempre foi liso, e ela não se conformava de anjo sair na procissão sem ser com cabelo crespo - tinha que ser igual aos anjinhos de Botticelli - então entrou o coronel Ângelo Acilino de Miranda e eu pedi para irmos para a sala para vê-lo. Era mamãe enrolando o meu cabelo e eu olhando, com os olhos vibrando, para a mão dele. Diziam que ele, às portas da morte, engoliu o anel de brilhante.
Ele chegava manso ao casarão, se sentava na cadeira de vime, que ficava na sala de visita, e sacudia a mão, com um anel de brilhante enorme no dedo. Eu achava aquilo uma beleza e ficava ali sem querer sair de perto dele. Ele era muito rico. Andava com malas de dinheiro transportadas em cavalos e teve o primeiro carro de São Raimundo Nonato.
Teve um dia que o casarão todo estava num entra e sai danado, porque eu ia sair de anjo e minha mãe estava no quarto enrolando meu cabelo - sempre foi liso, e ela não se conformava de anjo sair na procissão sem ser com cabelo crespo - tinha que ser igual aos anjinhos de Botticelli - então entrou o coronel Ângelo Acilino de Miranda e eu pedi para irmos para a sala para vê-lo. Era mamãe enrolando o meu cabelo e eu olhando, com os olhos vibrando, para a mão dele. Diziam que ele, às portas da morte, engoliu o anel de brilhante.
Do livro Genu Moraes - a Mulher e o Tempo.
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