sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Luís Gonzaga

Luís Gonzaga, rei do baião.

José Maria Vasconcelos
josemaria001@hotmail.com

99 anos faria, neste dezembro 2011, o Rei do Baião, morto há 22 anos. Rei, e não reles da música miserável, tanto de conteúdo da letra quanto da zoadeira metálica da maioria forrozeira, indústria da safadeza, que abarrota rádios e áreas abertas. 

Bastam alguns versos de Luís Gonzaga para nenhum entendedor de literatura botar defeito: "Só trazia a coragem e a cara/ Viajando num pau-de-arara/ Eu penei, mas aqui fiquei." Quanto sentimento coletivo e telúrico retratando a saga do nordestino, fugindo à seca e miséria! Quer ver outros? "Quando o verde dos teus oios se espraiá na prantação/ Eu te asseguro, viu, que vortarei meu coração." alguém já produziu esses versos? Ninguém, por isso é arte. E não gororobas repetidas, tipo "volte pra mim, porque te amo". Gênio na música, o rei teve a sorte de parceria com dois talentos na letra, Humberto Teixeira e José Dantas. 

Porém, a malandragem do forró peba produz criminosas letras, de levar muita gente pra cadeia. Uma, cujos versos falam mais ou menos assim: "Se matar, vou preso/ Se roubar, vou preso/ mas prefiro uma menina de 17 anos." Não decoro inspirações anais. 

Cadê a ação das autoridades da infância e adolescência? Cadê os juízes federais e estaduais, promotores e patrulhas da moral? A apresentadora Xuxa foi proibida, nos Estados Unidos, de apresentar programa infantil. Sabe por quê? Porque, no início da carreira, a loirona exibiu seus teores eróticos com adolescente, em uma trilha de cinema. Reação no país que se diz democrático. Imagine no Oriente. Execução na certa. Aqui, democracia virou liberdade para roubar e prostituir. 

Francisco Miguel de Moura - Membro da Academia Piauiense de Letras, Chico envia um presente nada natalino, mas a coluna agradece: "Você ouviu um ministro ou ex-ministro da Educação dizer hoje na tevê: "A ajuda fica mais perta da população" (como se a palavra invariável tivesse flexão feminina)? É o mesmo que dizer menas a verdade. Doi, não?" - Doi, e muito, Chico! O marmanjo deve ter estudado a gramática da milionária do MEC, uma tal de Heloísa. 

Antônio Carlos - Professor de Teologia em curso universitário de Fortaleza, Carlos enviou: "Eu tenho um amigo que é professor de língua portuguesa, e ele sempre comenta que os alunos lhe pedem para fazer um curso de redação. Ele sempre responde que ninguém ensina outrem a redigir, porque a gente aprende a redigir com a leitura que fazemos. Quem não lê, não escreve, não tem mágica. Quem não lê, não tem vocabulário, não sabe construir frases, períodos, parágrafos, não sabe pontuar, não sabe se expressar. E como existe isso dentre nossos alunos universitários! São poucos os que fazem exceção. Numa turma de 50 alunos, tiram-se uns 5 que sabem escrever; os demais apenas maltratam a língua portuguesa de todas as maneiras.
Está bem dentro do tema que você, oportunamente, abordou. Tv, internet e celular não trazem cultura pra ninguém. Agora, o grande desafio é fazer os jovens gostarem de leitura, mesmo com os novíssimos e-books, isso é difícil. Aí está uma coisa que a tv ajudou a sepultar: o hábito de ler."

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