terça-feira, 6 de setembro de 2011

João Maria Marques Basto

Dr. João Maria Marques Basto

João Maria Marques Basto (Joca Basto), filho de Paulino José Coelho Basto e Josefa Rita Marques Basto, nasceu em Parnaíba, a 8 de novembro de 1859. Iniciou o aprendizado das primeiras letras em Parnaíba. Seguiu, depois, para Salvador, onde formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia, no dia 23 de dezembro de 1885, aos 26 anos de idade. Na Faculdade foi o mais brilhante acadêmico, merecendo o respeito e admiração dos seus mestres e colegas.

Logo após o ato de formatura, em uma das igrejas de Salvador, João Maria Marques Basto casou-se com Adélia Câmara Basto, nascida a 10 de junho de 1864, de importante família portuguesa radicada na Bahia, filha do português Silvestre Carvalho Câmara e Josefina da Silva Câmara. Após o ato religioso, o casal viajou para Parnaíba. Dona Adélia nunca mais voltou à Bahia. Dez anos depois recebeu a visita de uma tia, aproveitando para matar a saudades de seus familiares.

Do casamento de João Maria Marques Basto com Adélia Câmara Basto, nasceram os filhos: Aldira Basto Santos (casada com o dr. Samuel Antônio Santos, engenheiro civil, ex-prefeito da Parnaíba e ex-diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil); Alita Basto Ribeiro (casada com o comerciante Gentil Ribeiro, filho do português coronel Antônio Martins Ribeiro que foi uns dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba, sócio fundador da firma Ribeiro, Moraes & Santos - atual Moraes S. A. Ind. e Com. - e membro da loja maçônica União Parnaibana - atual Fraternidade Parnaibana); Almira Basto Correia (casada com José de Moraes Correia - Zeca Correia, industrial: presidente da Associação Comercial de Parnaíba - ACP, fundador e 1º presidente da Federação das Indústrias do Estado do Piauí - FIEPI, presidente do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Piauí, Diretor Regional do SESI, presidente do Conselho Regional do SENAI, membro do Conselho de Representantes da Confederação Nacional da Indústria, tendo sido ainda sócio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Parnaí-ba); Lila Basto Marques (casada com o comerciante Celso da Cunha Marques, um dos fundadores da União Caixeiral, Cia. de Luz e Força de Parnaíba, tesoureiro da Associação Comercial de Parnaíba, primeiro a fundar fábrica de gêlo e o pioneiro em várias obras públicas); Maria Basto Pires (que se casou com o dr. Genésio Pires Rebelo, farmacêutico, com relevantes serviços a Parnaiba).

O dr. Marques Basto foi o primeiro médico formado da Parnaíba. Mas, quando ali chegou, já exercia a medicina, de forma precária, o senhor Joaquim Eduardo da Costa Sampaio, o dr. Sampaio, como assim ficou conhecido.

Dr. Marques Basto possuía porte atlético, estatura alta, fisionomia serena, usava bigode, gostava de um fraque de colarinho branco completado com uma gravata borboleta, usava chapéu coco e anel no dedo indicador. Gostava dos melhores perfumes e possuía um forte carisma. A todos impressionava com a sua presença, inteligência, higiene, dedicação aos pacientes. Bastava sua presença para que o doente sentisse melhora. Soube impor-se ao respeito no exercício da medicina e ao acatamento dos que o conheceram.

Iniciou a higienização de Parnaíba, criou postos de saúde, foi uns dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba (fundada a 16 de abril de 1886) assumindo sua direção em 1902. Exerceu com dignidade os seguintes cargos: médico da municipalidade, delegado estadual de Saúde Pública, inspetor de saúde da Capitania dos Portos, médico sanitarista. Como médico da Capitania dos Portos ia para Amarração (atual Luiz Correia) em escaler remado por marinheiros, a fim de fazer inspeção médica nos navios que lá ancoravam. Sobre uma dessas visitas, Humberto de Campos, ao relatar sua chegada a Parnaíba em 1902, escreveu: “Cerca de duas horas depois de visitado pelo dr. Joca Basto, médico da saúde de Porto, vindo de Parnaíba, com seu fraque e o seu chapéu coco, em um escaler impelido por quatro vogas, passava-me eu, com o meu caixote e a minha mala, para uma pequena canoa a remos” (Memórias Inacabadas – Humberto de Campos - Cap. XIV). Prestou serviços a empresas particulares, com a Companhia de Seguros de Vida da empresa Vera Cruz. Exerceu o magistério levando a luz do saber ao povo, plasmando personalidade, educando gerações..

