sábado, 17 de outubro de 2009

Eu, Eles, Nós e... Chega de Saudade!

Ferrer Freitas, embaixador de Oeiras, e Kenard Kruel.
Foto de Renata Pitta.

Ferrer Freitas

É inquestionável que o Nós e Elis marcou época em Teresina nos anos 1980 e de lá saíram nomes que, até os dias atuais, se destacam nas letras, na música, na charge e em atividades culturais outras. As historinhas resultantes de grandes noitadas são muitas, algumas hilárias, como as contadas pelo impagável Deusdeth Nunes (Garrincha), lembrando idas ao barzinho, como a da queda no “bebódromo”, laguinho que ficava em frente, e a da “carroçata” (carreata de carroça) do candidato a prefeito Newton Nunes. Pois bem. Eu também tenho a minha que, espero, seja do agrado dos envolvidos e dos saudosistas de plantão, alguns que só sabem de sua existência de ouvir falar.

Em 1986, o governador do Estado era o Sr. José Raimundo Bona Medeiros, político sério e honrado, que antes exercera vários mandatos de deputado estadual, tendo ocupado a presidência da Assembléia Legislativa, além de ter sido prefeito de Teresina. No seu governo fui, com muita honra, o segundo na Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo. O titular era o saudoso Padre Solon Correia de Aragão, figura ímpar, de senso de humor apuradíssimo! José Elias Arêa Leão, o ”maluquinho” do Cineas, presidia a Fundação Cultural. Dispúnhamos de assessores de dar inveja a qualquer executivo bem sucedido, a saber, Kenard Kruell, Albert Piauí, Chico Castro, Paulinho Moura, Arnaldo Albuquerque, e por aí vai, todos na flor da idade e tomando todas. Ficavam, diariamente, madrugada adentro no bar sem portas do Ximenes do Prado, o junior. Dia seguinte, cadê assessor pra trabalhar no turno da manhã? Como sempre, lá ia eu bolar estórias para o padre-secretário, tentando justificar a ausência dos boêmios boas-praças.

Num dia, era o fusca azul, conversível, do Kenard (transportou Lula, candidato a presidente, do aeroporto até a sede do PT), que batera e ele o tinha levado para a oficina. No outro, era o Albert que adoecera, ou teria ido ao cabeleireiro cortar as madeixas, coisa que o padre vivia a pedir! Arnaldo, Paulinho Moura e o Chico Castro, pra variar, estavam sempre com problemas em casa, e eu, invariavelmente, falava que alguém havia telefonado justificando a ausência deles. Isso era quase todo dia que Deus dava. Mas, graças a Ele, o Criador, estão todos aí, os mesmos boas-praças e, o que é melhor, brilhando! Kenard, como editor. Albert, com o Salão do Humor, inventado naquele tempo, bombando anualmente. Paulinho Moura, com seu traço inconfundível, realizando trabalhos admiráveis. Arnaldo, meio desaparecido, mas trabalhando no desenho, e, finalmente, o Chico Castro, de Brasília, fazendo sucesso com seus livros que são referência no campo da historiografia.

Taí, pois, o que me lembra o simpático bar que desapareceu, assim, sem mais nem pra quê, de uma hora para outra. E nem foi preciso cerrar suas portas, pois não as tinha, como a casa da canção de Vinícius e Toquinho.

5 comentários:

Joca Oeiras disse...

Uma Formiga Boa Praça;

Com esta crônica o querido cronista oeirense Ferrer Freitas ( autor do livro "Solo Distante" que bem merece ser republicado) revela sua face "Formiga Boa Praça" mostrando como, trabalhando durante o dia, propiciou a tantas cigarras (dos mais altos voos e dos mais lindos cantos)se tornassem os hoje justamente famosos Kenard Kruel,Paulo Moura, Albet Piauí e Chico Castro todos eles saudosos frequentadores e hoje colaboradores do livro que traz recordações do famoso e inesquecível bar "Nós e Elis".

Mas isso, é claro, não devia ser novidade pois é sabido que toda a cigarra tem, de plantão, uma formiga protetora, espécie de Formiga anjo da guarda, papel que, com garbo e elegância, o nosso Ferrer representou para cinco dos mais significativos artistas e intelectuais que Teresina (através do bar "Nós e Elis") já produziu.

Soma-se, portanto, o grande Ferrer–mesmo que não possa sentir saudades disso, afinal não frequentou o nós e elis – nos bastidores, aos outros oeirenses – Emerson Boy, Raimundo Aurélio Melo e Wellington de Araujo Dias – que muito contribuíram para o merecido destaque que o Bar do Elias ainda tem na memória de seus frequentadores.

Quanto à queda do Garrincha, vá me desculpando o Ferrer , não vi graça nenhuma na sua narrativa tosca. Mas gosto não se discute.

Airton Sampaio disse...

Acho que o que o Ferrer quis dizer, mas não foi entendido, é que as figuras citadas na sua crônica abrilhantaram o Nós e Elis, e não o contrário. Enfim, um pouco de razão em meio à fanfarrice...

Joca Oeiras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joca Oeiras disse...

Portal do Sertão disse...
Arguto Arauto da infelicidade, Airton Sampaio, que, confessa, já era infeliz em 1984 (tanto que acharia ótimo deixar pra lá tudo o que viveu até aquela data, já que toparia nascer naquele ano)´que foi declaramente infeliz nos anos da existência do Nós e Elis, segundo ele, apenas por ter pisado naquele bar (só mesmo rindo!)e que permanece infeliz, ao que parece , por viver naquilo que ele chama de "Fazenda Piauí", e "terra de muro baixo", em resumo, o protótipo da infelicidade auto-assumida, só poderia mesmo odiar um lugar onde as pessoas eram felizes e sabiam. Não consigo ver novidade nisso...

Agora, o comentário dele segundo o qual ninguém entendeu, apenas ele, o que Ferrer quis dizer...
é típico de alguém que ainda tem Júpiter por Deus. Hahahaha

Airton Sampaio disse...

Já estou começando a ter pena do pobre do Nós e Elis. Coitado do barzinho...