domingo, 1 de fevereiro de 2009

Carta do Sanatório Meduna VI (2009)

Solda.

Meu caro poeta irmão Emerson Araújo,

O Montgomery Holanda pergunta (e quem pergunta quer saber) se somos - eu, ele e o xerife Robert Rios - três patetas nessa luta contra a onda de violência que tomou conta da cidade. E, pasme, a onda de violência não está partindo dos bandidos perigosos não, está partindo, é bom que se diga isso, das autoridades que deveriam nos proteger, garantindo a lei, a ordem, a justiça e a paz social, e para isso ganham muito bem, e não fazem o dever do trabalho. Estou falando dos magistrados, dos promotores, dos defensores públicos, dos cartórios, dos oficiais de justiça, desse povo que mama, se diverte e goza às custas do suor e do sangue do cidadão que, por conta da zorra que virou o mundo dessas otoridades transviadas (sem duplo sentido), está com o cu que não cabe um fio de cabelo de tanto medo.

Ontem à noite fui visitar uma amiga, que me recebeu apavorada. Toquei a campainha e nada. Bati à porta e nada. Luz apagada. Tudo em silêncio. Estava retornando para o carro, quando tive a lembrança de telefonar para ela - celular para celular.

- Menina, onde você está?

- Em casa.

- Caramba, estou aqui há, pelo menos, meia hora, tocando a campainha e batendo à porta e nada de você aparecer, que diabo é isso? Quer mais me ver não?

- Não é isso não, é que estou apavorada. Com medo até da minha própria sombra. Anteontem, dois ladrões conseguiram entrar no prédio onde minha mãe mora (e também um desembargador com seus policiais militares de vigilância) e, além de pegar tudo que queriam, ainda transaram com a mulher de um morador na frente dele, que levou mais porrada do que o jornalista Efrem Ribeiro em toda a sua vida de xereteiro. E, pasme, sairam calmamente comendo maça e banana, jogando as casas desta por onde passavam.

- Meu deus, mas o prédio da sua mãe parece uma fortaleza! Eu mesmo nunca entrei lá porque o porteiro não deixa. Tem ordem de não me deixar entrar. E já tentei de tudo para entrar lá quando você está lá e nada de nada! Como eles conseguiram?

- Ladrão que ajuda ladrão não tem só 100 anos de perdão não, fica com parte do que foi roubado. E mais não digo, nem em juízo, pois eu tenho o direito de ficar calada e calada ficarei. Estou apavorada. Não confio mais nem nas minhas próprias palavras. E, você anda só ou está com alguém?

- Só, por que?

- Porque em você eu ainda confio, mas, se estivesse acompanhado não abriria a porta sem antes toda identificação checada da sua companhia. Antes de abrir a porta, porém, me diga o que dia que nós começamos a namorar? O lugar? A Hora? O que nós fizemos? O que eu disse para você e o que você disse para mim? Uma resposta errada; abro a porta não.

- Por Júpiter, menina, que coisa! Sou eu, o Kenard Kruel (o seu urso hibernador em sua Kenard Kaverna). Abra logo essa porta! Pare de nóia!

- De jeito nenhum. Estou desligando e vou ligar para o xerife Robert Rios, que é o único que eu ainda confio nessa terra de Mutirões e Habeas Corpus à balde para soltar bandidos perigosos a três patetas por quatro, que eu também, Montgomery Holanda, estou entrando, de peito (n. r. - peito ela tem demais, cada um, hum! Hum rum!) nesse bloco de vocês ai: "Bloco da Cidadania contra o Mutirão e Habeas Corpus da Justiça Transviada". Sem as respostas certas, meu caro, não abro nem para o delegado Jorginho, com quem joguei peteca, tomei banho no Rio Parnaíba e empinei papagaio no terreno da estação ferroviária quando a gente podioa empinar papagaio no terreno da estação ferroviária (agora a Diva, do Patrimônio, não deixa não, mas está deixando derrubar todas as casas do centro da cidade para estacionamentos!). Sai fora!

Meu caro poeta irmão Emerson Araújo veja o que se deu, aliás, não se deu por conta dessa onda de violência que tomou conta da cidade. Mais ainda: Onda de medo! Onda de pavor! Uma nóia desgraçada! Tive que fazer Justiça com as próprias mãos, quando cheguei à Kenard Kaverna, o que é condenável pelo art. 5º da Constituição Federal Brasileira (1988). Apeguei o fone dela do meu celular. Rasguei as fotos dela. Os poemas que ela fez para mim. Os bilhetes com juras de amor eterno. Tudo que era e me fazia lembrar ela. Ora, mesmo com toda essa zorra espalahada pela cidade, mas me deixar na mão! O que que é isso! E, quem me pagará o terapeuta que eu terei que contratar para me livrar da depressão que eu já começo a ter por conta de ter perdido o grande amor da minha vida? E ter perdido, ainda mais, pela paranóia dela, em não confiar mais em nada e em ninguém, traumatizada que está pela onda de violência que tomou conta da cidade em razão dos Mutirões e Habeas Corpus que soltam bandidos perigososos feitos e assinados pelas otoridades que mamam, se divertem e gozam às custas do suor e do sangue do cidadão que, por conta da zorra que virou o mundo dessas otoridades transviadas (sem duplo sentido), está com o cu que não cabe um fio de cabelo de tanto medo.

