sexta-feira, 13 de abril de 2012

Bravura piauiense destacada no Senado

Governador Wilson Martins. Foto de Wladimir Barreto.

Ao relembrar nesta segunda-feira (14.3.211), durante sessão do Senado Federal, os 188 anos da Batalha do Jenipapo, o governador do Piauí, Wilson Martins, salientou a importância dos piauienses para a história da independência do Brasil.

Wilson Martins ressaltou ainda a importância do registro histórico feito pelo escritor Laurentino Gomes em suas obras 1808 e 1822, que contribuíram para que a participação do Piauí na consolidação da independência do país se tornasse conhecida.

O governador encerrou seu discurso afirmando que, em 2008, o Piauí superou a média nacional tendo registrado o maior crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), de 8,8%.Aproveitou a ocasião para pedir o apoio da bancada do Piauí no Congresso Nacional no atendimento às prioridades do estado e na continuidade da política de desenvolvimento implantada no governo Lula.

O SR. WILSON MARTINS – Muito boa-tarde a todos! Cumprimento o Sr. Presidente desta sessão, Senador Wellington Dias, saudando os demais Senadores em nome dos Senadores que se pronunciaram desta tribuna sobre a nossa história, Senador Mozarildo Cavalcanti, Senadora Vanessa, do PC do B, do nosso companheiro Osmar Júnior e também o Senador Crivella.
Muito já aprendemos aqui sobre a história, já ouvimos tantos como o nosso companheiro Deputado Assis Carvalho, que também cumprimentamos, Deputado Hugo Napoleão, Deputado Paes Landim, Ismar Marques, que representa aqui o Presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, Deputado Temístocles Filho, e também nosso escritor e jornalista Laurentino Gomes.
Queremos saudar os demais Senadores e Senadoras, saudar os Deputados Federais do Estado do Piauí, Nazareno Fonteles, Jesus Rodrigues, Secretário e Ex-Deputado Federal Dr. B. Sá, demais autoridades do nosso querido Estado do Piauí, homens e mulheres que vieram para esta solenidade.
Mas muito já aprendemos nesta tarde, meu caro Presidente, Senador Wellington Dias. Mas é preciso que a gente possa reafirmar aquilo que é bom e que é positivo. 
Quando D. João VI resolveu voltar para Portugal, pelas circunstâncias da vontade do povo do Brasil, na construção da sua independência, preocupado com o movimento nacionalista que se avolumava de forma rápida, mandou para o Brasil um dos seus principais comandantes, acostumado a guerras na Europa e a combater também os franceses com Napoleão Bonaparte em vitorias que foram, ao longo dos anos, importantes para Portugal, portanto mandando seu afilhado Fidié para o Piauí para criar o Brasil do Norte, com os Estados do Piauí, do Maranhão e do Grão-Pará, envolvendo aí os Estados do Pará e do Amazonas hoje. 
Fidié chega ao Brasil, chega a Oeiras e toma posse como Governador das Armas no dia 16 de agosto de 1922, portanto um mês e doze dias antes do Grito do Ipiranga, da Independência do Brasil. E a partir de então não tem sossego, porque logo no dia 19 de outubro de 1822, os piauienses do Norte, lá na Parnaíba, comandados por Simplício Dias, Presidente do Senado da Câmara em Paranaíba, por Leonardo Castello Branco, com sua juventude e sua impaciência, por João Cândido de Deus, declarararam a independência do Piauí. Isto foi no dia 19 de outubro de 1822, portanto pouco tempo depois de declarada a Independência do Brasil, em anos, meu caro Laurentino, em que não havia absolutamente nenhuma facilidade para a comunicação. Daí a grandeza que representa esse grito de independência na nossa querida cidade de Parnaíba. 
Fidié, que se dizia estrategista, cometeu um grande erro deixando a capital Oeiras para combater lá a revolta pela independência do norte do Piauí. Foi aí que começou a sua desgraça e foi aí que começou a história da nossa independência. Passou por Campo Maior, por Piracuruca, demorou quase dois meses para chegar a Parnaíba, onde se demorou quase dois meses também. Quando voltou, a historia fala da sua passagem por Piracuruca e por um combate que, na realidade, em Piracuruca, na Lagoa do Jacaré, não havia preparo e foi mais uma corrida, foi mais uma perseguição de desmandos cometidos em Piracuruca, pois todas as casas que ficaram abandonadas tiveram seus bens subtraídos pelo grupo que andava com Fidié.
E dali, em 13 de março, se encontram na cidade de Campo Maior, às margens do rio Jenipapo, onde um exército improvisado e sem nenhuma preparação dos brasileiros, como já foi bem dito aqui, de homens e mulheres, de agricultores familiares, usando armas como as garruchas, como as lazarinas, as bate-buchas, machados, foices e facões foram ao combate e perderam a guerra, comandados por Luís Rodrigues Chaves, combatente exemplar que, mesmo perdendo a guerra e tendo mais de duzentos mortos e de quinhentos feridos, foi fundamental para a história da nossa independência. E aquilo que o Deputado Assis Carvalho colocou aqui, assim como o nosso Deputado Federal Hugo Napoleão, que houve subtração da munição, das armas, mas também soltaram os animais depois, no descanso pós-guerra dos portugueses.
E aí enfraqueceram todos os planos do comandante Fidié, que resolveu, de forma enfraquecida, mudar seu rumo e, ao invés de voltar para Oeiras, seguir e atravessar em Estanhado, hoje União, para a cidade de Caxias.
