quinta-feira, 29 de março de 2012

Leonardo de Carvalho Castello Branco

Dora Medeiros, diretora do Museu do Piauí.

Karllene Costa
Fotos: Dantércio Cardoso

Após a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, algumas províncias do país, inclusive o Piauí, continuaram sob o domínio de Portugal. Com medo de perder o controle sobre essas terras, Portugal enviou tropas militares para se instalarem nas províncias. Para o Piauí, a coroa portuguesa enviou o brigadeiro João José da Cunha Fidié, que chegou a Oeiras dias após a proclamação da independência do Brasil. 

De acordo com informações de Dora Medeiros, diretora do Museu do Piauí, foi com a chegada de Fidié, que as primeiras articulações em prol da adesão à independência iniciaram. “O povo piauiense queria acompanhar a independência do Brasil e a chegada de Fidié foi um fato que mexeu com os brios da população”.

Ainda segundo Dora, em 19 de outubro de 1822, a primeira adesão à independência aconteceu no Piauí. “Simplício Dias da Silva e o juiz João de Deus de Cândido Neto declararam na Câmara Municipal de Parnaíba, a independência da cidade. E como essa foi a primeira manifestação contrária ao domínio de Portugal após a independência, os historiadores consideraram essa data correta para ser comemorado o Dia do Piauí”.

Outra vertente da história piauiense também sugere que o dia 24/01 seja considerado o Dia do Piauí. Nesta data, Manoel de Sousa Martins, o “Visconde da Parnaíba”, se reuniu com lideranças políticas em Oeiras e também conclamou a independência da cidade.

Poeta, professor e historiador Paulo Machado.

Para o professor e historiador Paulo Machado, as duas datas não tem muita representatividade na independência do Piauí. Em ambas, o movimento foi de ordem política, além de estático, já que não avançou para fora das duas cidades. “Em Parnaíba e Oeiras não houve uma manifestação popular. O que aconteceu foi um movimento localizado, onde um grupo de pessoas da elite se organizou e declarou adesão à independência do Brasil. Não houve lutas, não houve armas e não houve participação popular”.

Leonardo de Carvalho Castello Branco.

Paulo Machado enfoca que o real processo de independência do Piauí aconteceu com as manifestações idealizadas por Leonardo de Carvalho Castello Branco, o “Leonardo das Dores”. Segundo o professor, Leonardo articulou piauienses e cearenses a lutarem pela independência dos territórios brasileiros. “Leonardo das Dores articulou junto com Miranda Ozório um movimento onde eles conseguiram desarmar e prender soldados portugueses. Isso é o que realmente acontece em uma revolução. Pessoas civis se organizam e lutam contra um exército militar em busca de um ideal e no Piauí, embora não seja exposto nos livros, isso aconteceu”.

Ao ser questionado pelo Portal AZ sobre o motivo pelo qual Leonardo das Dores foi esquecido na História do Piauí, o professor disse que houve uma ocultação e não um esquecimento. “O nome de Leonardo não foi esquecido. Ele foi ocultado porque é mais interessante que apenas a elite faça parte da História do Piauí. Simplício Dias e Manuel de Sousa Martins são antepassados de políticos da atualidade piauiense. Desde essa época que apenas os nomes de pessoas da elite compõem a História do Piauí e por isso o nome de Leonardo foi ocultado”, explica Paulo Machado.

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