quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cunha e Silva em Educação Hoje

Professor Cunha e Silva, em memória.

Existem, no Piauí, alguns poucos cidadãos que tiveram no passado uma experiência política, profissional e intelectual de grande repercussão, e que, até por força da idade avançada, vivem dias de pouca atividade, muita calma e certo isolamento do amplo público. Um desses homens é FRANCISCO CUNHA E SILVA, 82 anos, professor, jornalista e membro da Academia Piauiense de Letras. Ele viveu os principais momentos da história do Piauí, a partir de 1990, e participou ativamente em diversas dessas fases, sempre demonstrando muita garra, sabedoria, coerência e também uma firme opção pelos mais pobres, pelos oprimidos.

EDUCAÇÃO HOJE – Professor Cunha e Silva, fale para nós da “Educação Hoje” sobre Amarante, a sua cidade, do inicio do século. Amarante, até começo do século atual, era uma das melhores cidades do Piauí. Não só pelo seu comércio, como pela fartura do povo. Havia jornais, duas tipografias. O povo, que ali viveu e viu a época de Da Costa e Silva, gostava de ler, gostava de festas culturais, admirava muito a literatura. Então, foi esse ambiente, esse clima, que ancorou naturalmente na alma de Da Costa e Silva, momentos de amor à poesia e à música. Amarante foi, portanto, uma das cidades mais prósperas e ricas do Piauí, desde o século passado e início deste. O município era muito maior do que é hoje, mas foi retalhado. E mais: geraram-se novos municípios, entre os quais, Angical e São Pedro. De uma certa forma, o começo de suas relações com as cidades e povoados do Maranhão. Era uma cidade alegre, festiva, o povo gostava muito de festa; era um povo associativo, enfim.

EDUCAÇÃO HOJE – Esse clima, esse ambiente todo durou até quando? – Infelizmente só até 1910!


EDUCAÇÃO HOJE – E de que forma ou por quais razões aconteceu essa decadência? - Com a queda da borracha, que não só atingiu a próspera Amarante, de então, como a todos os estados que tinham como principal atividade econômica a reprodução da “Heleia Brasiliense”, a qual nós chamávamos nesse tempo de “Maniçoba”. Aliás, esse era o nome genérico de nossa borracha, naquele tempo. Meu pai, até, foi um dos mais fortes comerciantes da cidade. Talvez, o segundo comerciante em capital e em movimentação comercial. Mais, como já disse, em 1910, mais ou menos, começou a decadência generalizada na região. A de Amarante provocou saída de alguns comerciantes bem estabelecidos para Floriano e outras cidades. Bom, mais o principal motivo foram as cabeças de nossa terra, as más administrações municipais que, mesmo por falta de recursos, não se decidiam por atividades em benefício dos municípios, com raras exceções. Nesse tempo surgiram cidades de grande progresso, como Floriano, Picos, Campo Maior e outras. Tempo esse quando Amarante já desfrutava todo o apogeu, Parnaíba era o centro principal da economia piauiense. Os comerciantes de Amarante faziam muita transação comercial com grandes filões de Parnaíba, algumas vezes com Teresina; outras, com alguns Estados. Havia até uma firma em Amarante que tinha transação direta com Liverpool, na Inglaterra. Dessa forma, tal era o grau de adoção comercial que Amarante foi uma cidade sumosamente de proporção rica.

POLÍTICA FEITA DE REPRESÁLIAS E VINGANÇAS

EDUCAÇÃO HOJE – Qual era a estrutura político-partidária de Amarante? Em que proporções a cidade teve alguma participação política? – De certa forma, Amarante teve alguma participação. Sua política era feita de represálias e vinganças. Não havia partidos de âmbito nacional. Os partidos eram do governo e da oposição e pertenciam às famílias do município. A disputa era intensa de uma família contra a outra. Assim, não havia a esperada solidariedade para o bem-comum, para a prosperidade, exceto em alguns casos e com raríssima exceção, conforme eu já tenho dito em diversos artigos meus. Comecei a escrever com mais profundidade sobre o assunto em janeiro de 1928, quando cheguei no Rio de Janeiro. Na minha terra, essas apreciações eu as fiz a muito tempo, desde quando eu comecei a colaborar na imprensa do Piauí. Eu não falava somente sobre Amarante, em particular, falava sobre todos os municípios piauienses e de todo o Brasil. Mais, não tenha duvida, a política era estreita, rasteira, a ponto de ser comum o fato de um intendente deixar um determinado serviço feito ou por concluir e o seu sucessor quando o adversário desmanchá-lo por inteiro.

