quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Carta de Joca Oeiras para um jovem poeta

Emerson Araújo. Foto de Kenard Kruel.
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Querido Emerson Araújo: Algumas pessoas entre as quais, eu temo, você se inclui, acreditam que, do nada, eu saí apostando que o Bar "Nós e Elis" foi o que deixou "mais saudades", isto é, que a minha insistência em pedir às pessoas que escrevessem sobre o "Nós e Elis" fosse uma idiossincrasia e, principalmente, algo feito em detrimento de outros bares teresinenses.Peço que entenda: a matéria com que eu procuro trabalhar não é um bar. Não estou, nem nunca estive, atrás do melhor bar de Teresina. O que busquei atingir neste livro, e acho que consegui, é que pessoas as mais díspares se dispusessem a compartilhar um passado, socialmente vivenciados por elas.Mas, sou franco em dizer, meu caro Emerson Araújo; só obtive êxito (palpável, inegável,em menos de uma ano, diga o que bem quiser dizer e tente desqualificar o quanto quiser tentar o Airton Sampaio) porque o bar "Nós e Elis" marcou uma época em Teresina.Se você não faz parte dos saudosistas este é um direito seu,ou, melhor dizendo, é seu ESTE direito. Faça bom uso dele!beijos e abraços. (Joca Oeiras).
Joca Oeiras. Foto de Kenard Kruel.

Senhor Joca Oeiras: Só agora depois de hibernar pelas plagas maranhenses, resolvo comentar o previsível sobre o besteirol que a intelectualidade "deprê" desta província tem posto em blogues de todo naipe nos últimos meses: O Bar Nós e Elis.

Quando fiz o comentário na postagem do meu amigo Airton Sampaio foi de fato para me solidarizar com ele sobre a falsa importância dada a este reduto da burguesia esquerdizante chata de Teresina, comandada pelo economista / deputado Elias Prado Júnior e que vossa senhoria e seguidores continuam, tentando sacralizar em livro a ser publicado, no mínimo, sob a anuência do poder público ora de plantão. Não é de estranhar, pois o projeto de cultura implantado pelo governo do meu Partido é pior do que os dos governos da direita agrária do passado.

Senhor Jocas Oeiras quero, aqui dizer, ainda, que vossa senhoria não precisa ter medo de mim, pois não sou muita coisa não neste novo latifúndio chamado Piauí, apesar de reconhecer que minha militância intelectual foi nas salas de aula, formando gerações, eu acho, né. Com isso a minha opinião não deve provocar em ninguém nenhum medo, pois a ferramenta de contestação ao besteirol previsível que uso é a palavra, somente ela.
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Por fim, Senhor Joca Oeiras continuo com o mesmo pensamento de antes, ou seja, fui a este Nós e Elis algumas poucas vezes, sozinho ou acompanhado, declamando alguns poemas para uma platéia que se deleitava com ensopado de camarão suspeito e vodca falsificada em caipirinha que infernizava a cabeça e o estômago na manhã seguinte. Nada mais que me fizesse santificar este lugar depressivo que hora vossa senhoria relembra.

E como bom nordestino que sou, achava mais legal mesmo era o Bar da Pretinha na Paiçandu em final de tarde com o meu amigo e poeta de saudosa memória Wilton Santos, pois lá éramos amigos das rainhas de lábios vermelhos e sainhas sugestivas ou então nos finais de semana no Bar Acauã no bairro São Pedro de propriedade do Chico irmão da poetisa/amiga Marleide Lins Albuquerque em companhia de F. Eduardo Lopes, Chico Castro, William Melo Soares, José Olimpio de Melo, Toinho, Miso, ZéMagão e tantos e tantas numa sinfonia onde rolava tudo. Tudo muito bom e sem frescuras depressivas e nem rei para patrulhar ninguém. Teresina sob a égide dos seus bares de conotação alienante, mas feliz e como feliz, meu caro.Como última declaração deixo ainda isso: transformar Teresina em um bar é, no mínimo, reduzi-la a nada e sem falar que a esquerdinha de plantão nasceu nas mesas desse Nós e Elis para depois esquecer o pensamento mais básico de Karl Marx. (Emerson Araújo).

6 comentários:

Joca Oeiras disse...

Querido Emerson Araújo:

Peço apenas que me diga com todas as letras, sem qualquer tergiversação: O livro sobre o bar Nós e Elis, por si mesmo, não mereceria um centavo do apoio oficial seja do governo do Estado, seja da Prefeitura de Teresina.
Depois disso, a gente conversa ou não!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho

Anônimo disse...

Por que ninguém lembra do SACHAS, ali na Av. José dos Santos e Silva, proximo a Pça. Saraiva?

Joca Oeiras disse...

Querido Anônimo:

Boa pergunta! Uma resposta possível é que, os poucos que lembram, como parce ser o seu caso, preferem o anonimato.

Mas, meu caro, não é por se manter anônimo que você precisa se humilhar a ponto de se sentir um ninguém. Alguém ,com certeza, se lembra! Você!

beijos e abraços

do Joca Oeiras, o anjo andarilho

Joca Oeiras disse...

Querido Emerson Araujo:

Desde a primeira leitura fiquei sem entender esta hístória de
"Senhor Jocas Oeiras quero, aqui dizer, ainda, que vossa senhoria não precisa ter medo de mim".Agora foi que me caiu a ficha: você se referia a esta minha frase "Algumas pessoas entre as quais, eu temo, você se inclui..". ora, meu poeta "temo' que você se inclua entre os que acham que saí blá, blá, blá...Pensei que tivesse deixado isto claro. Não temo você, meu poeta, e nem o temeria ainda que vc ocupasse o lugar do Robert Rios. São essas ciladas que nos prega esta "Última Flor do Lácio, inculta e Bela", segundo Olavo Bilac, poeta maior.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho

Kenard Kruel disse...

anônimo: já lembrei o sacha's aqui várias vezes. o nosso manoel, o garçon. o painel que o arnaldo vez. a santa ceia, onde éramos as figuras centrais. bela lembrança. um dia faço um livro sobre o sacha's. não se deixe de mim. beijos kenardianos.

Joca Oeiras disse...

Querido Anônimo:

Agora você já tem uma companhia de peso. Querido Kenard: quero estar na primeira lista dos leitores desse seu livro.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho