sexta-feira, 24 de julho de 2009

Imprensa amordaçada no Piauí

Tânia Martins. Foto sem crédito.

O Jornal da ABI, editado pela Associação Brasileira de Imprensa, traz em sua mais recente edição uma grave denúncia contra o Governo do Estado do Piauí, apontado pela jornalista Tânia Martins, como o responsável pelo monopólio dos meios de comunicação do Estado e de perseguir jornalistas. Em matéria sobre os 20 anos da Folha do Meio Ambiente, único jornal brasileiro que trata exclusivamente das questões ambientais, a jornalista piauiense Tânia Martins, afirma que após uma série de matérias que fez sobre o caso Serra Vermelha, passou a ser perseguida e até perdeu o emprego.

As reportagens denunciaram o empreendimento Energia Verde da empresa carioca J.B. Carbon, acusada de tentar desmatar 74 mil hectares de florestas na região de Curimatá. Além de uma série de irregularidades cometidas pela empresa, a jornalista mostrou também a ligação do governo de Wellington Dias com o negócio.

O escândalo foi tão grande que o próprio secretário de Meio Ambiente do Piauí, Dalton Melo Macambira (PCdoB), desencadeou uma campanha em defesa da empresa alegando que ela traria empregos e geração de renda para o Estado e passou a perseguir a jornalista Tânia Martins.

Alegaram que minhas reportagens estavam desagradando o Palácio do Planalto, cuja base tem como principal componente o PCdoB, diz a jornalista. Além de ser demitida do cargo que ocupava como assessora do ex-Vereador João Cláudio Moreno (PCdoB), por exigência do próprio partido, fiquei impossibilitada de trabalhar como jornalista nos veículos do Piauí, já que o Governo estadual detém o monopólio de todos os meios de comunicação.

Apesar de toda a pressão, em maio passado a jornalista Tânia Martins ganhou o Prêmio Amigo da Mata Atlântica, concedido pela Rede de ONGs da Mata Atlântica, entidade que congrega mais de 300 ONGs de todo o Brasil.

Veja matéria completa abaixo divulgado no site da ABI:

Denúncia

Apesar de publicar matérias denunciando crimes ambientais, o fundador da Folha do Meio Ambiente, que também é Secretário de Cultura do Distrito Federal, conta que o jornal nunca foi processado: O mais perto que chegamos disso foi quando publicamos uma matéria denunciando o aterro do Rio Morado, no Paraná, realizado pela empresa de cosméticos O Boticário. Após a reportagem, a empresa foi multada pelo Ibama, e comprou duas páginas centrais do nosso jornal para criticarnossa atitude. Vendemos o espaço, mas quando o anúncio ia ser publicado eles voltaram atrás. Outro episódio que causou punição aos infratores, foi a série de reportagens sobre o programa Energia Verde e seus impactos negativos no ecossistema da chapada da Serra Vermelha, localizada na região sul do Piauí. Um dos principais objetivos dessa iniciativa era produzir carvãopara abastecer as siderúrgicas do País.

Levado a efeito pela empresa J. B. Carbon e pela Secretaria de Meio Ambiente daquele Estado, o programa foi responsável por grilagens de terras da região, utilização de trabalho escravo nas carvoarias e destruição dos três biomas que compreendiam a chapada: o cerrado, a caatinga e a Mata Atlântica, como mostraram os repórteres Tânia Martins e André Pessoa.

Após a publicação das matérias, que renderam o prêmio Amigo da Mata Atlântica, concedido pela Rede de ONGs da Mata Atlântica aos dois jornalistas, o projeto Energia Verde foi embargado pelo Ministério Público Federal e a empresa J. B. Carbon foi multada pelo Ministério do Trabalho.

Blog A Centelha

Um comentário:

Airton Sampaio disse...

E o governo cá e lá não é do "democrático" PT? Não entendo...