sábado, 20 de outubro de 2012

José Cândido Ferraz

José Cândido Ferraz: Filho do comerciante Antônio Leôncio Burlamaqui Ferraz (nascido em Oeiras, a 21 de junho de 1875 e falecido em Teresina, a 23 de fevereiro de 1933) e de Elmira Nogueira Ferraz (nascida em Valença, a 21 de julho de 1884 e falecida em Teresina, a 2 de abril de 1948), José Cândido Ferraz nasceu em Teresina, a 21 de outubro 1915.

Era afilhado de Dom Severino Vieira de Melo (Vitória, PE, 1880 - Teresina, 1955), primeiro Arcebispo do Piauí (terceiro bispo do Estado), eleito a 8 de junho de 1923. A casa onde José Cândido Ferraz nasceu, na Avenida Frei Serafim, próxima à Igreja de São Benedito, é atualmente o Palácio do Bispo. Dona Elmira Ferraz fez a doação de uma parte da residência e o bispado comprou o restante. Deve ser sempre residência do bispo, esse foi um dos termos da doação.

Na residência dos Ferraz, foram hóspedes o brigadeiro Eduardo Gomes, Lino Machado, da UDN do Maranhão, e o governador da Bahia, coronel Juracy Magalhães, na campanha presidencial de 2 de dezembro de 1945, vencidas pelo general Eurico Gaspar Dutra (1946 a 1951), candidato do PSD, apoiado pelo PTB, com 3.251.507 votos. Derrotou, além do brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, Yedo Fiúza, do PCB, e Rolim Teles, do Partido Agrário.

José Cândido Ferraz formou-se em Medicina pela Faculdade da Bahia (1939). Especializou-se em tisiologia e radiologia.

Durante o Estado Novo, foi chefe do Serviço de Clínica Tisiológica do Hospital Getúlio Vargas. Por algum tempo, manteve sociedade com o Dr. Raimundo Mendes, numa clínica de radiologia. Foi secretário da Associação Piauiense de Medicina (1941).

No contexto da redemocratização, tornou-se membro da Comissão de Estudos da Saúde Pública da UDN e assessor político do brigadeiro Eduardo Gomes, candidato udenista à presidência da República (1945). 

Em 1943, acusado de ser mandante dos incêndios de Teresina, foi, por ordem do Juiz de Direito Dr. Pedro Conde, preso acusado de ser um dos autores dos incêndios de Teresina. Com ele foram presos também o comerciante Albino Alencar e mais de uma dezena de trabalhadores. Era o tempo da ditadura Vargas. Governo, no Piauí, de Leônidas de Castro Mello. No comando das Polícias Militar e Civil o major do Exército Evilásio Gonçalves Vilanova. Em maio daquele ano, graças às brilhantes defesas do advogado e jornalista Victor do Espírito Santo (do Rio de Janeiro) e das firmes exposições de juristas como Clodomir Cardoso e Rita Soares de Andrade, o Tribunal absolveu o Dr. José Cândido Ferraz e desqualificou o crime para demais indiciados que, em junho, seriam absolvidos pelo Tribunal de Justiça do Piauí. Prevaleceram no julgamento os depoimentos do comandante da Guarnição Federal de Teresina, major Adolvado Figueiredo de Sousa, e do bispo da capital dom Severino Vieira de Melo.

Deputado federal em 4 (quatro) legislaturas (1946 a 1963). Concentrou sua atuação na abordagem de questões referentes à política regional do Piauí, centrando-se basicamente na feitura de veementes críticas às indébitas e capciosas (VII, 279) intervenções efetuadas pelo General Eurico Gaspar Dutra na política piauiense, acusando o presidente da República e ex-ministro da Guerra estado-novista de querer implantar uma “genrocracia” no Piauí ao nomear vários de seus genros e parentes para postos-chave no Estado. Assim, participou de vários debates travados em plenário sobre política piauiense, tendo proferido discursos sobre as violências policiais no Piauí (IV, 202; IV, 271-279; XIX, 49-52), nos quais efetuou diversas denúncias de arbitrariedades ocorridas nesta unidade da Federação, e lavrou “(...) veemente protesto contra o reinício dos tiroteios e vinganças policiais contra correligionários da UDN no Piauí” (VII, 271); responsabilizando os interventores pessedistas Leônidas de Castro Mello e José Vitorino Correia por esses acontecimentos, criticou ainda veementemente o papel desempenhado por Dutra na nomeação dessas autoridades. Além disso, manifestou-se contra a presença do embaixador salazarista português no Brasil, a vigência da Carta de 1937 durante os trabalhos constituintes, e a favor do sistema de governo parlamentarista, da autonomia do Distrito Federal, tendo ainda declarado voto favorável à “Moção Otávio Mangabeira” louvando as Forças Armadas pela deposição de Vargas a 29 de outubro de 1945. Não apresentou emendas ao Projeto de Constituição, tendo, no entanto, sido signatário de várias delas enviadas por seus companheiros de bancada. Senador da República (1963 a 1970).

Tirando Félix Pacheco e o marechal Firmino Pires Ferreira, ninguém teve mais prestígio político, durante tanto tempo, quanto o Dr. José Cândido Ferraz. Amigo do brigadeiro Eduardo Gomes e do marechal Dutra, de Carlos Larceda e de Getúlio Vargas, do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, dentre outros figurões da República, recebia cargos federais como nenhum outro. Colocou literalmente os políticos do Piauí a seus pés. Foi o Dr. José Cândido Ferraz quem, com as amizades nos altos escalões da República, conseguiu os recursos necessários para que o governador Tibério Nunes (UDN) pagasse o funcionalismo público, garantindo, assim, a vitória de Petrônio Portella (UDN) ao governo do Piauí, na sucessão de Chagas Rodrigues (PTB), derrotando Constantino Pereira (PTB), do PSD dissidente, que era apoiado pelo político parnaibano, nas eleições de 7 de outubro de 1962. Este, inclusive, perde as eleições para o Senado, ganhando, entretanto, para a Câmara dos Deputados, como a legislação eleitoral da época permitia.

Eleito senador em 1962, filiando-se a Arena após o advento do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964. Postulante à releição em 1970, o Dr. José Cândido Ferraz foi derrotado na convenção partidária que indicou Fausto Gaioso e Helvídio Nunes candidatos ao Senado Federal. O que inviabilizou a sua reeleição foi o fato de ter sido protagonista do famoso protesto encabeçado por Daniel Krieger contra o Ato Institucional n. 5.

Quando faleceu (em Cleveland, Estados Unidos, a 23 de junho de 1975), pouco mais de vinte amigos compareceram ao seu velório e enterro. Não tinha mais nomeações a fazer.


Um comentário:

Anônimo disse...

Quando um estuda radiologia no rio de janeiro tem que saber a biografia desta personagem porque foi muito importante nesse campo de investigação.