domingo, 24 de abril de 2011

Interventor Leôncio Pereira Ferraz


Interventor Leôncio Pereira Ferraz - No Piauí, foi nomeado o coronel Antônio Leôncio Pereira Ferraz, militar de muitas afinidades com os udenistas locais e primo de José Cândido Ferraz, que era amigo do brigadeiro Eduardo Gomes, e, principalmente, do general Dutra, que foi quem realmente deu o aval para que ele fosse escolhido interventor federal no Estado.

Antônio Leôncio Pereira Ferraz nasceu no dia 17 de dezembro de 1898. Ingressou no Exército, em 1919, cursando a Escola Militar do Realengo, sediada no antigo Distrito Federal. Declarado aspirante em 1930, atingiu no Exército o posto de coronel. Teve uma rápida passagem pela política depois da Revolução de 1930, tendo sido candidato à Assembléia Nacional Constituinte pelo Partido Constituciona-lista de Mato Grosso, elegendo-se segundo suplente.

Após prestar compromisso de posse junto ao Ministério da Justiça, a 5 de novembro de 1945, o novo interventor federal convidou para a secretária geral do Estado o Dr. Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, que declinou, indicando Benedito Martins Napoleão do Rêgo, irmão de Hugo Napoleão, para ocupar o cargo.

Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves dirigiu no espaço de 1917-1935 a Secretaria de Agricultura, Terras, Viação e Obras Públicas do Estado (governos Eurípides de Aguiar, João Luís Ferreira - neste ocupou também a Secretaria da Fazenda -, Matias Olímpio de Melo, João de Deus Pires Leal, Humberto de Arêa Leão, Joaquim Lemos Cunha e Landri Sales Gonçalves). Quando do convite, ele ocupava o cargo de secretário-geral do DCT, na administração de Landri Sales, de quem era amigo pessoal.

Antônio Leôncio Pereira Ferraz assumiu a lnterventoria Federal a 9 de novembro, em Palácio de Karnak. Passou pouco tempo no cargo. Demissões, transferências, perseguições políticas foi o registro de sua administração. Demitiu todos os prefeitos, substituindo-os por pessoas de sua confiança, ligados à UDN.

No dia 19 de novembro, a fim de tratar de interesse do seu governo, viajou para o Rio de Janeiro. Não mais regressou.

O secretário geral Benedito Martins Napoleão do Rêgo assumiu a Interventoria, ficando no cargo até o dia 20 de março de 1946.

Ao professor Martins Napoleão sucedeu o major José Vitorino Correia, a 20 de março de 1946, indicado interventor federal porque fizera campanha para o general Eurico Gaspar Dutra. Embora tenha ficado pouco tempo no cargo (de 20 de março a 8 de julho de 1946), o major Vitorino Correia, sentido a deficiência energética no Estado, promoveu encontros com comerciantes e industriais, governistas e oposicionistas, para debater a situação, deliberando-se que três turbinas termoelétricas resolveriam o problema. Graças ao empenho de Hugo Napoleão, as três turbinas foram adquiridas mediante finan-ciamento da Caixa Econômica. Mas, infelizmente, ele saiu do governo sem poder colocá-las em funcionamento.

Ao major Vitorino Correia sucedeu, interinamente, o Dr. Valter Alencar, a 8 de julho de 1946. Este transmitiu, a 3 de setembro de 1946, o cargo ao Dr. Manuel Sotero Vaz da Silveira, sucedido, a 11 de outubro de 1946, pelo Dr. Teodoro Ferreira Sobral, político de prestígio em Floriano e renome em todo o Piauí. A 9 de novembro de 1946, o poder foi transferido ao Dr. Raimundo de Brito Melo, secretário-geral do governo. Reassumindo o cargo, a 9 de dezembro de 1946, o Dr. Teodoro Sobral passou as funções, a 23 de março de 1947, ao professor Waldir de Figueiredo Gonçalves.

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Quando Leônidas Mello deixou o Palácio de Karnak, foi vaiado e achincalhado por seus adversários, que gritavam, em coro:

- “Morreu o bode melado!”

- “Morreu! Morreu! Morreu!”

Julinha Almeida, esposa do Dr. Agenor Almeida, que tivera um irmão preso, por questões políticas, no Governo de Leônidas Mello, era a mais exaltada de todos os manifestantes.

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Dutra Presidente - As eleições do dia 2 de dezembro de 1945 foram vencidas pelo general Dutra, candidato do PSD, apoiado pelo PTB, de acordo com ordens recebidas do próprio presidente deposto Getúlio Vargas, que deu apoio público a ele.

Dutra obteve 3.251.507 votos (55%). Derrotou, o brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN (35%), Yedo Fiúza, do PCB (569.818 votos - 10%), e Rolim Teles, do Partido Agrário. A escolha do vice-presidente recaiu sobre o político catarinense Nereu Ramos, também do PSD, eleito pela Assembléia Nacional Constituinte de 1946.

Dutra tomou posse a 31 de janeiro de 1946, juntamente com a abertura dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, em clima da mais ampla liberdade, para um período qüinqüenal que terminaria no dia 31 de janeiro 1951.

Haviam sido eleitos, também, os representantes do povo à Assembléia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1946, promulgada a 16 de setembro.

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Governador Rocha Furtado - À essa época já os piauienses haviam sufragado o nome do Dr. José da Rocha Furtado, candidato da UDN, ao governo do Estado, em eleição realizada a 19 de janeiro de 1947. Rocha Furtado teve, com o apoio do Partido Comunista Brasileiro, do Partido Libertador e do Partido Trabalhista Brasileiro, 55.650 votos contra os 51.183 dados ao concorrente Jacob Manoel Gayoso e Almendra, do PSD.

Foram eleitos senadores Joaquim de Lima Pires Ferreira, com 55.010 votos, e Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, com 51.918 votos, para mandato de quatro anos. O PSD elegeu a maioria dos 32 deputados estaduais, que integrariam a Assembléia Constituinte. Contando com 17 deputados, contra 14 da UDN e 1 do PTB, o PSD fez presidente da Casa, o deputado Tertuliano Milton Brandão. Depois criou-se o cargo de vice-governador, eleito pela Assembléia, com as funções de presidente do Poder Legislativo. Vice-governador do Estado, o Dr. Osvaldo da Costa e Silva foi elevado ao cargo de presidente da Assembléia. Embora nascido em Amarante, a 5 de outubro de 1893, o Dr. Osvaldo da Costa e Silva tinha vida política em Floriano, onde foi prefeito, em 1934. Em 1937, quando o governo ditatorial do Estado Novo (1937 a 1545) cassou o mandato dos prefeitos em todo o pais, o do Dr. Osvaldo da Costa e Silva foi preservado pelo interventor federal no Piauí Dr. Leônidas Mello. O dentista “Barbudo” era irmão do famoso poeta amarantino Da Costa e Silva, autor do Hino do Piauí.

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