sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Todos merecemos umas palmadas

Autoria desconhecida (por enquanto).

José Maria Vasconcelos
josemaria001@hotmail.com

Ah! Quão saudáveis aquelas benditas palmadas, puxãozinho de orelha, boa conversa em pé de ouvido, obrigações dominicais na igreja, a distante escola... Meus pais construíram-me bocado de dignidade, a escalada da montanha da vida. Hoje, desfruto o sucesso profissional, a construção de um lar, a missão de levar em frente a herança moral adquirida, o talento para formar consciências. Eles me ensinaram através de ancestrais princípios bíblicos: “Quem poupa a vara, odeia o seu filho; quem o ama castiga-o na hora precisa” (Provérbios, cap. 14, vers. 24). E mais: “A loucura (peraltices) apega-se ao coração da criança; a vara da disciplina afasta-la-á dela” (22,15). Quer mais? “Castigando-o, salvará sua vida da morte” (23,14). “Não te envergonhes de corrigir frequentemente teu filho” (Eclesiático, 42,5). E assim por diante. Assim em todos os quadrantes do mundo, em todas as esferas onde se valorizam virtudes e qualificação do espírito, mesmo exigindo modestas punições e limitações de conduta. O espírito liberticida da atualidade torce o nariz a essas ideias meio ancestrais. Conselhos estaduais de Educação, baseados em Estatuto da Criança e Adolescente, proibem escolas utilizarem-se de termos, como punição, em regimentos colegiais.

No Oriente, as punições físicas vão além da racionalidade. Em Cingapura, adolescente americano de 16 anos foi condenado a 30 chibatadas com bambu, em praça pública, mais 30 dias de cadeia e multa de 30 dólares, porque risca um automóvel. Americanos pesquisados deram nota 10 a Cingapura.

Começou na Suécia, em 1979, a proibição de palmadas e castigos corporais pedagógicos, baseada em quase 40% de aprovação pública. Hoje, só 10% aprovam a proibição.“Quem não faz o filho chorar, enquanto criança, chorará por ele mais tarde. ”Ancestral pedagogia virou pecado mortal em tempo de modismos e invencionismos jurídicos, mais para alimentar exploração advocatícia e desembestados cidadãos.

Sonoras palmadas construíram gerações passadas, e deram certo fruto. Sem elas, a sociedade atual dos mimos e direitos ainda não oferece resultados positivos. Será que quem está precisando de boas palmadas sejam nossos líderes, bancando malandros, a distrair a opinião pública com lambiscadas leis, como a da palmadinha?

Sob a visão da espiritualidade, sabe-se que “o espírito é forte, mas a carne é fraca.” A lição do Mestre indica que os desenfreados instintos do corpo exigem disciplina e freios, se desejarmos desenvolver as imensuráveis habilidades do espírito. Notáveis praticantes da espiritualidade, em qualquer segmento religioso, praticam jejuns e sacrifícios corporais, saudáveis e não abusivos, a fim de desenvolver virtudes, como generosidade, perdão, respeito ao próximo, disciplina, uso racional dos bens materias, espírito de família, enfim o hábito de nobres sentimentos. Numa sociedade permissiva e avacalhada moralmente, em que tudo se permite, tudo é normal, até escancarar a genitália do prazer, trocar e confundir sexo, a espiritualidade não tem vez, qualquer ausência de liberdade se proíbe, pagamos caro pelas consequências. Numa sociedade sem palmadas da punição, inclusive nos adultos, anarquiza-se, destroi-se. O Império Romano, depois de heroicas conquistas, desfez-se pelos desmandos morais, comelança, sexo exarcebado, excesso de culto ao corpo. Os americanos caminham na mesma trilha. Nós os acompanhamos. Por essas e outras, sou mais meus pais. Embora eu e meus irmãos enfrentando pobre infância na Piçarra, típica favela na época. Graças a eles, fui capaz de produzir uma crônica.

Nenhum comentário: