domingo, 6 de setembro de 2009

Um livro sobre o Nós & Elis?

Joca Oeiras - o anjo andarilho.


Para quem ainda não sabe da novidade, um tal de Joca Oeiras que é paulista de nascimento e piauiense de coração, um belo dia teve uma idéia, num mínimo, inusitada de resgatar a memória...de um bar. O Nós e Elis. Para a geração que não conheceu, este bar não tinha nada de outro mundo a ponto de se pedir para resgatar a sua memória. Mas o Joca é daqueles que encontra razão até onde não há razão. Botou na cabeça o projeto e começou a pedir a Deus e ao mundo (os assíduos e ilustres freqüentadores do tal bar) para escrever artigos e crônicas sobre ele. Inclusive para mim, que já estou na eminência de inventar um dia de 25 horas para dar conta do recado. Mas resolvi escrever, pois, antes de tudo, o Joca, que se auto intitula Anjo Andarilho, certa vez, assumiu, literalmente, essa sua função comigo.

Era setembro de 2008, exatamente há um ano, eu estava no Oriente Médio, em Damasco, na Síria, e precisava passar um artigo para a minha coluna com algumas fotos. Quem disse que eu acertei passar as fotos? Era começo de uma quente madrugada no Oriente, mas a noite ainda era uma criança no Brasil (diferença de 5 a 6 horas no fuso horário), e eu, uma coruja assumida, lutava sozinha na vã tentativa de passar as benditas fotos. Abri a janela do meu quarto na esperança de entrar um ar mais fresco vindo do deserto e lá estava ela, a bela constelação do Cruzeiro do Sul, que eu aprendi a amar desde criança, toda imponente, assumindo seu lugar no céu damasceno. Fixei o olhar nessa constelação e esperei que algum milagre acontecesse antes de começar a arrancar os cabelos e foi aí que o Joca entrou na parada, ou melhor, no MSN, e resolveu a questão toda.

Pacientemente, ele foi soletrando tudo que eu deveria ter feito, e não fiz. Como um pai que ensina o alfabeto (grego) a uma filha. E a coisa funcionou, embora o sinal da NET tenha caído umas tantas vezes e voltado mais outras tantas. Em certos países do Oriente, a Internet ainda está engatinhando, mas o importante é que este anjo andarilho me salvou e faz isso até hoje, nas madrugadas ocidentais (eu em Teresina e Joca em Oeiras). Quando eu menos espero, lá está ele: "martita, você está aí, minha estrela do Oriente"?... sempre a postos, como uma constelação ou uma luz na escuridão nas madrugadas quentes desse sertão nordestino. Como não atender, então, a um pedido seu, Anjo Andarilho?
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Bom, sobre o livro, não que eu fosse uma assídua freqüentadora do Nós e Elis, mas andava por lá de vez em quando,e como, à época,eu era editora do suplemento cultural do Jornal da Manhã, o Caderno 2, muitas pautas desse suplemento nasceriam ali. O Bar era freqüentado por jornalistas, artistas (a poesia era o carro chefe), anarquistas e políticos, estudantes e bêbados. Vivíamos a época da abertura política (ou era das Diretas Já?) e o Nós e Elis acompanhava esta onda democrática, apesar do seu dono, o Prado Jr. cismar de subir ao palco de quando em sempre para declamar (olha o charme da palavra) poesias e até cantar. Às vezes, ele cismava que era Vinícius, o poetinha. E haja poesia, misturada com uisque, nos ouvidos da gente.

A turma do Salão do Humor também dava o ar de sua graça quando era época de exposição...os cartunistas Chico e Paulo Caruso, o velho Borjalo, cantores e toda trupe de artista de fora que aparecia por aqui. A música que tocava no Nós e Elis era sempre da melhor qualidade, e, importante, não deixava ninguém surdo ou só na vontade de conversar. Os dois assuntos principais dos ilustres frequentadores era política e poesia... Não vou descrever mais, porque perde a graça. O lançamento do livro está previsto para novembro próximo. E como eu prometi ao Joca, vou ceder algumas das entrevistas desse suplemento cultural para ele editar junto com a minha colaboração. Porque, sem nenhuma modéstia, algumas reportagens e entrevistas desse suplemento estão supimpas. Muita gente já havia me pedido para que eu publicasse este material em forma de um livro e nunca me interessei pelo assunto. Mas, agora... já que é para resgatar, vamos fundo, né não Jocão?

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