quarta-feira, 30 de junho de 2010

Carta aberta ao poeta João Carvalho

Chico Castro by fotógrafo desconhecido.
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Poeta João Carvalho: Sobre mais uma vez a demissão do Professor Cineas Santos, me lembrei, sem nada ter a ver, de um romance epistolar, A Correspondência de Fradique Mendes, de Eça de Queiroz. Publicado em 1900, no mesmo ano da morte do autor, o livro é um dos mais ficcionais da obra do escritor português, uma vez que em As Cidades e as Serras, trata-se mais de uma narrativa social do que propriamente um romance de ficção. Mas voltando a Fradique Mendes, a diferença entre este livro e outros autores que bateram na mesma tecla: Goethe em Os Sofrimentos do Jovem Werther, de 1774, e As Ligações Perigosas (quem tiver preguiça de ler pode assistir ao filme, se não me engano, vi-o no Rio de Janeiro, em 1989), de Laclos, de 1782, é que tanto em um como no outro, a correspondência é feita para que o leitor venha a saber a vida íntima e pavorosa da sociedade que as referidas obras procuram espelhar.... Já em Eça, ele parece nos querer dizer, em pleno século XIX, que a ficção e realidade são a face da mesma moeda. Afinal, Fradique é um personagem, criado pela imaginação de Eça de Queiroz, mas que parece aos nossos pobres olhos de vis mortais um ser real, já que as cartas selecionados pelo próprio narrador, comentam sobre a vida concreta da sociedade portuguesa do seu tempo. O que me causa espécie, meu caro João Carvalho, é o silêncio dos intelectuais a respeito da demissão do Cineas Santos. Eu já briguei publicamente com ele; o velho ancião já me disse muito desaforo. Eu acho, acho não, tenho absoluta certeza de que ele sofre de incontinência vocabular. Principalmente no trato com os amigos mais chegados... Mas, tomando de empréstimo um estilo de Eça em sua Correspondência de Fradique Mendes, posso escrever para todos uma cena que revela o outro lado do Cineas: eu disse tudo o que quis sobre ele, o que achava dele em um e-mail que mandei para o poeta Emerson Araújo, e que o Kenard Kruel, outro que também tem incontinência vocabular, franqueou ao conhecimento público. Pois bem, no último Salipi, a Assembléia Legislativa fez um justa e carinhosa homenagem ao poeta e escritor Afonso Romano. Aliás, pouca gente compareceu à solenidade. Depois dos discursos, houve um pequeno lanche aos presentes. Estava eu conversando com o poeta Salgado Maranhão, quando de mim se aproximou o Professor Cineas Santos e colocou sua mão esquerda no meu ombro, de uma maneira tão terna e gentil, que eu cheguei a pensar com meus botões: Ecce Homo, eis o tão famoso possuidor de incontinência verbal, e para muitos um grosso (eu também o considero um grosso), a conversar como se nada tivesse havido entre nós, e eu não o tivesse descascado tão solenemente em público.
Mas o que me apavora é o silêncio dos intelectuais. Todo mundo com a viola dentro do saco, inclusive os amigos do Cineas que me criticaram quando eu disse o que quis dizer sobre ele no e-mail supra citado. É um silêncio constrangedor, meu caro João Carvalho. É como se todo mundo tivesse um rabo preso nas tetas do governo, seja federal, estadual ou municipal. Até agora, pelo o que sei, somente eu, o Joca e você se atreveram a entrar em tão perigosa seara. Os políticos é que devem medo (respeito seria a melhor palavra) dos artistas e intelectuais, e não o contrário. Nada contra o Senhor Prefeito. Nada contra ninguém. Na antiguidade clássica (e até recentemente, vide JK) os políticos faziam questão de estar perto de artistas e de homens e mulheres que souberam pensar sobre o seu tempo. O que se vê hoje é simplório: os políticos cercados de bajuladores ou de donos de votos nos currais eleitorais que fazem a alegria dos arranha-ceús que sobem sem parar na zona leste da nossa querida Teresina. Para a nossa tristeza, o certo, porém, é que a cultura continua sendo um penduricalho para o riso maroto de nossos governantes. Tinha razão Fradique Mendes; "É que, de longe (...) cesso de viver, as coisas para mim cessam de ser - e fico um morto jazendo no meio de um mundo morto." Um grande abraço, Chico Castro. ps; desculpe a minha informalidade ao escrever. Que os gramáticos façam as correções.
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O Chico Castro tem jeito não. Só morto o bicho pode prestar. Também, afrodescendente....!!! que a Sonia En Terre a eles e todos os seus, inclusive derrubando tudo, passando cal e sal grosso. Saravá, meu Pai!!!! Pois não é que, além de me atacar, dizendo que sofro de "incontinência vocabular" (de agora a mamãe me mata, porque pensava que eu só tinha essas doenças que a gente pega das meninas boas de famílias más, e ele inventa mais essa...), ainda é cego ao não ler texto que fiz sobre a saída do Cineas Santos da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, enviando para ele, como enviei para Deus e o Diabo nas terras dos macunaímas! Mas, o Cineas Santos, com quem falei anteontem sobre o assunto, disse que volta às suas atividades normais, sem qualquer noção de perda ou amargura, e que me autorizava a dizer que ele não será aspone de ninguém. Portanto, que o deixem na Oficina da Palavra, que lá é o seu lugar. Ora, quando eu estava na Fundação Cultural do Piauí, exercendo cargo, ganhava uma miséria, trabalhava demais e não construi nada. Depois que me deixaram hibernando na Kenard Kaverna, conclui o curso de Direito, fiz especialização em Direito, lancei cinco livros e tenho mais dez livros prontos para irem aos ventos da publicidade. E continuo escrevendo. Os cães passam, as obras ficam... Portanto, serviço público para quem é são ou mata ou vicia o cidadão. No mais, abra o olho, Chico Castro, que os seus dias de Poder em Brasília estão acabando. A Dilma me disse que a primeira coisa que fará, ao ser eleita, será colocar você num pau de arara e mandar para o solo árido nordestino de onde nunca deveria ter saído. Imagine, bicho do mato, num bem bom de sala e ar refrigerado ao lado do Lula, na terra dos signos e das siglas...


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