sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ferrer Freitas completa setenta anos!

Ferrer Freitas ao lado de M. Paulo Nunes e a esposa Clara.

Joca Oeiras

“Pedro Ferrer, tranquilo, modesto, simples, diplomata, dedicado ao serviço administrativo e cultural de sua terra e do Piauí, desprovido dos tolos e nocivos preconceitos regionais. Inteligente, redige com elegância e, se quisesse, poderia ser um cronista dos mais sensíveis da vida politica e sentimental de Oeiras, que lhe deve muito, sobretudo porque ele consagra um grande amor à cidade, um amor filial de muito xodó. Tenho em Pedro Ferrer um bom amigo...”A Tito Filho 

“Caro Divino Côco, concordo com o que você falou. Porém (e sempre tem um porém, como diria Plínio Marcos), não acho que o texto de Ferrer seja "comentário", mas uma crônica. Há muito, Ferrer vem se dedicando a esse incompreendido gênero literário. Sua matéria-prima sempre foi Oeiras, de onde retira tipos humanos, casas antigas, clérigos, serenatas, solos distantes de memórias boêmias... Embora essa crônica do Ferrer, como muitas outras, fale, na visão do cronista, de “um tempo feliz que passou”, talvez um dos seus maiores méritos seja nos revelar certa memória social e afetiva. O cronista e a pessoa humana do Ferrer têm verdadeira adoração por homens e mulheres simples e inesquecíveis que viveram ou ainda vivem em Oeiras. Por isso salva os que pode da devoração de Cronos. E salva a nós mesmos pela oportunidade de receber o afeto que essas crônicas encerram.”  Rogério Newton

Diante de referências (e reverências) tão elogiosas quanto insignes são seus autores, sinto dificuldade em dizer algo que acrescente sobre o ilustre oeirense que vai, no próximo dia 18 de outubro, completar 70 anos de vida. Adianto que me honra muito a incumbência de escrever sobre esta data. Como cronista, Ferrer tem-se especializado em efemérides, de uma maneira geral e em particular de aniversários de oeirenses que comemoram décadas e a relembrar datas marcantes de pessoas já falecidas. Só de cabeça me lembro de algumas, antológicas, publicadas tanto no “Portal do Sertão” como no “Mural da Vila”: “Outros oeirenses centenários” (2007), “Setentões do Ano”(2008), “Um ser de excelsas virtudes” (2008), “Nem nove nem novecentos”(2011). Agora chegou a vez dele!

Não privo de sua intimidade, mas há mais de duas ou três coisas que sei dele. A primeira não é novidade nenhuma, o seu amor por Oeiras; a segunda é seu apego à família em que se destaca o carinho incomensurável pela sua filha Juju, aliás, Dra Juliana, médica. Tempos atrás ficou bravo comigo porque o qualifiquei de “vascaino doente”, mas agora ele mesmo confessou-se “um vascaíno "doente", neste caso por influência do meu tio [Antônio] Fernando” em recente artigo, postado no “Mural da Vila”, sobre 90º aniversário de Miguel Reis. Em sua juventude passou anos trabalhando e estudando na “Cidade Maravilhosa” e, salvo engano, esta estadia foi decisiva na sua formação intelectual e humana. Além de Oeiras, adora o Rio de Janeiro, onde viveu tempos felizes. Escreveu, no “Portal do Sertão”, uma memorável crônica sobre a bossa-nova em Oeiras.

Não existe ou não vale a pena quem não simpatize com o Ferrer. Aliás, não sei se entendi bem, Ferrer se “queixa” de que o famoso escritor oeirense O. G. Rego de Carvalho não vai muito com a sua cara, mas eu tenho certeza que não é nada disso: O. G. está velho e é – sempre foi – esquisito! Age assim mesmo com muitas outras pessoas. Velhice não é doença, é um estado de alma.

Se há uma coisa que aprendi com Ferrer, foi o significado da palavra telurismo. Aliás, nunca tinha ouvido falar dela. Aprendi com ele não apenas o que ela significa, mas o seu real e particular significado para os oeirenses. Em uma crônica que escreveu sobre mim (a meu pedido, esclareço!), logo que nos conhecemos, ele dizia:

“O amor telúrico do oeirense causa admiração a muita gente. Não se conhece neste Piauí outro humano que ame mais a terra natal do que o nascido na velha urbe de Possidônio Queiroz. Se dois ou três conterrâneos se reúnem, a prosa é quase sempre sobre a cidade, seus tipos curiosos, histórias fantásticas, loucos famosos, poetas excelsos e coisas outras que só ocorrem por lá”. 

A crônica, escrita em 2003, denominava-se O Homem do Cabelo Azul na qual manifestava, entre outras coisas, grande satisfação pelo meu entusiasmo por Oeiras.

Mentiria se dissesse que, de lá para cá, nossas relações pessoais foram sempre amenas, que não houve atritos entre nós, mas também faltaria com a verdade se dissesse que não o admiro e respeito como homem de espírito, cidadão de bons princípios e cronista de estirpe, muito embora sejam gritantes as diferenças de nossas personalidades. Aceitemos as diferenças. A propósito, se olharmos direito, veremos o quanto são irrisórias as picuinhas que tentam nos afastar. Mas a amizade é maior, muito maior do que essas caturrices.

Em tempo: dirigindo-me diretamente ao aniversariante, além dos parabéns de praxe, quero dizer: – Ferrer: fique certo de que você é tão importante para mim quanto eu sou importante para você! Creio que isto descreve a nossa enorme empatia. Dizem que pólos opostos se atraem... Que nem Bill, nem Bené, saibam disso!

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