Cícero Filho. Foto de Kenard Kruel.
Jô fez uma espécie de clipe com algumas das mais antigas gravações de Cícero Filho, incluindo aí até mesmo um tosco Super Filho, quando Cícero Filho ainda era criança e se vestia de super-herói. Em seguida mostrou as cenas do seu maior sucesso, Ai Que Vida, e perguntou: -"Esse filme é sucesso, visto em todo Nordeste. Você esperava por isso?". Cícero Filho pensou um pouquinho e foi sincero: - "Para falar a verdade não. É um tiro no escuro. Não conto com apoio de ninguém, só com o dos amigos. Faço esses filmes sem recursos, não tenho equipamentos e uso uma mini-DV. Não esperava esse sucesso".
Hoje, pela manhã, me encontrei com o cineasta Cícero Filho na porta do gabinete do Franzé, que é o Ordenador de Despesas do Estado, lá na Secretaria da Fazenda. Acho que ele estava lá para tratar da liberação dos 50 mil reais prometidos pelo governador Wellington Dias para a produção do seu novo filme - Flor de Abril, drama que mostrará a história de uma jovem em busca do amor. "É um filme delicado que explora o sentimento e vai mexer com quem estiver assistindo. Vamos mostrar como algumas pessoas são capazes de fazer loucuras para conquistar o amor e que, ao mesmo tempo, ele é um sentimento possível e que não se pode desistir dele”, afirma Cícero Filho, acrescentando que irá manter as raízes nordestinas através da escolha das locações e da regionalidade no scrpit, sem deixar de lado os ares de grande produção. O filme será rodado no Piauí, Maranhão e São Paulo. Orçado em 165 mil reais, Flor de Abril já possui mais de 300 pessoas no elenco e tem como protagonistas nomes nacionais como Dayse Bernardo, de São Luís, e Eric Gaigher, Vinícius Fiamini e Diego Soares, de São Paulo.
Cícero Filho, natural das terras do João do Valle (Pedreiras - MA), é formado em jornalismo e tem muito experiência por trás das câmeras. Já realizou mais de 25 filmes, o primeiro feito aos 12 anos de idade. Filho do seu Cícero, proprietário de uma TV comunitária em sua cidade, o menino pegava o equipamento do pai escondido para realizar produções caseiras junto com os vizinhos e colegas de escola. “Sempre gostei de criar, gosto de reinventar o meu dia-a-dia e o cinema foi onde encontrei a oportunidade de realizar isso todos os dias”, revela.
Ao entrar na adolescência escolheu o jornalismo como curso superior, área que achou mais próximo ao cinema. Foi quando veio para o Piauí e ingressou na Faculdade Santo Agostinho (FSA), local onde encontrou apoio para suas produções. “A faculdade tem sido de fundamental importância para o meu desenvolvimento profissional. Desde o começo recebi o apoio integral da entidade, especialmente, com o fornecimento de equipamentos para as minhas produções”, ressalta.
Com o Entre o amor Cícero Filho informa que iniciou uma nova fase mais profissional, mais séria. “Eu fazia filmes de brincadeira. Com esse eu levei tudo muito a sério, e foi difícil de fazer. Pra você ter uma idéia, começamos a gravar em 2004 e de lá até o momento da finalização, em 2006, tivemos muitas pausas, atores que desistiam, dinheiro que não tinha”, lamenta.
Entre o amor e a razão conta a história de uma família de sertanejos que vive praticamente na miséria. A história começa mostrando o casamento de Elizeu e Cláudia. Ela, moça bonita que foi adotada por uma família rica, ganha o desprezo da mãe adotiva ao se apaixonar por um cara pobre. Sai da vida de luxo que levava e vai viver num casebre com o marido e três filhos.Cansado de ver a família sofrer, Elizeu decide deixar o povoado onde mora, no interior do Maranhão, e vir tentar a sorte em Teresina. A cena em que a família se despede sempre provoca lágrimas em quem o assiste.
Em 2007, com o filme Ai que vida!, Cícero Filho alcançou o seu o primeiro sucesso. Além de conquistar salas de cinema de várias cidades do Piauí e Maranhão, bem como festivais da Paraíba e Brasília, com o patrocínio do Governo do Estado, o filme chegou a produzir 300 cópias de DVD. O resultado do seu trabalho pode ser comprovado com a entrevista que deu no programa do Jô Soares, dia 3 de setembro próximo passado.
Cícero Filho, que, entre outras profissões, já foi porteiro de motel, começou o programa visivelmente nervoso e, não segurando as lágrimas, chorou ao rever cenas do seu primeiro longa, Entre o Amor e a Razão, exibidas durante a entrevista. - "Mas o que houve? Se emocionando com o próprio filme? Você não tinha visto é?", tentou descontrair Jô Soares. Ele explicou que estava lembrando das dificuldades que é fazer um filme como esse.
Jô fez uma espécie de clipe com algumas das mais antigas gravações de Cícero Filho, incluindo aí até mesmo um tosco Super Filho, quando Cícero Filho ainda era criança e se vestia de super-herói. Em seguida mostrou as cenas do seu maior sucesso, Ai Que Vida, e perguntou: -"Esse filme é sucesso, visto em todo Nordeste. Você esperava por isso?". Cícero Filho pensou um pouquinho e foi sincero: - "Para falar a verdade não. É um tiro no escuro. Não conto com apoio de ninguém, só com o dos amigos. Faço esses filmes sem recursos, não tenho equipamentos e uso uma mini-DV. Não esperava esse sucesso".
“O sucesso de Ai que vida foi uma surpresa, mas acredito que isso foi resultado do tipo de produção, que é uma comédia que explora a regionalidade. As pessoas assistem ao filme e se vêm nele e isso aproxima o cinema da população. No novo filme resolvemos não deixar cair essa intimidade com o público”, ressalta Cícero Filho.
Além do filme “Flor de Abril”, que ainda está na fase de filmagens, Cícero Filho tem planos para relançar o seu primeiro longa, a comédia romântica Dê uma xanxa ao amor. Feito em julho de 2008, a produção recebeu uma nova edição e será lançado na Faculdade Santo Agostinho, em junho deste ano. O filme também trata do amor e já foi exibido na faculdade, onde recebeu aprovação do público. A idéia agora é que o filme entre no circuito de cinemas alternativos.
Enquanto batia este papo super agradável com o Cícero Filho, lembrando, inclusive do no Cine Clube, do nosso Cinema de Arte, entre outras ações na área do cinema, que ele ficou super curioso, um senhor que andava com as mãos cheias de DVDs do Ai que vida, ia vendendo o danado para os passavam pelo corredor da Fazenda. Como na Secretaria da Fazenda está o cofre do Estado, e lá todos ganham super bem, não foi difícil ficar de mãos abanando um monte de cédulas de dez reais, preço de um DVD. Eu, quando me dei por mim, fiquei a ver navio. Não sobrou um sequer. Da próxima vez, vou logo garantindo o meu, antes que outros aventureiros lancem mão da arte do rapaz!
Um comentário:
E que xanxa temos nós de proteger o nosso suado dinheirinho?
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