domingo, 27 de maio de 2007

Sociedade dos Poetas Trágicos


Kenard Kruel *

Dalila Teles Véras, poetisa amiga que vive em São Paulo, mais precisamente em Santos, quando da morte, em 1998 (20 de setembro), do poeta, músico, compositor, jornalista, ator, diretor, roteirista, produtor cultural, advogado Ramsés Ramos, em Moscou, onde acompanhava o presidente do Superior Tribunal de Justiça, na condição de chefe do Cerimonial de Relações Exteriores do STJ, publicou um artigo, sob o título Piauí – a terra dos poetas trágicos, em que chamava a atenção para o fato de que havíamos perdidos três poetas em plena juventude: Mário Faustino (1930 – 1962), Torquato Neto (1944 – 1972) e Ramsés Ramos (1962 – 1998).

Fundindo o título deste artigo da Dalila Teles Véras, com o título do belo e premiado filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989), dirigido por Peter Weir e com Robin Williams e Ethan Hawke no elenco, Zózimo Tavares nos apresenta a vida e a obra de 10 poetas piauienses que morreram jovens, sob o título Sociedade dos Poetas Trágicos, numa belíssima capa de Paulo Moura, com impressão pela Gráfica do Povo, agora em 2004, ano que se finda.

Zózimo Tavares selecionou apenas 10 poetas – Alcides Freitas (23 anos), José Newton de Freitas (19 anos), Licurgo de Paiva (33 anos), Lucídio Freitas (27 anos), Mário Faustino (32 anos), Nogueira Tapety (27 anos), Paulo Véras (30 anos), Ramsés Ramos (35 anos), Torquato Neto (28 anos) e Zito Batista (39 anos), mas poderia apresentar mais, como, por exemplo, Wilton Santos e Zémagão, da minha geração, que se foram também ainda muito cedo. Tenho para mim que, em breve, teremos a Parte II desta obra.

Zózimo Tavares, na apresentação do seu trabalho, informa que “Uns foram vítimas dos males da alma; outros foram mortos pelo atraso urbano, como as precárias condições sanitárias das cidades em que viveram. Nesse ambiente grassava a tuberculose. Ele também favorecia a proliferação das mais diversas doenças endêmicas. Já outros poetas foram mortos justamente pelo avanço tecnológico, como queda de avião”. Está certo.

Mas, para ser exato ao termo trágico, conforme o conceito da tragédia grega, Zózimo Tavares peca, um pouco, no título – Sociedade dos Poetas Trágicos, melhor seria Sociedade dos Poetas Tragicizados. Os poetas não eram trágicos, tiveram, tão somente, uma morte digna de todos os poetas que se prezam. Porém, Zózimo Tavares acerta pela licença poética. O seu título, na verdade, tem mais charme, é mais poético, pela musicalidade, soa bem ao ouvido, apesar do tema que carrega em si.

Muito bem diagramado, com ricas ilustrações, poemas e críticas, Sociedade dos Poetas Trágicos nos convida para a sua leitura, com aquele gostinho de quero mais. Outro acerto do Zózimo Tavares: o seu conteúdo vem no ponto certo, nem uma linha a mais. Isso porque a sua linguagem é impecável, sem meias palavras, indo direto ao ponto.

Zózimo Tavares é, para honra e glória nossa, um escritor primoroso, e o seu livro, que ora comento, de maneira bem modesta por causa do espaço do jornal, é mais uma obra que dignifica a literatura brasileira de expressão piauiense. Sem favor!...
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*Kenard Kruel é jornalista, bacharel em Direito.

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