Felizmente, nosso Presidente José Sarney não está aqui, mas, à época, Caxias tinha um decidido apoio e uma excelente relação com a Coroa Portuguesa. Fidié foi para Caxias porque esperava receber o apoio de Portugal, o qual, durante quase três meses, não chegou.
E aí, Luís Rodrigues Chaves, junto com Manoel de Sousa Martins, já comandando o Exército, com cearenses, com maranhenses e com piauienses, saiu em perseguição ao comandante Fidié.
Em 24 de janeiro, meu caro Assis, na nossa querida Oeiras, foi o dia constitucional da independência do Piauí. Manoel de Sousa Martins foi à Câmara do Senado de Oeiras e declarou, em sessão solene, a independência do Estado do Piauí. 
Uma semana, dez dias antes, no dia 13 de dezembro, a noite da chicotada, da chibatada, na realidade, foi um plano bem feito, estrategicamente pensado na casa do Brigadeiro Manoel de Sousa Martins, e lá não só prenderam os guardas, mas, sobretudo, tomaram conta dos armamentos que estavam lá e também de toda a pólvora e de toda a munição. Começava ali a independência do Piauí na cidade de Oeiras.
Mas aí, de Caxias, não teve outra saída para Fidié. Sitiado no morro do Alecrim, ele se entregou e, graças à Deus – como disse aqui o nosso Senador Wellington Dias –, pela experiência, pela capacidade de articular de Manoel de Sousa Martins, porque o sentimento da grande maioria de exército piauiense, dos soldados que se juntaram vindos do Ceará e também do Maranhão, é para que se linchasse ali mesmo o Fidié e sua tropa.
Mas o comandante, o Brigadeiro Manuel de Sousa Martins se conteve e disse: “Não! Não é dessa forma! Vamos prendê-lo! Vamos torná-lo prisioneiro!” E assim o fez. Levou-o para Oeiras, onde ficou preso por algum tempo, de onde foi para Salvador, na Bahia, depois para o Rio de Janeiro, como frisou aqui muito bem o nosso Senador Wellington Dias. Lá ele teve a oportunidade de escrever suas memórias, fundamentais para os registros históricos, da história, da Independência do Brasil, da nossa independência do Piauí.
Quero, para não ser repetitivo, porque existem muito mais detalhes, Sr. Presidente, Senador Wellington Dias, dizer que há pouco tempo Laurentino Gomes resolveu visitar o Piauí. junto com o nosso companheiro Fonseca Neto, professor da Universidade Federal do Piauí e também historiador. Fizeram uma visita ao monumento do Jenipapo, foram a Campo Maior, no dia 13 de junho, Festa de Santo Antônio. Lá contemplam a beleza de nossa religiosidade, do alto do monumento que foi feito para o Jenipapo. Viu ao vivo o acontecido e os registros feitos pelo povo do Piauí da história do Jenipapo. A partir de então, pela beleza da leitura dos livros 1808 e 1822, o País todo, o Brasil todo e também o Piauí passaram a conhecer uma história importante de sua independência e também da independência do Brasil.
Vale registrar que piauienses como Abdias Neves, meu caro Deputado Hugo Napoleão, como Abdias Neves, como Wilson Brandão, como Monsenhor Chaves, como Fonseca Neto, como Paulo Nunes têm registros irreparáveis da nossa história da independência do Piauí e da Batalha do Jenipapo.
Mas foi Deus que fez, com o conhecimento que tem, com a história que tem, Laurentino Gomes fazer com que este registro pudesse ser nacionalmente reconhecido.
Portanto, meu caro Presidente Wellington Dias, no momento em que agradecemos a V. Exª a lembrança – o que também já foi lembrado nesta Casa por outros Senadores do Piauí –, queremos fazer os agradecimentos ao Senado Federal, em nome do nosso Presidente José Sarney e de todos os Senadores e Senadoras, pela oportunidade desta sessão especial em homenagem à nossa história, à nossa gente e à bravura do povo Piauí.
Queremos, portanto, fazer mais um pedido. E aí vale, agora, a necessidade que tem o Estado do Piauí, um Estado que vem se transformando ao longo dos anos; cada um dos seus governantes, fazendo a sua parte, colocando o seu tijolo.
Reconhecemos o tanto que avançamos nos últimos oito anos da gestão do nosso Senador Wellington Dias. Mas nós precisamos muito que os Pares do Senador Wellington Dias nesta Casa possam ajudar tanto ele como o Senador Ciro Nogueira e o Senador João Vicente Claudino para que a independência verdadeira do Piauí, a transformação de nossas riquezas, de nossas potencialidades possam ser verdadeiramente importantes e priorizadas por esta Casa, pelo Senado Federal no sentido de que a gente possa avançar a passos largos, comemorando o fato que aconteceu recentemente, no ano de 2008: o Piauí ser um dos Estados que teve o maior crescimento do Produto Interno Bruto.
Por isso, devemos correr a favor desta corrente importante de desenvolvimento do nosso País, da sua infraestrutura, que foi implementada pelo nosso querido ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Portanto, meu caro Presidente Wellington Dias, nossos agradecimentos fraternos a esta Casa, ao Senado Federal, pela lembrança e pela oportunidade de estarmos aqui, falando e enaltecendo a bravura do povo piauiense.
Muito obrigado. (Palmas.)

Agência Senado: (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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