'O tempo cavou o milagre do tempo e do ritmo.
A língua foi a origem do mundo'.
Ney Ferraz Paiva
O poeta Max Martins, um dos maiores escritores brasileiros, morreu no final da tarde de segunda-feira (9). Internado em um hospital particular, em Belém, desde junho de 2008, passava por uma série de complicações clínicas.
De acordo com Laís Martins, neta de Max, a pressão e os batimentos cardíacos do poeta reduziram gradativamente ao longo da tarde, até o seu falecimento por volta das 17horas.
'Do morno coração nasceu agora
temperada em brasa, angústia, sal
e sono, lâmina fina sobre o peito
e revolveu a terra e a infância espedaçada.
Cristina flor desamparada
és o silêncio todo, invulnerável
ou o eco
do trombone longe sufocando a tarde'.
O escritor estava muito debilitado por conta do tempo que ficou internado. Ele deu entrada no hospital no dia 25 de junho de 2008 com quadro de pneumonia. No dia 19 de dezembro sofreu uma parada cardíaca. Na ocasião, o coração de Max ficou cerca de meia hora sem atividade e ele foi transferido em estado grave para uma Unidade de Terapia Intensiva.
Na época, ele ficou em uma UTI que permitia a realização de hemodiálise. A parada cardíaca deixou algumas sequelas, entre elas a necrose de um dos rins. 'Já então é tudo pedraos dias, os desenganos.
Rios secaram neste rosto, casca
de barro, areia causticante.'
Vida e obra - Max Martins nasceu em Belém do Pará em 1926. Autodidata, estudou Literatura, Poesia, Artes e Filosofia. Publicou os primeiros poemas no suplemento Literário da Folha do Norte em 1946 e 1951. Lançou o seu primeiro livro, O Estranho, em 1952 (edição do autor). Recebeu em 1993 o prêmio de poesia Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo livro Não para Consolar.'...
Procuro ver na noite profunda
Quero esquecer no momento
Que sou o homem de vários documentos.
Forço.
Dói-me o calo desta vida 'meu Deus!'...'
Depoimento - A morte de Max Martins já é sentida pelos colegas de literatura. O jornalista João Carlos Pereira declarou que 'Max Martins representou no século XX a renovação da literatura. Ele fez parte da academia dos novos, pois criou uma nova concepção de literatura. Max colocou o Pará numa posição de destaque na literatura nacional. Foi um verdeiro 'ouríves' da palavra, um poeta artifície, um verdadeiro artesão das palavras, da literatura paraense. O Pará teve uma grande perda no mundo da letras, sua obra com certeza ficará imortalizada na cabeça dos paraenses.'
Livros de Max Martins: O Estranho (1952) Anti-Retrato (1960) Alguns Poemas (1965) 15 Poemas (1970) H'era (1971) O Ovo Filosófico (1975) O Risco Subscrito (1980)A Fala entre Parênteses (1982) Abracadabra (1982); Caminho de Marahu (1983) 60/35 (1986) Outrossim (1991)Falângola (1991)Não para consolar (1992)Marahu Poemas (1992) Colagens (1992) Para ter onde ir (1992) Diário do Poeta (1998) Poemas e ilustrações de Max Martins de seus Diários do Poeta (1999).
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