EDUCAÇÃO HOJE – Quer dizer, então, que o menino e adolescente Cunha e Silva de nada desfrutaram de todo o apogeu amarantino, pois, conforme o senhor mesmo afirma, a decadência começou em 1910. – Mais até 1920, quando eu saí de Amarante, a cidade não havia de todo o entrado no esfacelamento econômico a coisa já era bem evidenciada, embora ainda existisse a atividade comercial. A parte cultural mesmo, nesse tempo, já não existia mais.

EDUCAÇÃO HOJE – Quando e como foi a sua saída de Amarante? – Em 1917, meu pai me internou no Colégio Bento XV, em Teresina, cujo diretor e proprietário, era o Monsenhor Cícero Portela Nunes, tio do ilustre e saudoso piauiense Petrônio Portella. Nesse colégio, eu passei três anos. Fiz nele quatro preparatórios. Depois, meu pai me mandou para um colégio – também interno – em Salvador, na Bahia. Eu tinha 14 anos apenas. Quando chegamos a Salvador, o navio “Joel Freitas”, que vinha transportando, na terceira classe, muita gente acometida da terrível “gripe espanhola” e que chegou a matar várias pessoas no Brasil, não pode atracar. Bom, dessa forma, eu e os demais passageiros fomos, sem querer, parar na cidade do Rio de Janeiro. Em lá chegando, eu, de imediato, telegrafei para o meu pai contando o que houve. Ele, então, aproveitando a estada do Senador Abdias Neves em Amarante, que era seu amigo político, pediu que este indicasse um correspondente para mim, lá no Rio. O Senado Abdias Neves indicou-lhe o Dr. Joaquim de Lima Pires Ferreira, que depois foi Senador da República e antes havia sido deputado federal. O Dr. Joaquim Pires, em 1920, cuidou de tudo e me internou no Colégio Santa Rosa, em Niterói. Nesse colégio eu terminei os preparatórios.

EDUCAÇÃO HOJE – Os preparatórios correspondem, hoje, a quê? – Aos cursos de primeiro e segundo graus.

EDUCAÇÃO HOJE – Com os preparatórios concluídos, o senhor retornou à Amarante? – Sim. Meu pai ainda era vivo. Mas, em lá chegando, meu pai aconselhou-me a voltar para prosseguir meus estudos, em razão, dizia ele, de eu ser inteligente e muito aplicado. Voltei para o Rio de Janeiro, depois de ter passado quatro meses em São Luís do Maranhão. Do Rio, por motivos particulares e em razão inclusive do próprio Joaquim Pires, eu resolvi retornar ao Piauí, em dezembro de 1927.

“FUNDEI EM 1931 O ATENEU RUI BARBOSA”

EDUCAÇÃO HOJE – Fale do seu retorno e dos acontecimentos que à este seguiram: o “Ateneu Rui Barbosa”, por exemplo, como surgiu? – Logo que eu cheguei, em 1927, fui a convite do professor Odilon Nunes, recém-chegado do Espírito Santo, chamado para lecionar no ginásio Amarantino que ele fundara logo que chegara em Amarante. Nesse ginásio, eu fui professor de português, geografia e historia, durante três anos. Tempo que durou esse Educandário que tanto prestou bons serviços à minha terra. Odilon Nunes foi convidado pelo o então Diretor da instrução Publica, Martins Napoleão para o cargo de inspetor de ensino. Tendo aceito, ele veio para Teresina a fim de exercer o cargo. Com sua saída de Amarante o Dr. Rodrigues Vieira, nosso tão ilustre Joca Vieira, ficou com o Educandário e eu continuei a lecionar as mesmas matérias. Porem, Joca Vieira – que eu, de saudosa memória digo sempre que foi um dos melhores homens que já conheci em toda a minha vida – pelo caráter e também, pelo bom coração – não se demorou muito e decidi não mais continuar com o colégio. Nessa oportunidade, eu comprei todo o equipamento do ginásio e fundei partindo daí, em 1931, o “Ateneu Rui Barbosa”. Já o iniciei com o curso primário completo, o curso de admissão e, ainda, o curso complementar. Este último destinava-se aos alunos que não queriam ou não podiam continuar os estudos. O “Ateneu Rui Barbosa” existiu até quando eu me transferi, em 1947, para Teresina.

