Silvio Mendes. Foto sem crédito.
Montgomery Hollanda
Antes mesmo de terminar o Carnaval em Teresina o prefeito Sílvio Mendes deu uma entrevista infeliz e preocupante. Baseado apenas no que viu superficialmente em Barras, onde misturou a folia com a política, o prefeito prometeu modificar, no ano que vem, o Carnaval de rua da capital, trazendo trios elétricos da Bahia (pelo menos foi isto que deixou a entender), a exemplo do que, lamentavelmente, fazem várias cidades do interior do Piauí.
Trata-se do anúncio de mais uma decisão tirada do bolso do paletó, de cima para baixo, sem antes consultar a vontade popular. Infelizmente, o prefeito tenta usar a sua visão estroboscópica do Carnaval, engendrando mais uma disritimia nas já malsinadas mentes dos teresinenses.
Tenho certeza absoluta de que o prefeito não leva em conta, talvez porque não conhece os reais motivos do sucesso do axé baiano no interior do Piauí. Dou apenas dois motivos: o contagiante som dos tambores afros e a coreografia libidinosa dos integrantes dos trios elétricos. Entretanto, desprovidos de qualquer poesia, as letras das músicas são medíocres. Mesmo assim, atraem os jovens, seu público alvo e praticamente uma unanimidade. Mas, o Carnaval não é feito apenas para os jovens.
A propósito, colocar uma mochila nas costas, enfrentar ônibus superlotados ou caronas em direção ao interior: abrigar-se em albergues, pensões, casas alugadas e outros abrigos improvisados, já representa uma emocionante aventura extra-carnavalesca, coisas às quais não se sujeitam as pessoas de meia-idade e muito menos os idosos, que também gostam de Carnaval e não podem ficar à margem da folia.
Agora pergunto: por que não mesclar o axé com o frevo e as marchinhas nas ruas de Teresina (apenas para refrescar algumas memórias: a marchinha Máscara Negra, hino do Carnaval, interpretada por Zé Ketti, foi composta por um sambista carioca), como mais uma opção carnavalesca para os teresinenses? E isso poderia sem possível e bem mais barato, utilizando a própria banda 16 de agosto, da Prefeitura, ou com integrantes de outras como as do CFET, da Polícia Militar, da Guarnição Federal.
CONSELHO CARNAVALESCO – Caso custe muito caro para a Prefeitura de Teresina uma pesquisa de opinião pública, o prefeito poderia convocar um Conselho Carnavalesco, sem ônus para o município, para oferecer alternativas visando a melhorar o Carnaval da cidade. Desde já, sugiro alguns nomes de pessoas capazes, que poderiam auxiliar o prefeito a nesse mister. Garanto que elas o farão por amor ao que é bom e belo; Mauro Monteiro, Dídimo de Castro, Zé Marques, Lázaro do Piauí, Deusdeth Nunes (Garrincha), maestro Aurélio Melo, Peinha do Cavaco, Kátia Paulo, Lena Rios, Carla Ramos, Neide Tinoco, vereador Chico Wilson e ex-vereador Vieira Toranga.
Esta é a minha humilde sugestão, para evitar que atirem em quem já está morto, no caso, o Carnaval de Teresina. E, caso o prefeito não mude de opinião, confesso que, no próximo Carnaval, já não estarei mais por estas plagas, mas morando em Pasárgada, sem fazer escala no meu Ceará, apesar da sua quase total imunidade ao micróbio carnavalesco baiano.
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