Sei não, Montgomery Holanda, podemos ser Três Patetas (agora, Quatro Patetas), mas vamos virar a mesa... Segunda-feira estarei ocupando as redações dos jornais, da rádios, dos portais, das tvs, do escambau, e vou rasgar o verbo (que já está todo ragasdo mesmo por conta dessa tal de reforma ortográfica - tu vai, tu viu, tu fez, tu falou, tu comeu, tu deu...!!!). E, essa pocilga eletrônica aqui funcionará, mais do que nunca, 24 horas postando tudo que puder (e não puder) postar a respeito desse assunto, que vai entrar na pauta do dia-a-dia do joão e da maria! Convocação geral: eu ainda acredito que teremos mais patetas na rede, Montim. É só o Joca Oeiras ingressar no Bloco. Por Júpiter, será e-mail para todo lado! Por fim, falei com o Silas Freitas. TV Meio Norte. Ele ficou de levar o des. Edvaldo Moura para explicar essa zorra que é o Mutirão de soltar bandidos perigosos. Ainda mais perto do carnaval!!! Habeas Corpus!!! Tudo em teu nome, garoto!!!

2 comentários:

mcavalcante disse...

Caro Kenard.
Conheço muita gente que se aproveita de qualquer fato para sobressair-se. Mas competência pra isso só duas pessoas têm: você e o Robert Rios.
Amigo você está tentando ser ou já é advogado. Não sei. Já se deu ao trabalho de olhar os inquéritos policiais que vão para a Justiça?
Acho que pior seria se esta não pudesse cumprir o seu papel como guardiã da Lei e da Ordem. Sei que há muita coisa podre sob as escadas dos tribunais, mas a pessoa humana e seus direitos, seja ela bandido ou não, devem estar em primeiro plano. Alardeiam que os multirões vão soltar bandidos. Quais bandidos? Amigo se você se nega pensar como jornalista, analisando os fatos e apurando todas as versões, aja pelo menos como conhecedor das leis. Temos que formar corrente é para defesa do cumprimento das leis e não de discursos eleitoreiros.
Um abraço e parabéns pelo blog.

Kenard Kruel disse...

marcus, sou bacharel em direito, formado pela uespi, onde também me especializei em direito processual civil. desde o primeiro dia que entrei no curso de direito passei a estagiar na defensoria pública, área criminal com os defensores Dra. Elizabet e Dr. Ulisses Brasil. Depois, fiz estágio nos escritórios do Dr. Leôncio Coelho Júnior, Dra. Kássia Kaneko, Dr. José de Moura, Grupo Odonias Leal e, agora, estou com o meu sobrinho Thiago Montezuma e com o meu irmão Egito Fagundes. E logo mais com o meu filho Rafael Fagundes, que se forma em direito, UFPI, este ano.

Conheço todo o caminho de um processo. Sei de todas as maneiras que ele pode ser feito. Sei que, dependendo de quem, ele pode nascer para ser abatido, no primeiro vôo pelo advogado ou grupo de ataque ou de defesa. Nada disso me é estranho.

O que eu não quero compreender é que uma pessoa como você venha defender quem ganha muito para trabalhar pouco ou não trabalhar de jeito algum, como os desembargadores, os juízes, os promotores, os defensores, os procuradores etc e tal. Por que eles trabalham apenas um expediente? Por que eles, ainda assim, têm prazo em dobro?

Você vem me falar de direitos humanos. Direitos humanos só para bandidos. É? Você me pergunta quais bandidos? Respondo, com tristeza, puto da vida: bandido como, por exemplo, o Francisco Egilson da Costa Carneiro que domingo, às 19 horas, na Padaria Modelo matou o cidadão, pai de família, Francisco Araújo Ramos com um tiro na cabeça e feriu de morte o encadenador, cidadão, pai de família, Francisco de Assis Monteiro, que se encontra no quarto 220 do HUT.

O bandido Francisco Egilson da Costa Carneiro, que já tinha morte nas mãos, estava preso mas foi solto em nome dos direitos humanos que você prega. Por excesso de prazo. Por habeas corpus. Etc e tal. Sim, o bandido tem quem o defenda. Inclusive você. Mas, o cidadão não. Esse, ninguém defende. Inclusive você. Vamos parar de hiprocrisia!

Não faço discurso eleitoreiro. Não preciso disso. Não sou aproveitador de nada, como você insinua. Sou um cidadão que se revolta contra esse tipo de comportamento como o seu, de defesa e proteção de bandidos.

Sou jornalista, sim, sem direito de estar em redação, sem poder excercer, nos meios de comunicação do Estado, a minha profissão. Sei analisar, sei apurar as versões. Sou jornalista e vou morrer jornalista. É o que eu sou. Por isso a kenard kaverna foi tirada do ar já duas vezes. E vão tirar mais vezes. Mas, eu não me dobro, eu não me vendo, eu não faço concessão, eu não dou tapinhas nas costas de quem eu não suporto olhar na cara. Sou um animal que vive como urso hibernador na sua Kenard Kaverna. Com dignidade. Honra. Caráter. Moral. Destemor. Livre, portanto, para ler, fazer, escrever, dizer o que eu quiser.

Pode dizer que eu sou arrogante, prepotente, aproveitador isso ou aquilo. Pode dizer o que você quiser dizer. Não ligo para isso. Eu sei quem eu sou. O que eu sou.

Eu sou uma pessoa que não se esconde. Quem não usa pseudônimo. Que se mostra. Dá a sua cara a bater.

Eu sou Kenard Kruel, com muito orgulho!