EDUCAÇÃO HOJE – Como foi sua vinda à Teresina? – Eu vim para a capital a fim de ocupar, no Liceu Piauiense a cadeira de Geografia. A minha saída de Amarante, foi, portanto, uma conseqüência natural...

EDUCAÇÃO HOJE – E o “Ateneu Rui Barbosa”, como ficou com sua saída? – Fechado. As dificuldades da época eram tantas... o “Ateneu Rui Barbosa” foi um educandário abençoado por Deus, por que nele estudaram homens de grande projeção na vida política, administrativa, cultural, social e econômica do Piauí e do Brasil. Entre esses alunos, cito Eduardo Neiva; Paulo Grota, primeiro vice-presidente do Banco do Brasil, homem de grande inteligência e cultura; Dirceu Mendes Arcoverde, Governador do Estado e Senador da República, já falecido para tristeza nossa; seu irmão Waldir Arcoverde, Ex-Ministro da Saúde; Bernardino Viana, Ex-Senador da República; Vicente Soares Ribeiro, Catedrático da Universidade de Goiânia, cientista de renome nacional e seus irmãos: Doroteu Soares Ribeiro, Professor Catedrático da Universidade Federal do Maranhão, José Maria Soares Ribeiro, Inspetor do Banco do Brasil e Carlinhos Soares Ribeiro, hoje aposentado e que exerceu importante cargo no antigo INPC; Lima Moreira, Ex-Deputado Federal e atual diretor da revista “Terceiro Mundo”; e, assim muitos outros.

“NINGUÉM SE INCOMODOU COM MINHA SITUAÇÃO POLÍTICA”

EDUCAÇÃO HOJE – E o jornalista Político Cunha e Silva, como surgiu, como e onde atuou? – Quando cheguei a Amarante, fervia uma campanha política terrível. Eu, então, me filiei à Dissidência, que era uma espécie de partido contrario ao Governo do Estado, na época, exercido por João de Deus Pires. Meus primeiros artigos foram para o “Jornal de Floriano”, um dos melhores jornais que o Piauí já teve. Em seguida, comecei a escrever para dois jornais de Teresina: “A Gazeta”, de Belenos; e o “Tempo”, de Cláudio Pacheco. Sempre, e a partir daí, colaborei em diversos jornais de Teresina e Floriano e, algumas vezes, para o jornal de São Luís, “O Imparcial”. Dois artigos meus foram publicados no “Diário de Noticia” do Rio de Janeiro. Compartilhei com todas as campanhas políticas, desde a sucessão presidencial às eleições para Governador do Estado e Prefeito de Amarante. E sempre fazendo jornalismo político.

EDUCAÇÃO HOJE – E a situação política mesma com ficou? – Em 1935, eu ingressei na Aliança Nacional Libertadora que era um partido legalizado, mas depois descobriram que era manobrado clandestinamente: era um partido comunista. Em vista disso, fui preso, processado e condenado a um ano de prisão. Foi na prisão que ouvi de um amigo que dificilmente encontraria meus alunos quando saísse dali. Ocorreu o contrário: quando cheguei a São Pedro do Piauí, veio de Amarante um caminhão cheio de amarantinos que se encontraram comigo e me acompanharam até Amarante. E o Colégio onde eu ensinava ficou, desse tempo em diante, mais frequentado. Ninguém se incomodou com minha situação política. Ali fiquei até me transferir para Teresina, com a Família, para ocupar a Cadeira de Geografia do Brasil no Liceu Piauiense.

