segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O espaço cultural mais democrático do Piauí

Edna Nascimento. Foto sem crédito.

Edna Nascimento

Fui frequetadora do Nós e Elis durante a sua existência. O Nós... era a referência dos intelectuais, estudantes, artistas e cumpriu um papel importante no processo de redemocratização do país. O fato de ficar perto da UFPI era parada obrigatória depois das aulas, debates, eventos, seminários. Era para lá que iamos conversar sobre a conjuntura nacional, a luta pelas Diretas jà, a primeira eleição direta em para presidente em 89. O fato do Elias Prado ser um homem engajado e politicamente progressista fazia do Nós e Elis aquele lugar que lembrava os que partiram num "rabo de foquete", o bêbado com chapeu torto, o Brasil que sonhava com a abertura política. Ao lado desse verve política, o Nós e Elis, fazia da arte piauiense um espaço de afirmação e por lá várias tribos circularam. Foi no Nós e Elis que conheci o Edvaldo Nascimento, cantando Minas e Minas. Ele estava recem-chegado do Rio de Janeiro e um dia, quando eu estava com um grupo por lá, ele me disse para eu ficar atenta que ele ia cantar uma música pra mim e cantou. A partir daí ficamos ligados. Estamos casados desde 87. O Nós e Elis, que a princípio foi pensado para ser esse espaço de MPB mais tradicional virou um point de música pop da melhor qualidade. Falar do Nós... sem citar o repertório pop dos anos oitenta que incluia os artistas locais e as feras do rock nacional, pode não retratar tão bem o Nós.... Por lá ouviamos Lobão, Kid Abelha, Titãs, Engenheiros, Capital Inicial, Kid Vinil, Paralamas, música instrumental. Edavaldo, Boy, Machado Jr, Roraima e tantos. O que sei e gostaria que fosse dado crédito é que o Nós e Elis foi o espaço Cultural mais democrático que Teresina já teve.

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Querida Edna: sem ter a pretensão de pontificar, quase pensando alto algumas coisas que me vieram à cabeça, agora mesmo, quando respondia seu e-mail anterior, o que eu imagino que vai ser legal quando tivermos este livro é que ele será um mosaico de histórias as mais variadas, que darão aos estudiosos – sociólogos, antropólogos e etnólogos – a possibilidade conhecer melhor a Teresina do final do século XX. A propósito, você já leu as demais crônicas e depoimentos?beijos e abraços do Joca Oeiras, o anjo andarilho.

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