sábado, 2 de julho de 2016

Magalhães da Costa

Magalhães da Costa e Fontes Ibiapina, ambos escritores e magistrados de minha meninice em Parnaíba. Possuíam estantes e mais estantes de livros. Eu, devorador de livros, e sem condições de comprá-los, vivia enfurnado na casa dos dois, que me recebiam como se filho fosse. E ficavam felizes com a minha devorações de seus livros. Os que eles compravam e, principalmente, os que eles escreviam. Fontes Ibiapina ficou em Parnaíba. Magalhães da Costa veio para Teresina. E eu também. Quando ia a Parnaíba, não deixava de ir à casa de Fontes Ibiapina. Em Teresina, continuei a frequentar a casa de Magalhães da Costa, esta acrescida de uma convidativa piscina, que nos recebia com águas sempre limpas e em boa temperatura para abrandar o calor da cidade. Devo dizer que eu acompanhei a feitura de todos os livros de Magalhães da Costa. Alguns eu cheguei a passar a limpo e a datilografar (sim, datilografar à máquina de escrever). Vibrei, aos 11 anos, com duas conquistas. O tri-campeonato do Brasil na Copa do Mundo de Futebol, realizada no México, entre os dias 31 de maio e 21 de junho. Final: Brasil 4 x 1 Itália (Gols do Brasil: Pelé, Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto). E o lançamento de Casos Contados, livro de Magalhães da Costa. Depois, em 1972, nova vibração, com No mesmo trilho. Em seguida, em 1985, com Estação de Manobras. Em 1999, com Traquinagem. Agora, há poucos dias, em almoço a mim oferecido em seu apartamento, o amigo Joseli Lima Magalhães, doutor em Direito, professor da Universidade Federal do Piauí, me ofertou Histórias com pé e cabeça, lançado em 2012, sob organização dele e do irmão Jomali Magalhães, ambos filhos de Magalhães da Costa. As histórias que compõem os livros de Magalhães da Costa foram forjadas em sua infância em Piracuruca, especialmente na Fazenda Curral de Pedra, que muito frequentei com ele e continuo frequentando com dona Júlia Lima Magalhães, sua viúva, e os filhos já citados. De quando em vez, ele chegava á minha casa, parava o carro, batia à porta e dizia, quando eu chegava: "Bora, cabôco, entra e vamos pra fazenda". Como eu sempre fui um vagabundo profissional, para onde me levam eu vou, não contava conversa, entrava e me ia com ele. Foram forjadas, também, em suas andanças pelas cidades do interior do Piauí, em sua serventia como magistrado. Onde havia uma roda de cabôco, lá estava Magalhães da Costa, de cócoras, ouvindo os causos. Herculano Moraes nos diz que Magalhães da Costa é o narrador existencial. A vida urbana e o homem do campo, o rincão de Piracuruca, sua terra natal, de onde extrai as vivências transformadas em excepcionais narrativas. O próprio Magalhães da Costa confessa que as histórias dos seus livros são de casos ouvidos, vividos e estudados, criados pela força da ficção, onde o social revela o homem. Narrativas de tipos comuns de gente, encontradas aqui e alhures. Criaturas de carne e osso, como todos nós, que precisam ser olhados na grandeza de seres humanos, de pobres filhos de nosso Senhor. Estou vibrando com a leitura de mais este livro de Magalhães da Costa, com quem disputei o título de Intelectual do Ano de 1986. Houve empate. Nós dois recebemos o Troféu Fontes Ibiapina (olha ele, ai de novo, gente!), concedido pela União Brasileira de Escritores - Secção do Piauí, que ele idealizou e criou, em 21 de outubro de 1973 , sendo o seu primeiro presidente, e E que tem, no momento, o filho Dr. Joseli Lima Magalhães, como vice-presidente. Obrigado pelo presente, meu caro amigo.

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