A primeira residência do dr. Marques Basto foi na Rua Grande onde foi construído o Pálace Hotel. A sua segunda residência foi posteriormente construída na mesma Rua Grande (atual Presidente Vargas) n.º 799, que depois foi residência do seu neto Waldinar Basto Marques, e que atualmente pertence a Pró-Médica. A sala onde a dra. Tereza Maria de Senna Pereira Ibiapina atende os pacientes era a sala de espera dos clientes do dr. Marques Basto, cuja porta de en-trada dava para a Rua Grande; a sala anexa era a que ele atendia os clientes; a área entre esta última e a sala administrativa era a enfermaria e laboratório, onde ele preparava os remédios; a atual sala de espera era sua sala de estar; o local onde a atendente recepciona os clientes da Dra. Tereza era o terraço da casa e o primeiro compartimento de leitos (do lado direito do corredor) que serviu de consultório cardiológico, era o dormitório do dr. Marques Basto. As árvores frutíferas que existiam (centenárias) foram por ele plantadas.

Iniciada em 1937, foi somente em 1940 concluída e inaugurada a maternidade construída pelo dr. Mirocles Campos Veras. Em homenagem ao seu grande amigo foi dado o nome de Maternidade Dr. Marques Basto. O ato inaugural contou com a presença do Interventor federal no Piauí Leônidas Mello e outras personalidades de destaque da administração estadual. Como orador oficial discursou o ilustre professor e historiador Benedito Jonas de Moraes Correia, que era também amigo do homenageado e da família.

No dia 13 de outubro de 1940 faleceu a esposa Adélia Câmara Basto, com 76 anos de idade, deixando profunda saudade ao dr. Marques Basto e familiares.

Uma triste notícia, com a velocidade do raio, correu a cidade no dia 13 de outubro de 1944: faleceu o maior médico da Parnaíba, uns dos maiores homens do Estado do Piauí, dr. João Maria Marques Basto. A Rádio Educadora encarregou-se de transmitir a notícia. A cidade parou, o comércio e os colégios fecharam as portas imediatamente. A tristeza foi geral. Recolheu-se à Casa do Pai, o esposo, o pai, o professor, o médico amigo e batalhador, deixando a todos um exemplo de vida. Faleceu em plena comemoração do centenário de Parnaíba, cancelando-se as festividades.

O ofício fúnebre foi celebrado pelo Monsenhor Roberto Lopes que não podia deixar de encomendar o corpo do seu grande amigo. O sepultamento aconteceu às 7 horas do dia seguinte. Compareceram ao sepultamento as autoridades, associações de classes, comerciantes, comerciários, estudantes, pessoas gratas, gente vinda do interior para se despedir daquele que muito os ajudou. À beira do túmulo, no Cemitério da Igualdade, discursaram o seu estimado amigo dr. Mirócles Campos Veras e Alarico da Cunha.

Dr. João Maria Marques Basto é patrono da cadeira n.º 34 da Academia Parnaibana de Letras (APAL). Em sua homenagem o seu nome foi dado a uma rua de Parnaíba, que vai da Praça Santo Antonio à Rua Dom Pedro II, no centro.

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Texto escrito (com algumas alterações do autor) por Renato Neves Marques. Teresina (PI), 4 de novembro de 2009. Dia de São Carlos Borromeu, Bispo; Beata Francisca de Amboise, Religiosa. “Venite, exultemos Dómino, iubilémus Deo salutári nostro; praeocupémus fáciem eius in confessióne, et in psálmis iubilémus ei”.

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