Educação que vem de berço

Post By Solda

Raysla Camelo

Hoje acordei ardidamente sincera e eu não quero me preocupar muito com as opiniões alheias. Mas eu precisava contar pra alguém como as coisas realmente são. E antes que eu seja cuspida e apedrejada quero que decore essa frase: “ela não está generalizando”. Isso é importante, porque aqui em casa eu sempre fico de castigo quando ouso falar das diferenças de sexo. Decorou? Então tá.

Eu não estou generalizando, mas já parou para pensar como nós, mulheres, somos donas de casa desde quando nascemos? Se ainda não pensou, me acompanhe. Quando nasce uma menininha, qual o primeiro brinquedo que ela ganha? Uma boneca. A menina já vira mãe sem nem ter aberto os olhos pro mundo. E quando ela cresce se tranca no quarto com as outras amiguinhas para brincar de que? De casinha! Meu Deus! De casinha! Faz comidinha com as panelinhas de plástico que a tia deu de presente de natal. Quer dizer, panelinhas de plástico antigamente, né, porque hoje é bem mais fácil dar uma geladeira, um fogão, um bercinho, um carrinho de bebê de brinquedo para aquela sua priminha fofa que está completando 3 anos de idade, sem contar as bonecas que choram de sair lágrima, fazem xixi de molhar a fralda, tomam mamadeira e esperam você dar uns tapinhas nas costas para ela arrotar.

Gente! Nós somos treinadas para cuidar de uma família desde sempre! E cadê a diversão, o “aproveitar a infância”? E ainda tem gente que se espanta quando vê uma menina de 12 anos que largou as bonecas para namorar. Que infância é essa, onde a gente imita nossas mães nos serviços menos excitantes que existem?!

Vida boa é vida de menino. Jogar bola na terra, arrancar o tampão do dedo, criar calo de sangue na sola do pé porque o chão estava quente demais e jogar de chinelo atrapalha. Coleção de carrinho, vídeo game com jogos irados, carro de controle remoto, autorama, bonecos que salvam o mundo de perigos mortais. Detalhe, esses bonecos não são chamados de filho.

Parece que é um complô contra nós. Imagine só, você passando o dia inteiro na frente da televisão, descabelada, deitada no sofá, com toalha molhada em cima da cama, calcinha espalhada por todo o chão do quarto, meia fedorenta. Seria uma ironia, logo você, que passou a infância toda treinando como se cuida de uma casa?!

“Meninos não precisam fazer toda a tarefa da casa, eles não sabem fazer direito”.

E depois não entendem por que algumas mulheres preferem um emprego bom ao casamento. E para as que não preferem assim, só resta esperar pelo príncipe encantado que chega em cima do cavalo branco.

Só não idealize demais, vai por mim.