domingo, 12 de fevereiro de 2012

A formidável Genu Moraes

Fenelon Rocha e Genu Moraes.

Hoje de manhã bem cedinho acordei com telefonema de Fenelon Rocha, secretário de comunicação do Governo Wilson  Martins. Queria material sobre Genu Moraes para um livro que sua secretaria prepara sobre algumas mulheres piauienses para lançar no dia consagrado às mulheres. Marquei com ele no casarão de Genu Moraes, na Avenida Antonino Freire, a menor do mundo, ao lado dos Correios central. Como sempre, ela já estava acordada passando a leitura nos jornais da terra e nos recortes de jornais e revistas que os filhos enviam do Rio de Janeiro (Jozias e Lidia) e dos Estados Unidos (Lucia). Fenelon Rocha fez entrevista com Genu Moraes, sem usar gravador ou outro aparelhinho da modernidade, apenas com caneta, papel e memória. Os bons jornalistas se dão a conhecer assim. Seguindo a linha do tempo traçada por Fenelon Rocha, Genu Moraes, com nomes e datas, liberou, de sua lúcida cabecinha de 85 anos de idade, toda a sua bem vivida vida até a presente data. E eu, como sempre, de tocaia, aprendendo com suas lições de vida. Agradeço ao Fenelon Rocha por mais este dia de reencontro com Genu Moraes, musa de toda uma geração, no escrever de Heitor Castelo Branco, da Academia Piauiense de Letras. Abaixo, breve perfil de Genu Moraes, como roteiro, claro, inacabado.

Quarto do casarão, onde Genu Moraes nasceu.

Maria Genovefa de Aguiar (Genu Moraes) nasceu a 15 de fevereiro de 1927. As primeiras letras aprendeu com a mãe, Gracy Lopes. Depois foi estudar com Maria Dina Soares, figura de mestra das letras e da música, ingressando, em seguida, no Colégio das Irmãs, onde as rezas prolongadas e o rigor da disciplina levaram-na a solicitar de seu pai o desligamento do colégio. Passou a estudar no Grupo Escolar Barão de Gurgueia, que tinha como professoras Odete Batista, irmã de Jônatas Batista, um dos fundadores da Academia Piauiense de Letras, Dagmar Rosa, filha do governador Miguel Rosa, e a prima Nair, filha do governador Antonino Freire, e esposa do des. Pedro Conde. Estudou em Belo Horizonte, no Colégio Izabela Hendrix. Terminado o curso científico, seguiu para o Rio de Janeiro, onde faria o pré-vestibular, mas desistiu de prestar o concurso. Ainda assim, ganhou de presente do pai um automóvel importado dos Estados Unidos, que logo aprendeu a dirigir. Ao retornar a Teresina, passou a ser alvo dos mais diversos comentários por dirigir sozinha. Ainda mais por andar acompanhada dos rapazes mais cobiçados da cidade. Independente, mesmo noiva do João Mendes Olímpio de Melo, filho do governador Matias Olímpio de Melo, não mudou o seu comportamento, o que provocou, em pouco tempo, o rompimento do noivado. Casou-se a 9 de agosto de 1947, no Rio de Janeiro, com Antônio Severiano de Moraes Correia, industrial parnaibano educado nos Estados Unidos. O casal foi residir em São Luís, cidade onde se realizou social, profissional e politicamente. Antônio Moraes Correia, herdeiro da tradicional Moraes S.A., empresa de exportação parnaibana, logo se instalou no mercado de São Luís, abrindo uma grande casa comercial, que vendia inclusive avião. Genu Moraes, que tinha agenda diária repleta de compromissos sociais por acompanhar o marido, membro do Rotary e de outros clubes de igual importância, nos principais eventos da cidade, foi procurada pelo jornalista José Pires de Sabóya, diretor do jornal O Imparcial (sediado num sobrado da Rua Afonso Pena, naquela cidade), para que ela assinasse a coluna Em Sociedade, que se tornou uma das mais lidas do Estado. Foi a primeira mulher no Brasil a ser presidente de Sindicato de Jornalistas. Ela era vice do presidente Otelino Nova Alves, assassinado por um delegado de polícia, em plena Praça João Lisboa (Largo do Carmo), por ter denunciado contrabando de café no Maranhão. Destemida, lutou até ver o assassino preso. A cavalo, trem, caminhão e outros meios de transporte coordenou, na parte norte do Estado, a campanha vitoriosa de Rocha Furtado ao governo do Estado (1947 - 1950). Foi presidente da ADAPI - Associação das Damas de Assistência e Proteção à Infância, em São Luís (MA). Foi chefe do Cerimonial do Palácio de Karnak nos governos Alberto Silva e Francisco de Assis Moraes Souza, o Mão Santa (seu sobrinho). Genu Moraes e Antônio Moraes Correia tiveram os seguintes filhos: Jozias, Lidia e Lúcia de Moraes Correia.

Sala de Visita. Galeria de Governadores e suas primeiras damas.

Genu Moraes reside no casarão da Avenida Antonino Freire (seu tio, governador do Piauí), onde guarda, com carinho, as lembranças e as tradições da família. Sempre de portas abertas, ela atende a todos com igual tratamento. Estar com ela é um eterno aprendizado. 

3 comentários:

Lucila disse...

Com certeza, ela tem muito pra ensinar. Tem minha admiração,lhe desejo,vida longa!!!

Anônimo disse...

"Fenelon Rocha fez entrevista com Genu Moraes, sem usar gravador ou outro aparelhinho da modernidade, apenas com caneta, papel e memória. Os bons jornalistas se dão a conhecer assim" - Lembrei-me de um tal Montgomery Holanda.

Denio Rocha
rochadenio@hotmail.com

Kenard Kruel disse...

montgomery
holanda. realmente, grande nome da imprensa piauiense. tive a honra de trabalhar com ele e de ter sido, em seus últimos momentos, interlocutor ativo. como se soubesse que estava se indo, a todo momento me telefonava e enviava parte de seu acervo, que está sendo organizado para breve ser colocado aos ventos da publicidade.