sábado, 21 de novembro de 2009

Torquato Neto na UESPI no Dirceu

Cleyson (que está na iminência de lançar seu primeiro livro), Geysa, Neidiele, Elayne, Lediana e Cássia, alunos do curso de Letras do segundo bloco Campus Clóvis Moura, com este velho urso hibernador em sua Kenard Kaverna.
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Hoje pela manhã, num dos melhores momentos da minha vida, participei do Café Literário da Uespi, falei para os alunos de Letras da UESPI / Dirceu, sobre Torquato Neto, em seu mês literário. Abordei mais o aspecto político, pouco conhecido, uma vez que essa sua face os matreiros de plantão fazem questão de esconder. Para que ele seja visto como o cabeludo que se drogava, bebia muito, vivia em constantes internações e um dia se matou. Torquato Neto baixo astral. Torquato Neto alienado do mundo real. Torquato Neto sem pé nem cabeça. Como, aliás, essa é a imagem de todos os artistas: um ser que vive no mundo da lua, sem lenço nem documento... Mas, por Jupíter, meu caro Airton Sampaio, Torquato Neto é um poeta personalíssimo. A característica que o personaliza dentro do cenário da literatura brasileiro pós-64 é a participação ativa na conturbada reformulação histórico-cultural do Brasil. O país tinha saído de um período pré-industrial, compreendido entre as décadas de 40 e 50, e encontrava-se diante do impasse: estabelecer uma nova estrutura social ou desestruturar-se socialmente. É justamente neste período que tem início a participação do autor de Deus Vos Salve A Casa Santa, como pensador preocupado com as transformações políticas em evidência, questionando a cultura vigente com a concisa proposição: "A nós, tropicalistas, não interessa derrubar o Príncipe e deixar que sobreviva o Princípio". O poeta, antevendo o estabelecimento da desestrutura social, conseguiu uma marca registrada para a situação que se estabelecia na década de 60 e iria se prolongar até os dias desse nosso caótico presente: O Brasil, segundo ele, havia se transformado numa Geléia Geral. - "(...) escrevi lá: abaixo a geléia geral. três vezes. as pessoas pensaram que era a coluna. tradução: não sabem onde é que vivem e a alienação grassa (...)". Há um poema dele, chave em tudo isso, vejamos:

POEMA DO AVISO FINAL

É preciso que haja alguma coisa
alimentando meu povo:
uma vontade
uma certeza
uma qualquer esperança
É preciso que alguma coisa atraia
a vida ou a morte:
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminho
É preciso que haja algum respeito
ao menos um esboço:
ou a dignidade humana se firmará a machadadas.
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A professora Bárbara foi bárbara comigo, me deixando super à vontade em sua sala de aula. No final, armei banca e passei a vender meus livros (Torquato Neto ou a Carne Seca é Servida; O. G. Rêgo de Carvalho - Fortuna Crítica; Djalma Veloso - o político e sua época) e o livro do meu irmão Kleber Montezuma (Círculo de Giz - Educação sem Adjetivos). Não ficou um para fazer remédio. A UESPI já começou a mudar de novo outra vez novamente. Dona Valéria Madeira nunca mais. Agora, meu bem, não vem que não tem, que o novo do novo se chama professor Carlos Alberto, vencedor da eleição que derrotou essa garota arrogante, prepotente, se achando a Deusa do dia e da noite, da morte e da vida, a última coca cola gelada do deserto, ainda que despreparada para, principalmente, o mundo acadêmico. Para resumir a história: quando saiu o Torquato Neto ou a Carne Seca é servida, fui apresentar proposta de venda do livro para a UESPI, que tem o nome do poeta Torquato Neto. Na sua resposta, por escrito, ela disse que não comprava porcaria de livro de autor piauiense. A UESPI era uma instituição séria e a compra de livros se dava por meio de seleção super rigorosa. Ora, pois, pois, o meu livro recebeu o primeiro lugar no Concurso Literário Mário Faustino, da Fundação Cultural do Piauí (ano 2000). A presidente do juri foi a professora Lisete Napoleão, na época pró-reitora de Extensão da UESPI, gestão Jônatas Nunes. Já está na segunda edição, com quase 10 mil exemplares vendidos. Em breve sairá a terceira edição, com tiragem de 20 mil exemplares. Estou acrescentando quatro capítulos na parte do dados biográficos, com mais cinco ensaios críticos, na parte da Fortuna Crítica. Ora, ora, pois, pois, porcaria de livro de autor piauiense...!!!... Bem feito, bruxinha má... Voltará à sua insignificância de sempre. Enquanto isso, eu passarinho... Lindo, divino, maravilhoso (ou não), no dizer do Caetano Veloso. Não é FORMIDÁVEL, dona Genu Moraes? Encerrando, com o velho deitado: suba, mas não derrube ninguém. E eu vou, como sempre, louvando quem bem merece, deixando o ruim (dona Valéria Madeira) de lado. Passar bem, ou passar mal, não me interessa: só quero saber do que pode dar certo. Com fé, esperança e amor... Kenard Kruel (Foto de Elayne).

2 comentários:

Unknown disse...

Pena que eu não estava presente, mas fiquei super curiosa pra conheçer o Kenard. Ainda bem que surgiu a oportunidade de eu ir assistir sua palestra lá no SESC da Maranhão (27 de novembro). Onde comprei meu livro Torquato Neto ou a carne é servida, com direito a autográfo (coisa chic! rsrsrs). Adorei conheçe-lo Kenard.

Luana Furtado - 2º bloco, Letras-Português Campus Clóvis Moura.

Kenard Kruel disse...

luana, além do prazer, foi uma honra você assistir à minha palestra e comprar o meu livro. qualquer coisa, marque palestra em sua sala de aula. tema: literatura piauiense - das origens aos nossos dias. vou correndo. não se deixe de mim. fique com deus, na paz do senhor. com fé, esperança e amor, beijos kenardianos.