domingo, 1 de fevereiro de 2009

Somos os “Três patetas”?

Moe, Larry e Curly (1946).
Foto sem crédito.

Montgomery Holanda

Matar é humano. Condenar e manter preso um assassino, também (ou não?). Que tal transportar para a cena de um crime bárbaro quem liberta um cruel matador? E levá-lo para o velório da família enlutada? Para o sepultamento? Para a missa de sétimo dia? São perguntas que faço, a propósito de um questionamento sobre o que é a violência. Para evitar ambigüidades, devo dizer que toda violência é social.

Um cotidiano de tensões acumuladas, por exemplo, com o vizinho, a amante, o próprio amigo, ou mesmo um parente, pode culminar numa confrontação final, que se desenrola de maneira fantamasgórica. Assim, tiros disparados à queima-roupa soam distantes, longínguos. No corpo-a-corpo a faca rasga na carne, como se fosse sem querer. A visão de uma camisa ensangüentada ou de um corpo que agoniza, após uma luta, o protagonista da cena parece despetar do turpor em que se encontrava. A partir deste instante, o cidadão comum torna-se um assassino. Agora, matar sem motivo, apenas para roubar, é abominável. É a pior das violências - a violência-cega: quem mata e quem morre são indivíduos, quem é julgada e condenada é a sociedade.

Meu caríssimo Kenard, o inimigo de qualquer combate é a própria guerra e nós entramos nela sem armas, contra algumas personagens cínicas e obscuras, insidiosas, perigosas e permanentes, com o poder da caneta e da dominação. Viver em sociedade sempre foi um viver violento –ela sempre aparece e suas várias faces. Como não estamos na Idade Média, todas a facetas da violência podem ser combatidas (sem entrar no mérito das questões sociais), em ultima instância, pelos tribunais. Se a Justiça é cega, pega um cão-guia e sai por aí, trabalhando, para evitar falhas, combatendo a procrastinação processual dos bacharéis de portas-de-cadeia, a caduquice por excesso de prazos, e tantas outras brechas jurídicas.

Você exortou os seus assíduos freqüentadores da Kenard Kaverna a se engajarem na campanha contra os mutirões da soltura, mas, ao que parece, pelo menos até agora, somos apenas nós: eu, você e o xerife Robert Rios. Somos os “Três patetas”? Como não gosto de fazer piadas com assuntos sérios, fico por aqui... Fui.....

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