Redação Portal IMPRENSA
O paraense João Bosco Jacó de Azevedo, 47, natural da cidade de Belém, começou a se interessar pelo mundo do desenho por volta dos dez anos de idade, quando ficava vidrado nas criações da Hanna Barbera, uma produtora responsável por animações como Dom Pixote, Zé Colmeia, Fred Flintstone, Manda Chuva e Pepe Legal. "Achava aqueles cartuns animados impressionantes. Ficava na frente da TV com papel e caneta copiando os personagens. Eu sabia que alguma coisa poderia mudar minha vida com aqueles desenhos engraçados", lembra o cartunista.
Mais conhecido como J. Bosco, como assina seu trabalho, o profissional tem espaço cativo no jornal O Liberal - que circula na capital paraense - onde, há mais de 20 anos, publica, diariamente, charges, caricaturas, ilustrações e tiras, numa rotina que toma a maior parte de seu dia. "Tenho dez horas de trabalho diário dentro da redação. O pique é muito intenso", afirma o chargista.
Para ele, que também é jornalista, manter-se informado é crucial para se obter bons resultados no processo criativo. "A informação é o alimento do cartunista, sem conhecimento das notícias não existe produção. Procuro buscar tudo que está em minha volta: cinema, política, esporte, religião, economia, moda, televisão", diz o chargista que define seu trabalho como "jornalismo do traço editorial".
Mas, na verdade, nem tudo pode ganhar vida através das formas delineadas por J. Bosco. Ele conta que prefere não traçar as vitórias ou derrotas de dois tradicionais clubes parenses de futebol historicamente rivais. "Não gosto muito de desenhar resultados de Remo e Paysandu por causa dos delírios de alguns torcedores, que muitas vezes nem entendem o que você enfocou na charge". Além disso, o cartunista afirma que o assunto "não rende uma charge histórica, não fica registrado em salões de humor como um momento importante para o país, porém, temos que desenhar porque faz parte do nosso dia-a-dia e é informação de massa", explica.
Outra paixão do povo paraense que já foi abordada pelo cartunista e que não teve boa recepção do público, foi o açaí. "Andei desenhando uma fase delicado do produto, (que foi responsável pela contaminação de inúmeras pessoas pelo mal de chagas). Teve gente que não gostou por se tratar do nosso símbolo culinário", afirma.
Com uma carreira de 25 anos mais do que bem consolidada o ilustrador afirma que, nas horas vagas, costuma participar de salões de humor no Brasil e no exterior e chegou a ganhar oito premiações "de uma só tacada" apenas no ano de 2003, como ele contou orgulhoso, sendo que uma delas foi o mais importante prêmio de charge dos Estados Unidos, o "Ranan Lurie".
Com o trabalho devidamente reconhecido, ele diz que o Brasil valoriza atividades como a dele e está cada vez mais aberto para novos profissionais. "Estou na impensa brasileira há 25 anos, ganhando dinheiro só com desenho de humor. O mercado está crescendo a cada dia e já existem jornais com três chargistas, três ilustradores", afirma J. Bosco, que admite que cada periódico tem seu chargista ou ilustradar preferido.
Apaixonado pelo que faz, ele acredita que as charges sempre desempenharam um importante papel social. "Desde o império até hoje os cartunistas representam a voz do leitor insatisfeito com as autoridades, injustiças sociais, governos corruptos e preconceitos. A charge representa um editorial desenhado, a linha do jornal', completa o ilustrador que mantém o blog Lápis da Memória.
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