domingo, 18 de janeiro de 2015

Memória do comércio

Professor A. Tito Filho. Foto de Paulo Gutemberg.

Eram 1932. Chegamos a Teresina em companhia do saudoso pai, que vinha assumir juizado de direito. Moramos na rua Lisandro Nogueira (Glória antiga), bem perto do mercado central. Passamos, ainda nesse ano, a residir na rua São José (Félix Pacheco), próximo, muito próximo da praça Saraiva. Defronte, mantinha sortida mercearia, o português José Gonçalves Gomes, cidadão conceituado e que muito honrava a atividade comercial.

Dessa época distante ainda nos lembramos da Casa Carvalho; de Deoclécio Brito, o primeiro concessionário Ford e das máquinas de escrever Remington; de Manoel Castelo Branco e Anfrísio Lobão, que se tornaram donos da Agência Ford; de Afrodísio Tomás de Oliveira (Dôta), de João de Castro Lima, (Juca Feitosa), cuja loja vendia artigos diversos, inclusive livros de autores portugueses e brasileiros; de Lili Lopes, à frente da Botica do Povo; de Manuel Madeira, português, vendedor de bolos e pastéis (praça Rio Branco), talvez o pioneiro de lancheiras em Teresina - e de vários bares e botequins como o frequentadíssimo Bar Carvalho, de José Carvalho, o Zecão, homem de bem, de muitos amigos, que oferecia, no estabelecimento bilhares, café, sorvete, chocolate e convidativo restaurante sob o comando do espanhol Gumercindo, introdutor de filé de grelha, feito na chapa do fogão na culinária teresinense. Alcançamos o famoso Café Avenida, feito de madeira, na praça Rio Branco. Construiu-se outro, em 1937, de dois andares, amplo, ao lado do Hotel Piauí (Luxor) frequentado de homens ilustres. Foi derribado. No local hoje se estacionam veículos.

Algumas entidades de classes surgiram no correr dos anos, como a Estímulo Caixeiral (empregados no comércio), iniciativa de Manuel Raimundo da Paz; a Associação dos Empregados no Comércio (1928), a Associação dos Varejistas de Teresina (1929), o Sindicato dos Lojistas de Teresina e a Federação do Comércio dos Varejistas do Piauí - as duas últimas parece-nos que sob a orientação de Miguel Sady.

Houve um grêmio de natureza social e cívica - a Sociedade Jovem Síria, criada em 1916, que muito animou a vida teresinense. Ainda em atividade se encontra o Clube das Classes Produtores, idealizado por Valdemar Martins.

A. Tito Filho, 04-05/12/1988, Jornal O Dia. 

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