sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Heitor de Albuquerque Cavalcanti

Heitor de Albuquerque Cavalcanti, filho de Elpídio José Cavalcanti e de Petronila de Albuquerque Cavalcanti, casado com Hortência Soares Santos Cavalcanti, nasceu em Paulistana, a 7 de outubro de 1924, e faleceu no Itacor, em Teresina, na madrugada dessa sexta-feira, dia 26 de novembro de 2010, aos 86 anos de idade. Internado desde o dia 5 de setembro, ele teve problema de diverticulite (inflamação do intestino grosso), que foi agravado por uma pneumonia. O velório aconteceu na Pax União, na Avenida Miguel Rosa. O sepultamento se deu em Brasília, por decisão da família. Heitor Cavalcanti não teve filho, apenas uma enteada, fruto de um relacionamento anterior de dona Hortência, com quem vivia na capital federal.

Heitor Cavalcanti cursou o científico no Colégio Estadual da Bahia. O curso ginasial no Ginásio Dom Bosco, em Petrolina (PE), e a Faculdade de Farmácia, na Universidade de Juiz de Fora, formando-se em 1949.

Destacou-se na atividade partidária, sendo presidente do Diretório Estadual da UDN, subsecretário do Diretório Nacional da UDN e presidente do gabinete executivo regional da Arena no Piauí.

Foi deputado estadual de 1955 a 1959. Assumiu e foi efetivado no mandato de deputado federal na legislatura 1959-1963, na vaga do deputado federal Francisco das Chagas Rodrigues, eleito também para o governo do Estado (a lei eleitoral da época assim permitia). Em 1963 foi reeleito para a Câmara dos deputados, permanecendo até a década de 1970, quando estava na Arena. Foi presidente do Clube do Congresso. Membro da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e da Diretoria da associação Interparlamentar de Turismo, sediada em Genebra. Foi conselheiro do TCE, nomeado a 13 de fevereiro de 1975. Foi vice-presidente do TCE-Pi, durante os anos de 1977/1978, e presidente de 1º de janeiro de 1985 a 31 de dezembro de 1992. Naquela Corte, teve uma atuação assídua e bastante elogiada.

Mesmo com idade avançada, Heitor Cavalcanti fazia com frequência a ponte aérea Brasília - Teresina para administrar de perto seus negócios. Ele era proprietário da Halca Imobiliária.

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Porrada de Cego – Com esse título, o jornalista Deoclécio Dantas, na página de opinião do Diário do Povo, de 5 de abril de 1998, publicou:

“A história se repete. João Goulart, eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro, assumira a presidência da República com a renúncia de Jânio Quadros.

Com o homem do PTB no comando do país, os teóricos da política piauiense diziam que Chagas Rodrigues, então deputado federal, eleito pelo mesmo partido, seria homem forte nas grandes decisões nacionais. Nada disso. Com o andar da carruagem, Chagas Rodrigues teve que dizer aos amigos e pedintes, numa reunião na residência de seu cunhado Waldemar Felinto, que o homem forte do Piauí, junto ao presidente da República, era o deputado federal Heitor Cavalcanti, da velha UDN, que matara Getúlio Vargas, patrono de João Goulart.
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José Caddah.
Foto do acervo de Alda Caddah.

Chagas Rodrigues, governador eleito pela aliança PTB/UDN (31 de janeiro de 1959 a 3 de julho de 1962), contava no seu secretariado com o professor Valter Alencar (Interior, Justiça e Segurança Pública) e com o deputado estadual Paulo Ferraz, adversários políticos. Este, o quinto dos nove da bancada da UDN, eleito com expressiva votação em Teresina, e que gozava das simpatias do partido, indicou para uma das delegacias de Polícia da Capital o jovem advogado José Caddah, formado em 1954, pela Faculdade de Direito do Piauí, e que também era comerciante, sócio do seu pai no Armazém Caddah. O professor Valter Alencar não aceitou a indicação porque não queria ter sob o seu comando alguém de confiança do deputado Paulo Ferraz, que forçou a UDN a pedir a exoneração do professor Valter Alencar.

O governador Chagas Rodrigues, para evitar uma crise em seu governo, ainda tentou, em conversa bem cedo no Palácio de Karnak, fazer com que José Caddad aceitasse cargo em outra repartição. O deputado Paulo Ferraz, consultado, disse que não aceitava porque não iria ficar desmoralizado.

O governador Chagas Rodrigues passou telegrama ao senador Matias Olímpio, no Rio, chamando-o ao Piauí para que ele interferisse na questão e apontasse, logo, solução, para o caso. Em seguida, resolveu aconselhar-se com o ex-governador Leônidas Mello, indo até a sua residência, acompanhado do vice-governador Tibério Barbosa Nunes, do deputado federal Heitor de Albuquerque Cavalcanti e do diretor do Hospital Getúlio Vargas Dr. Gerardo Vasconcelos.

Próximo, já, da residência do ex-governador Leônidas Mello, o vice-governador Tibério Nunes disse ao governador Chagas Rodrigues que o deputado Heitor de Albuquerque Cavalcanti afirmara, minutos atrás, que se o professor Valter Alencar não fosse exonerado, conforme queria a UDN, ele poderia, inclusive, sofrer impeachment. Pego de surpresa, e sem jeito, o Heitor de Albuquerque Cavalcanti confirmou a informação de Tibério Nunes e disse que a direção da UDN tudo faria para que o partido não fosse desmoralizado, conforme relataria, depois, em seu livro Tempo de Política, o ex-governador Helvídio Nunes de Barros.

Exoneração de Valter Alencar - Exageros à parte, dois dias depois, circulava o Diário Oficial trazendo curioso decreto assinado por Chagas Rodrigues: “O governador do Estado do Piauí, no uso de suas atribuições legais e considerando o pedido formulado pela União Democrática Nacional, resolve exonerar o prof. Valter Alencar”. Foi substituído pelo Dr. Djalma Martins Veloso.

Exoneração de Paulo Ferraz - O professor Afrânio Nunes, também da UDN, substituto do deputado Paulo Ferraz na Educação, dá a sua versão do acontecido: “Toda essa situação se deu pela articulação política tramada pelo Petrônio Portella, que era o prefeito de Teresina e queria um racha no Governo do Chagas Rodrigues, pois ele já estava pensando em sucedê-lo no Palácio de Karnak. De fato, foi o que aconteceu. Chagas Rodrigues, do PTB, teve que deixar o Governo para o vice Tibério Nunes, que era da UDN, e, na sua sucessão deu total apoio ao Petrônio Portella, que era também da UDN, e foi o grande vencedor do pleito, em que concorreu com o Constantino Pereira, que era do PSD.”

O professor A. Tito Filho, pena irônica, escreveu, sobre o episódio, comentário sob o título: “Dois coelhos e uma só cadajada”.

À noite, encontrando o professor A. Tito Filho, bebericando o seu uísque no Clube dos Diários, José Caddah disse a ele que o título estava errado. - “Por que?”, perguntou A. Tito Filho. - “Porque, além da derrubada do deputado Paulo Ferraz, da Secretaria da Educação, e do professor Valter Alencar da Secretaria do Interior, Justiça e Segurança Pública, Chagas Rodrigues derrubará, também, o João Clímaco D’Almeida (Joqueira), que não será eleito secretário da Assembléia Legislativa. Aguarde para ver”, respondeu ele.

Mas, estava enganado, Joqueira foi eleito 1º secretário da Mesa Diretora, contra a vontade do governador.
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