avaliado em mais de R$ 20 milhões.
(Foto: Leonardo Costa/D.A Press/Agência O Globo).
Não tenho um nome fácil que se ouve frequentemente. É tanto que o Simão, presidente dessa honrada Casa, lascou um "Edmar" pra identificar a coluna. Não tem outro por aí assim tão fácil. Nem sei onde minha mãe (ou terá sido pai?) foi buscar esse nome na beira do rio Parnaíba, nos cafundós dos Palmeirais, sertão adentro, tão longe do mar lá no pequeno litoral piauiense. Portanto nem sou do mar, como literalmente ele (o nome) me remete, nem tão pouco "ilustre por suas riquezas", das páginas sábias do significado dos nomes. Se meus pais pensaram em me dar um destino nessa nomeação erraram na profecia. Mas, em compensação, se os Oliveira erraram, os Moreira acertaram. Eis que me vejo diante de meu nome, nas primeiras páginas dos jornais, exibindo um castelo no sul de Minas. São João Nepomuceno, mais precisamente. E o Senhor do Castelo, seu Edmar Moreira, ilustre por suas riquezas e por suas falcatruas. São 36 suítes com hidromassagens, salões de jogos e ginásticas, refeitórios para os comensais.
Mas a que será que se destina? O castelo do xará não deve ser apenas um capricho de um sonho infantil habitado por fadas e duendes. Fosse e ele seria um bobo em transformar dinheiro em sonho sem nenhum retorno financeiro. Não me parece ser deste planeta o meu xará. Tem cara de mais um trambiqueiro, dos que costumam enlamear nosso parlamento. O jeitão de cassino é indisfarçável. Como é que se pode erguer um monumento ilegal sem que ninguém perceba? Parece que só porque o ilustre deputado medieval foi eleito Corregedor, avisando que o "vício da amizade é insanável", a coisa toda apareceu. A frase que cunhou na posse do cargo já me parece tão grave quanto o castelo. Nem precisava o monumento para tirar seu cargo. Já deveria ser cassado por absoluta falta de senso ético nas suas declarações estapafúrdias. Mas é que o nosso parlamento nos surpreende todo dia. Os escândalos se sucedem numa velocidade infinita e cada falcatrua parece ser ainda mais cabeluda que a outra e muito concreta. Agora chegamos a um castelo medieval. O que virá depois?
Já eu não sou tão concreto e pragmático como meu xará. Mas podem anunciar nos jornais que o Edmar aqui não tem só um, mas vários castelos construídos. E todos na imaginação e nos sonhos dos devaneios, que me trazem muito mais riqueza do que o castelo do meu xará.
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