terça-feira, 17 de maio de 2016

Valciãn Calixto

Integrante do movimento Geração TrisTherezina do Piauí, que tem como bandas Cidade Estéril, Cianeto HC, Flores Radioativas, Dzaia, Old School Kids e Doce de Sal, Valciãn Calixto, que também é guitarrista nesta última, só teve contato com o instrumento elétrico aos 17 anos, o que quase o fez desistir e ser apenas violonista.
Daí a montar uma banda, o passo foi talvez o mais curto de sua vida. Com a Doce de Sal, Valciãn gravou uma fita demo pouco divulgada e lançou três singles em 2014, um deles, “Menina do Olho de Opala”, com participação de Igor Filus, da curitibana Charme Chulo.
Os shows pela cidade, em eventos quase sempre organizados pelas próprias bandas, colocaram, ainda que maneira arredia, a Doce de Sal na cena musical teresinense. Para não se isolar, Valciãn junto de mais alguns comparsas, formou o que conheceremos como Geração TrisTherezina, coletivo com artistas visuais, escritores e músicos do Piauí.
Em 2015 Valciãn publicou seu primeiro livro, “Reminiscências do caseiro Genival” e, após encerrar a primeira tiragem da obra, foi logo soltando o single dissonante “Teoria do Abacaxi”, para anunciar o disco solo lançado em 2016.
Portador do mal de sua época, a ansiedade, liberou mais uma mostra do álbum, “Núcleos de um Romance Engavetado”, revelando seu lado experimental numa faixa de sete minutos com participação de amigos e integrantes da Geração TrisTherezina relatando casos diários de assédio moral e sexual à mulheres de todo o mundo. “É uma música bastante amarga e tensa, mas de abordagem bem necessária para esses nossos dias”, conta.
Influenciado por nomes como C.W. Stoneking, Elizeth Cardoso, Jimi Tents, Sasha Keable, Isobel Campbell, Algiers e Timbalada, o piauiense conta que as dez faixas de seu debut carregam uma ideia que mistura desde a agressividade do punk aliado a melodiosas formas e possibilidades rítmicas do axé, resultando naquilo que o músico costuma chamar de “Axé Punk”.
O álbum finalizado no ATM Estúdio em Teresina foi captado pelo músico Arthur Raulino, direção e arranjos do próprio Valciãn, que gravou todos os instrumentos de harmonia como guitarras, baixo e teclados, tendo a bateria ficado a cargo de seu irmão, Marciano Calixto.
Gravado da maneira mais independente possível, sem gravadora, edital, lei de incentivo nem nada, Valciãn lembra que precisou vender guitarras e alguns pedais para pagar as gravações, esforço que nos diz muito sobre o artista do Piauí que começa a aparecer para o Brasil da melhor maneira possível, produzindo muito.
Está no livro Música Piauiense - de A a Z, a ser lançado em breve pela Editora Zodíaco. Com fé, esperança e amor.

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