“OS INDIGENTES CONSTITUEM UMA DAS ÁREAS MAIS TRISTES E DOLOROSAS DA VIDA SOCIAL BRASILEIRA”

EDUCAÇÃO HOJE – E a vida política? – Eu havia partido da U.N.D. (União Democrática Nacional) e durante a ditadura de Getúlio Vargas, quando escrevia (havia habilidade para escrever), eu combatia a ditadura, sem desconhecer, porém, os benefícios que ele fez ao País, como a legislação trabalhista e outros benefícios. Há muita coisa errada no populismo aqui nos países da America Latina, porque eles confundem populismo com caldilhismo, com demagogia, mas há também a parte positiva, que ninguém pode negar. A legislação trabalhista de Getúlio Vargas foi uma das mais avançadas do mundo, talvez mais avançada que a legislação da Turquia.

EDUCAÇÃO HOJE – Há quem diga que o populismo de Getúlio Vargas está para o Brasil como o fascismo está para a Itália de Mussoline, o senhor concorda? – O Estado Novo, como todo mundo sabe, foi um arremedo do Estado Fascista de Mussoline, do Estado Novo de “Oliveira Salazar”, de Portugal. Getúlio Vargas não foi, portanto, um político liberal. Tinha muito apego à política pessoal. Porém, não se pode negar que ele foi também um nacionalista, e por isto, mesmo, sofreu reação da política imperialista dos Estados Unidos. O que mais se combatia em Getúlio Vargas era a sua prática repressiva e policialesca. Ele amparou todas as arbitrariedades cometidas pelo chefe de policia...

EDUCAÇÃO HOJE – Além da política, sobre o que mais o senhor se interessava e escrevia? – Nas minhas colaborações a jornais e revistas eu não escrevia somente política, mas também assuntos sociais, poesias, contos. Sempre fui um grande cultivador da literatura. Além de milhares de artigos publicados em diversos jornais do Piauí, já publiquei o livro “A República dos Mendigos”, trabalho sociológico que, em quatro meses, vendeu mil exemplares. (...) Em alguma coisa existe. Não sob o aspecto de empresário, mas de político democrático. Também co a idéia de uma sociedade mais avançada, não a racista, sonhada pelo comunismo e pelo socialismo marxista, mas uma sociedade democrática mais aproximada da doutrina cristã, que é hoje seguida pela igreja Católica, sempre defendendo o direito dos pobres e dos trabalhadores.

“OS PODERES NO BRASIL DEVEM TER COMO META PRIORITÁRIA E EDUCAÇÃO DO POVO”

EDUCAÇÃO HOJE – Como foi construída “A República dos Mendigos”? – É uma ficção. A história da principal personagem, Simão Lopes, é imaginária. Eu quero salientar que a minha narrativa não é utópica, mas coisa realizável. No livro, ressaltei a falta de assistência quase absoluta aos indigentes do interior do Brasil, sobretudo, no Nordeste, flagelados peã seca. Os indigentes constituem uma das áreas mais tristes e dolorosas da vida social brasileira, porque eles geralmente não têm assistência dos poderes públicos. Vivem mais para não morrer. Muita coisa do meu livro aprendi na vida da Sociedade Salesiana. Por exemplo, p desapego aos bens materiais. Na Sociedade Salesiana não existem ricos nem pobres: ambos trabalham e que se dedicam à mocidade, à juventude.


EDUCAÇÃO HOJE – Fale-nos sobre seu segundo livro. – O segundo livro, que está com o presidente da Academia Piauiense de Letras tem o titulo “Copa e Cozinha”. Ele deverá ser editado na COMEPI. Disse-me Tito Filho, que em breve vai começar a impressão do livro. Meu terceiro trabalho é “Gato de Palácio” e já está pronto.

EDUCAÇÃO HOJE – Esses dois últimos livros têm alguma identificação com o primeiro? – São mais políticos. “Gato de Palácio” mostra os frequentadores do Palácio que não vão para ajudar os governantes. São os que vão para bajular, tomar cafezinho e, com isso, dizer que são homens do governo. Eu acho que este livro é mais interessante sob este aspecto. Tive a idéia de fazer este trabalho nos nove anos e meses que estive como auxiliar do Governo do Piauí. Observei a psicologia dos frequentadores do palácio, com exceção de pura invenção minha, de pura ficção. Esses casos de ficção não ocorreram no Governo do Piauí. No livro há um anedotário popular político. E o “Copa e Cozinha” tem o aspecto de recato na minha vida política, do meu tempo de prisão. Falo também um pouco sobre a guerra e a paz.

