Dentre os muitos namorados que tive, naquela época, lembro-me do tenente Antônio de Andrade Poty, jovem oficial do Exército Nacional que chegara da guerra na Itália, cheio de ufanismo e de medalhas. Até pensaram em casamento, mas depois essa hipótese foi afastada.
Filho do valenciano Francisco Poty e da teresinense Benedita de Andrade Poty, Antônio de Andrade Poty nasceu em Teresina, em 16 de maio de 1921. Fez carreira brilhante no Exército. Estava no 30 ano de Medicina, quando, por conta da guerra, teve que ir para o campo de batalha. Quando retornou, sendo um dos poucos do grupo de 42 homens que comandava, não quis mais continuar o curso. Formou-se, contudo, em Administração de Empresas, Direito e Filosofia.
Culto e de inteligência excepcional, lecionou português, francês e espanhol nos colégios da CNEC, em Fortaleza, onde foi um dos fundadores do Lions Clube Melvin Jones, em 29 de dezembro de 1978, com carta constitutiva em 31 de janeiro de 1979.
Foi interventor de Piripiri, no período de 18 a 31 de janeiro de 1967.
O presidente Castelo Branco o indicou para o cargo de governador do Piauí, mas ele não aceitou. Não tinha jeito para a política.
Herói da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha da Itália. Foi comandante do 3o Pelotão /7a Cia. / 6o R. I. Participou das batalhas de Rocca Pitigliana, Santa Maria Vigiliana e Montese. Nesta última saiu gravemente ferido.
Recebeu várias condecorações e medalhas: Cruz de Combate de 2a Classe, criada pelo Decreto-lei n0 6.795, de 17 de agosto de 1944; Sangue do Brasil (que significa ferido em combate), Campanha da Itália, Bronze Star Metal, Ferido de Guerra e Cruz Vermelha.
É um dos militares brasileiros mais condecorado nos Estados Unidos. Serviu em Teresina, no 25° BC. General da reserva.
Casou-se com a alemã Marga-Dora Wagner Poty, com quem teve os filhos Maria Otávia, Maria Madalena, Ana Maria, Sônia Maria, Tânia Maria, Vânia Maria, Eduardo e Peter.
Morando em Fortaleza, há anos, era quem abria, anualmente, os desfiles militares de 7 de setembro, data da Independência do Brasil.
Genu Moraes em foto de Guilherme Müller.
No livro 10 mulheres antes da hora, que o ex-coordenador de comunicação social do Estado, jornalista Fenelon Rocha, coordenou para homenagear as mulheres, em 2012, na página 64 tem uma foto minha com as medalhas dele, que nunca tinha sido revelada porque diziam que era proibido mostrá-la em público por eu estar usando as medalhas do Poty. Mas, agora, na minha idade, nada mais é proibido.
O Poty foi namorado ou noivo de Maria do Amparo, filha do coronel Torquato Araújo, fiel escudeiro do interventor Dr. Leônidas de Castro Mello, a quem serviu como chefe da Casa Militar. Quando o Poty rompeu com a Maria do Amparo, veio fazer corte a mim. Ainda saímos algumas vezes, mas eu não quis nada mais sério com ele. Eu o achava interessante, mas não dava. O Poty era louco de pedra. Diziam que por ter participado da guerra. Sei lá!
O Poty teve oito irmãos, cinco dos quais morreram de tuberculose. Deles eu me lembro bem de Maria Madalena, que ainda está viva e lúcida aos 98 anos de idade, morando, atualmente, em Fortaleza, e de Maria Vitória, que foi casada com um Bandeira, de Piripiri.
Maria Vitória foi para o Rio de Janeiro fazer enfermagem na escola Ana Nery, muito conceituada nessa área. Era uma moça muito alta, elegante. Dizem que ficou tuberculosa de tanto estudar. E morreu.
Quando o Antônio faleceu, em 25 de agosto de 1998, pouco tempo depois o Poty me visitou no Cerimonial do Palácio de Karnak, propondo casamento. Eu respondi que se não me casei com ele quando eu tinha 18 anos de idade, não seria agora. Ele ainda fez várias tentativas, mas viu que não dava mesmo e terminou por desistir.
Ele me chamava carinhosamente de Bione, na lembrança de uma moça loura italiana que ele deve ter conhecido quando esteve na Itália. Ele gostava de caçada, principalmente mulheres. Era um danado.
O Poty, já na reserva como general, depois de alguns dias em tratamento de pneumonia em seu apartamento, não resistiu e faleceu em Fortaleza, em 8 de maio de 2014.
Do livro Genu Moraes - a Mulher e o Tempo
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