sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As capitais do Piauí


Pedro II, no olhar de Thiago Amaral.

Flávio Meireles

O Piauí é um lugar muito peculiar. O seu povo é hospitaleiro e receptivo. O seu clima é tão quente quanto calorosos são os piauienses. Oitavo maior estado do Brasil em extensão territorial, o Piauí chama atenção pela quantidade de “capitais” que tem. De Norte a Sul, várias cidades se destacam por esse ou por aquele motivo.

Nessa viagem pelas “capitais” do Piauí, começaremos pela região Norte, em Pedro II, município de 37 mil habitantes localizada a cerca de 190 quilômetros da capital Teresina. Cidade turística e história, a Terra da Opala consegue a proeza de congregar belezas naturais, artesanato de qualidade, riqueza mineral e um clima agradabilíssimo não encontrado em nenhum outro lugar do estado.

A principal marca de Pedro II reside na extração de pedras semipreciosas, com destaque especial para as minas de opalas. Consideradas das mais belas pedras encontradas no solo brasileiro, as opalas tomam a forma de colares, brincos, pingentes, pulseiras e emprestam uma dose extra de beleza a homens e mulheres, meninos e meninas. O artesanato também encanta, especialmente o feito à base de fio de algodão, que rende tapetes e redes das mais lindas.

No que diz respeito às belezas naturais, impossível não citar o Morro do Gritador e o seu cânion de 280 metros, 730 metros acima do nível do mar, e a Cachoeira do Salto Liso e suas águas geladas – que fazem bater os dentes! – e seu véu de água de quase 30 metros.

Pedro II, a Terra da Opala, também se vangloria de sediar um dos mais importantes festivais realizados no território piauiense. O Festival de Inverno de Pedro II, realizado invariavelmente no mês de junho, recebe turistas de todo o país, que se deliciam com música e apresentações culturais de boa qualidade e com uma cidade que, além de linda, é acolhedora.

A segunda parada, um pouco mais perto de Teresina é Altos, a Capital da Manga, uma cidade de quase 40 mil habitantes localizada 40 quilômetros ao Norte da capital. Embora tenha sido fundada oficialmente apenas em 1922, a história do município remonta a 1800, com a chegada da cearense Família Paiva à região.

Cidade pequena, oitava maior economia do estado, mas exaltada pelos seus moradores mais antigos, como o poeta popular Manoel Gonçalves da Costa, o Mané Tomé:

Altos é capital da manga,
Terra de cabra feroz.
O altoense tem na veia
Puro sangue de herói.
Altos, minha terra bendita,
Berço de mulher bonita
Uma herança de nossos avós.
Nesse mundo ninguém tem
Tanta manga quanto nós.

Um pouco mais abaixo, na região Centro/Norte do estado, Castelo do Piauí, cidade localizada a 190 quilômetros de Teresina, é um lugar com tantas atrações que é até complicado destacar uma só. Mas a verdade é que o município tem o epíteto informal de Capital da Cachaça do estado.

Não por acaso, a cidade de pouco mais de 18 mil habitantes sedia, anualmente, o Cachaça Fest, evento que reúne agronegócio, turismo, artesanato e cultura.

Mas não é somente a cachaça de excelente qualidade que desperta a atenção de quem visita a cidade. Os atrativos naturais locais são belíssimos, com destaque para a Pedra do Castelo, monumento formado por vários blocos de arenito, que se encaixam e formam a silhueta de um castelo medieval com 18 metros de altura e 13 compartimentos.

A cidade também pode se vangloriar dos cânions dos rios São Miguel e Poty, do Castelo das Barrocas e da Cachoeira das Arraias.

Descendo rumo à região Sul do estado, encontramos Santa Cruz dos Milagres, a Capital da Fé do Piauí, um local que vive e respira religiosidade durante 365 dias por ano. Santuário de três grandes festas religiosas – em maio (a Invenção), setembro (festa de exaltação da Santa Cruz) e outubro (Procissão dos Santos) –, a cidade localizada 180 quilômetros ao Sul da capital Teresina, recebe mais de 20 mil romeiros anualmente.

Em Santa Cruz dos Milagres, homens e mulheres sobem os mais de 100 degraus da Igreja na esperança de que um milagre mude suas vidas ou pelo simples desejo de agradecerem as graças alcançadas.

Na Capital da Fé do Piauí, há também quem acredite que a água que brota da fonte localizada no Centro da cidade é milagrosa. A crença é tão forte que romeiros lavam os rostos e as feridas do corpo em busca da cura.

Mais ao Sul, a cerca de 490 quilômetros de Teresina, quem assume ares de protagonismo é São João, que revela uma das muitas faces surpreendentes do estado: em pleno sertão piauiense, parreirais proporcionam a produção de mais de 120 toneladas de uvas por safra. Não à toa, São João é a Capital da Uva no Piauí.

O oásis no sertão piauiense atende pelo nome de Assentamento Marrecas, de pouco mais de 10 mil hectares, localizado na zona rural da cidade. Lá, a uva produzida é mais doce e saborosa, graças às 2.400 horas de sol a mais que o semiárido piauiense oferece em relação às regiões do Sul do Brasil.

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