quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Duque Bacelar – Um predestinado

Raimundo Bacelar e Juscelino Kubitschek.

Magno Pires 

O sucesso causa inveja e constrói inimizades; pré-dispõe as pessoas ao ciúme; provoca assassinatos e homicídios; estimula a traição e emoldura a tocaia. O sucesso convive com o trabalho, a coragem, a determinação e a ousadia. Os homens bens sucedidos são invejados, temidos, odiados e amados. Duque Bacelar viveu nesse cenário, nesse espaço e tempo, onde as atribulações políticas, comerciais e até familiares pontificavam ações estratégicas de futuro capazes de provocar e/ou impingir, no meio social, nas pessoas, reações adversas e imponderáveis para inibir o êxito. Não considerou, entretanto, os impasses que se lhe antepunham e pospunham à sua caminhada, sua determinação, de soerguer um empório agrícola e comercial, numa região aplacada pelas dificuldades de um país feudal e numa sub-região onde as intrigas políticas também se sobrepunham ao trabalho honesto e honrado. E onde nem sequer respeitavam os laços familiares. Ainda hoje é assim; mudou pouco. Justamente porque a política impõe suas vontades e vantagens num verdadeiro determinismo sem delimitar as conseqüências de sua ação malfazeja. Onde os sentimentos humanos não são considerados porque a atitude político-partidária a tudo determinava e impunha. Contudo, Duque Bacelar, com o seu determinismo kelsiano a tudo superava, mesmo tendo que andar a pé 40 km diariamente, para exercer a função de Promotor, trabalho gratuito, numa cidade vizinha. 

Duque Bacelar, antes de ser brutalmente assassinado, a mando de adversários políticos e inimigos invejosos existentes no Maranhão, região de Coelho Neto, e no Piauí, município de Novo Nilo, construiu um patrimônio, especialmente imobiliário / rural fantástico, com escrituras que detinham a marca de advogados, engenheiros e agrimensores famosos, para comprovar e ratificar a retidão do bem havido e/ou comprado. E eliminar suspeitas de aquisição irregular. Antes de ser assassinado por dois pistoleiros que se passavam por comerciantes de redes, sofreu ainda uma tentativa de morte numa emboscada, alvejado que foi por um pistoleiro, quando viajava a cavalo para uma de suas fazendas, o que fazia permanentemente sem se preocupar com os tocaieiros, inimigos e pistoleiros. 

Duque Bacelar resistiu fazer política partidária; sabia dos riscos que corria; das dificuldades que haveria de enfrentar. Era um homem famoso, poderoso, mas humilde. Porém, ao enfileira-se na política, elegeu filhos e amigos prefeitos e a deputados. Raimundo Bacelar, que conheci na SUDENE, por intermédio de José Carlos Nunes da Silva, foi também Secretário de Estado do Governo do Maranhão e Presidente da Assembléia Legislativa. E Magno Bacelar, que conheço, além de prefeito de Coelho Neto, foi deputado federal e Senador da República. Além dos irmãos que também foram prefeitos. 

A família de Duque Bacelar, após a morte do genitor, ampliou os negócios deixados e adquiridos honradamente pelo pai, construindo um empório industrial, agroindustrial, agropecuário e de comunicação na vasta região que compreendia o Maranhão e o Piauí. 

Raimundo, Magno e Afonso, sob a liderança de Raimundo, implantaram com os benefícios fiscais e financeiros da SUDENE, a CEPALMA – uma moderna fábrica de papel (foi mais ousado e avançado que a SUZANO); a Usina Itapirema, indústria de açúcar e álcool; a AGROPEMA e a PASA – criatório de gado nelore, com milhares de cabeça. Adquiriu o que havia de mais moderno no planeta, nessas áreas produtivas de equipamentos indústrias e fincou numa região pobre e miserável um complexo industrial mais avançado que o Pólo Petroquímico da Bahia. E construiu ainda no Maranhão um moderníssimo sistema de rádio e televisão com padrão Globo de qualidade. Implantou com recursos próprios, investindo milhões de cruzeiros, a estrada que interliga Caxias a Coelho Neto, com 83 Km, para poder transportar os equipamentos da industria. 

Mas, todo esse patrimônio, avaliado em 400 milhões de Cruzeiros, moeda da época, foi arrebatado, roubado, num verdadeiro esbulho, restando-lhe apenas 10 milhões de Cruzeiros, o que recebera dos “supostos” adquirentes dos seus bens. Por que, a exemplo do pai Duque Bacelar, Raimundo, por ter cumprido a promessa do genitor, alargou potencialmente as atividades herdadas. E foi também vítima de invejosos que, apoiados pelos “revolucionários” da ditadura de 64, roubaram-lhe o patrimônio, alegando com a emissão de 40 laudos de infrações fiscais contra as empresas, todos derrubados no Conselho de Contribuintes. 

O Governo Federal, interveniente na transação, repassou as empresas para o Grupo João Santos, talvez o maior prêmio recebido pelo empresário pernambucano. Deixando a família Bacelar pobre, porém, digna, porque todos reconhecem que o grupo era honrado. (Artigo baseado no livro – Duque Bacelar – Um Predestinado, de autoria de Raimundo Bacelar.

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