quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Carta Aberta a Bid Lima Oeiras

Bid Lima, presidente da FUNDAC.

14 de janeiro de 2011

Querida Bid Lima Evidentemente qualquer carta dirigida a uma recém empossada presidente da Fundac, partindo de alguém educado, como fui, por meus queridos pais, não poderia deixar de começar desejando a você toda a sorte do mundo na gestão daquela instituição, coisa que faço agora, não apenas por educação, mas com verdadeiros sentimentos. Isso posto, vamos ao que interessa!

Morando em Oeiras onde, modéstia inclusa, me destaco, entre outros, como agitador cultural no melhor sentido do termo, tenho feito, nos últimos anos, fundadas críticas à atuação da entidade que, a partir de agora, você passa a presidir.

Sem ter a pretensão de ensinar o padre-nosso ao vigário, vale lembrar que Oeiras – primeira vila, primeira capital e primeira cidade do Piauí – é uma cidade histórica que, malgrado a incúria dos governantes em todos os níveis, mantém intensa atividade cultural no seio de sua sociedade onde, ainda hoje, se destacam musicistas como o laureado conjunto “Bandolins de Oeiras” e onde o grupo folclórico “Congos de Oeiras”, conhecido nacionalmente, mantém secular tradição. Desde 2004 tem sido realizado, anualmente, o Festival de Cultura de Oeiras, coisa que – uma lástima! – por motivos que não cabe aqui relatar, deixou de ocorrer em 2010. A Fundac é uma das entidades parceiras na realização desses eventos.

Aqui em Oeiras a entidade se responsabiliza pela gestão de dois equipamentos públicos, a saber, o Sobrado Major Selemérico, antigo Palácio do Governo da Província do Piauí, edifício totalmente restaurado, há poucos anos, pelo Programa Monumenta e onde, teoricamente, funciona um Centro Cultural e o Museu de Arte Sacra, instalado na antiga residência episcopal (Sobrado João Nepomuceno), o único do Piauí no gênero. É através deles que a Fundação mantém presença diária na comunidade oeirense e é, também, através deles, que ela deveria fomentar uma política cultural consistente, que garantisse aos jovens o acesso a bens e serviços que lhes permitiriam desenvolver suas potencialidades artísticas. Lamentavelmente isso não ocorre.

O Sobrado Major Selemérico ficou, durante anos, fechado sob a alegação de que sua estrutura encontrava-se comprometida. Restaurado, ainda passou mais de um ano totalmente desocupado Reaberto, hoje abriga o acervo do Instituto Histórico de Oeiras IHO, entidade privada de reconhecida utilidade pública e... mais nada, isto é, de fato não pode ser considerado um Centro Cultural. Se cobrado, o diretor do “Centro” alega, até com razão, não possuir as mínimas condições para promoção das atividades para as quais foi criado. Diante disso o “diretor” nada faz...mas recebe o salário no final do mês.

Já o Museu de Arte Sacra, ao contrário do que preconiza a moderna museologia para a qual “Os Museus estão em movimento, estão em mudança e desenvolvimento e são, eles mesmos, agentes de movimento, de desenvolvimeto e mudança social... Entre em sintonia com o nosso tema gerador, descubra o mundo de possibilidades que os museus oferecem” (texto de apresentação da 6ª Semana Nacional de Museus) permanece idêntico ao que conheci 8 anos atrás: a mesma disposição dos objetos nas salas, nenhuma atividade cultural ou pedagógica. As críticas que fazia à antiga diretora – conformismo e acomodação – servem para o novo e recém nomeado, o cantor Zé Branco (que se auto-intitula “O Ferinha do Brega”), alçado ao cargo por indicação, segundo se afirma, do grupo político do atual prefeito de Oeiras.

Sei perfeitamente que são muito poucas as cidades piauienses que tem equipamentos públicos, em nível estadual, voltados para a cultura mas isto, ao invés de confortar os que aqui residem, frustra e desanima, já que o uso (ou sub-uso?) que se faz destes equipamentos denota o descaso das autoridades pelo desenvolvimento da cultura no interior do Estado.

Por suas ligações com estes “Sertões de Dentro”, onde realizou, com reconhecido êxito, um “Festival de Rebecas” espero que modifique esta política visando uma real interiorização da cultura em nossa Terra Querida.

Reafirmando os votos de uma venturosa gestão, despeço-me com beijos e abraços do Joca Oeiras, o anjo andarilho

2 comentários:

EMERSON ARAÚJO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
EMERSON ARAÚJO disse...

Apesar do esforço do Joca Oeiras, legítimo por sinal, sou cético diante desta FUNDAC. Isso aí, nos últimos anos, nunca funcionou. Continuará um triste retrato na parede da burocracia estatal. Quem viver continuará vendo.