quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Andocides Borges de Lemos

Andocides Borges de Lemos (ùltimo à direita), em frente à Maternidade Maria do Carmo, com o governador Chagas Rodrigues.

Andocides Borges de Lemos nasceu em Teresina (PI), no dia 26 de outubro de 1924. Era filho de Antônio Lemos (o Semana) e Júlia Cavalcanti Borges de Lemos. Saiu da casa dos pais ainda muito cedo e também cedo (aos 23 anos) casou-se com minha mãe (Maria Belkiss Freitas de Lemos). Morou em Floriano onde, com apenas o ensino fundamental, tornou-se jornalista profissional autodidata, numa época em que não havia sequer faculdade de jornalismo no Brasil. Lá, nos anos 1950, teve dois jornais ("Gazeta do Sul" - um jornal polêmico e com forte teor político contra Tibério Nunes - e o "Cidade Floriano"). Leitor compulsivo, devorava dos clássicos da literatura brasileira (Jorge Amado, José de Alencar, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Lima Barreto, Castro Alves, entre outros) aos universais (Platão, Sófocles, Aristóteles, Ovídio, Virgílio e Homero, Maquiavel, Shakespeare, Dante, Cervantes, Goethe, Vitor Hugo, Proust, Voltaire, Kafka, Camões, Hemingway, entre outros, especialmente os russos Dostoiévski, Gorki, Tolstoi e Gogol). A leitura deu-lhe uma ampla formação humanista e uma visão bastante crítica da realidade, o que o levou a um jornalismo progressista e de oposição numa época em que ser contra o governo era bastante perigoso. De Floriano, foi morar em Teresina, onde abriu "A Luta", um jornal oposicionista e do qual saíram apenas seis números. Trabalhou também na Rádio Clube de Teresina, na Rádio Pioneira e no jornal "O Estado", do PSD, onde militavam nomes como Armandino Nunes, Cláudio Pacheco Brasil, Lino Correia Lino, Camilo Filho e Fabrício de Arêa Leão. Embora nunca tenha se filiado ao Partido Comunista, simpatizava com as ideias de esquerda. Por conta disso e de sua independência política, por volta de 1962/63, esteve preso alguns meses no 25º BC, a mando do então Governador Petrônio Portella. No mesmo ano, saiu "exilado" de Teresina para João Pessoa, com minha mãe e 8 filhos. Em João Pessoa trabalhou na Rádio Tabajara, como diretor de radiojornalismo. De João Pessoa, foi para o Rio de Janeiro em 1965, onde trabalhou nos jornais Ultima Hora, O Dia e A Notícia, na Rádio Nacional, na Rádio MEC e no INCRA. Nos anos 70, foi para Brasília trabalhar como diretor da sucursal do jornal O Dia. De volta ao Rio, já bastante doente por conta do alcoolismo que o corroeu ao longo da vida, morreu de cirrose hepática e diabetes, em 15 de dezembro de 1975. (Nivaldo Lemos - filho de Andocides Lemos).

3 comentários:

Nivaldo Lemos disse...

Kenard,
obrigado pela reprodução do texto sobre meu pai. Buscarei junto à família mais informações e fotos sobre meu pai e o Piauí de meados do século passado. Parabéns pelo excelente blog. Abraços.

Kenard Kruel disse...

caríssimo nivaldo lemos, tive que colocar urgente seu nome na nota dados biográficos sobre seu pai andocides lemos, caso contrário, joca oeiras, que vive de lupa na mão buscando o que fazer em oeiras, faria comigo pior do que fez com a coca cola. aliás, ele não sabe que quem primeiro brigou com a coca cola e ganhou fui eu. anos atrás, antes do joca oeiras ser joca oeiras, eu escrevi dois poemas contra a coca cola e ela, puff, bateu as bielas. vejamos:

sugo teu seio
alimento natural
doce vício agridoce
sabor coca cola

*****

coca cola
dá mais vida

coca cola
engravida

*****

fico feliz por tê-lo conhecido e mais ainda saber do andocides, do briquet e dos lemos em geral. gente do bem.

não se deixe de mim. com fé, esperança e amor, beijos kenardianos.

Bismarck Mendes disse...

É engraçado como que uma pessoa que não cheguei a conhecer - iniciei a amizade com o Lemos em 77 - está tão presente em minha memória. Acho que foi de tanto ouvir histórias apaixonadas e apaixonantes sobre ele.
Lembro, por exemplo, de uma tal gerador ( Scoda ? )que um prefeito comprou como novo e ele desvendou a fraude e precisou deixar a cidade, logo em seguida. também acho que uma poesia sua chamada Severino, que tinha nove filhos ( "Severino era gente?") tem algo a ver com ele. Com certeza, teria sido legal tê-lo conhecido.
Mas, de qualquer forma, acabei convivendo por longos e bons anos com vocês e, com certeza, o conheci meio que "por tabela".
Um abração amigo. Vocês foram muito importantes para minha formação.