EDUCAÇÃO HOJE – O que representou a prisão na sua vida? – A minha prisão, em termos morais, não me modificou coisa alguma. Saí com o mesmo espírito de luta para defender causas boas, as causas mais sagradas da nacionalidade.

EDUCAÇÃO HOJE – Como é para o Senhor ser membro da Academia de Letras? – Apesar de minha grande atividade ter sido no Magistério, nunca tive ambição de ingressar na Academia Piauiense de Letras e, modéstia parte, eu não sou vaidoso e muito menos orgulhoso; sou um homem simples, pobre, apesar de ter nascido em berço-de-ouro, como se diz. Há alguns anos, o professor Tito Filho, que é o presidente da Academia, me convidou para nela ingressar. Na primeira oportunidade, eu me candidatei e tive como opositor o Professor José de Ribamar Nunes, moço de muito talento, culto e muita fibra. Na campanha pela vaga na Academia, ele se portou muito bem, graças a Deus. Desde então fiquei cada vez mais interessado pela literatura, principalmente, no Piauí. O professor Tito Filho tem feito muito pela Academia e pelo o desenvolvimento da cultura piauiense.

EDUCAÇÃO HOJE – Professor, como é que o Senhor ver a “Nova República” que está se instalando ai, após todo este período tumultuado? Essas promessas de mudanças, como jornalista, como homem de visão, um homem político, como o senhor as vê? – Em 1964, quando veio o movimento revolucionário, que tinha o intuito de aprimorar as instituições democráticas, eu não podia, por causa da censura, se bem que, no Governo do Presidente Castelo Branco, a censura ficou mais branda. Depois verifiquei que o movimento tomou outro rumo, se desviou do seu caminho e caiu numa ditadura militar. A partir daí tornei-me hostil ao regime. Eu combatia o novo regime pelo lado político que era contrário as minhas idéias, como homem político e como jornalista; de forma que eu sempre briguei pela organização do país, pela sua redemocratização. Fiquei muito satisfeito com a vitória do Dr. Tancredo Neves para a Presidência da República. Eu conheço o passado do Dr. Tancredo Neves e antevejo que ele fará um bom governo, e espero que se há de realizar alguma coisa mais do que promessas.

“OS PODERES DO BRASIL DEVEM TER COMO META PRIORITÁRIA A EDUCAÇÃO DO POVO”

EDUCAÇÃO HOJE – A Secretaria da Educação completou 30 anos, como é que o Senhor vê este fato? Este assunto de Educação é um assunto também provincial para mim. Sobre ele tenho tratado algumas vezes em artigos para a imprensa local e tenho observado que, nestes 30 anos, o Piauí nunca foi o mesmo. Se não melhorou na gestão Átila Freitas Lira, foi porque faltou recursos financeiros. Átila parece ter sido o mais ativo Secretário da Educação que o Piauí já teve.

EDUCAÇÃO HOJE – Em termos de valorização do Magistério, o Senhor acha que deve partir da melhoria salarial do professor? – Ainda existem muitos professores no interior do Estado que não recebem nem o salário mínimo. Este é um problema que o Governo deve tratar com urgência, diante do custo de vida. Dessa forma, ninguém quer ser professor. Os poderes no Brasil devem ter como meta prioritária a Educação do povo, como foi feita no Japão, que saiu atrasado para uma nação super industrializada, e hoje é a 3ª potência no contexto das nações.

EDUCAÇÃO HOJE - Para finalizar, o Senhor tem alguma mensagem para estes novos professores, para esta nova geração que está hoje dentro da sala de aula? – Sou um professor nato. Nasci com a criação do Magistério Piauiense e eu me preocupo com a sua sobrevivência, mas este lado material da vida não é tudo. O professor deve visar, em primeiro lugar, a sua obrigação que é ensinar e ensinar bem.

Nota Bene: O professor Cunha e Silva faleceu, mas suas ideias e ideais permanecem. Por isso essa republicação de sua entrevista, que teve como fonte o Portal Entretextos, do professor Dilson Lages.

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