sábado, 31 de março de 2012

Críticas ao livro A Epopeia do Jenipapo

Capa do livro A Epopeia do Jenipapo.



Tenho em meu poder o livro ? A Epopeia do Jenipapo ?, do Sr. Adrião Neto, 2a. edição (Ampliada, Revista e Melhorada), Edições Geração 70, Teresina 2006. Como o autor faz várias citações da minha obra 19 de Outubro - O Dia do Piauí, distorcendo os fatos históricos em interesse próprio, cabe-me por lei o direito de resposta em vista ter distorcido o que escrevi, comprometendo a minha credibilidade diante do povo que teve ou terá acesso a um trabalho que não merece confiança no aspecto histórico como foi abordado pelo autor em questão. Dessa maneira venho a público esclarecer e fazer as seguintes críticas ao livro citado e seu autor:

1. Nas páginas 9: Batalha do Jenipapo: Pelo número e ardor dos combatentes, foi este o maior e o mais renhido choque armado nas lutas da Independência...; A Batalha do Pirajá, que se feriu na Bahia alguns meses antes, não ofereceu mais glorias às armas brasileiras, nem teve conseqüências mais notáveis?. O transitório revés de Jenipapo converter-se-ia em vitória que firmaria para sempre a unidade do Brasil (Odilon Nunes); páginas 12: O Maior e o mais sangrento choque Armado: ... a Batalha do Jenipapo foi o maior e o mais sangrento choque armado nas lutas pela independência do Brasil (Maria da Penha Fontes e Silva e Maria Nazaret de Carvalho Pires).

CRÍTICA: É sabido de todos os historiadores que as batalhas mais sangrentas ocorridas durante o movimento de Independência do Brasil foram as de Salvador (BA) e Belém (PA). Em Salvador o povo foi à luta junto com a tropa brasileira contra as chefiadas por Madeira de Melo, destacando-se a heroína Maria Quitéria. Vendo-se encurralado procurou Madeira de Melo fugir em seus navios, sendo perseguido pela esquadra brasileira sob o comando do almirante Lorde Cochrane até próximo de Lisboa, com o afundamento de alguns navios portugueses. Em Belém, além dos populares que tombaram na tomada do palácio do governo, num porão de navio morreram mais de trezentos brasileiros. Tanto na Bahia quanto em Belém o número de brasileiros mortos em combate supera a da Batalha do Jenipapo. Lamentavelmente Odilon Nunes e Maria da Penha não fizeram uma pesquisa profunda sobre estas duas grandes batalhas. Cabe salientar que Odilon Nunes sempre se posicionou contra o dia 19 de outubro, tanto que ele, juntamente com outras ilustres figuras, assinou o documento entregue ao governador da época, Dr. Lucídio Portela, pedindo o retorno do dia 24 de janeiro como Dia do Piauí. Adrião Neto citando estas duas fontes procura direcionar e valorizar o acontecimento acontecido em Campo Maior como ponto de apoio a sua convicção. 

2. Páginas 42: .. o governo lusitano planejou ficar com a parte Norte, recriando o antigo Estado Colonial do Maranhão, compreendido pelas províncias do Piauí, do Maranhão e do Pará?.

CRITICA: Não existe um documento oficial que comprove essa afirmação, quer nos arquivos de Lisboa, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão. Trata-se mais de uma tentativa de alguns escritores em justificar a vinda de Fidié para o Piauí e a fidelidade do Piauí às cortes portuguesas até o dia 23 de janeiro de 1823.

3. Páginas 43: O Piauí, por sua posição geográfica e por ser o elo entre as províncias do Norte e do Sul, despertou a atenção do governo português para o caso de uma emergência, tornando-se o ponto estratégico para a execução do plano. Por essa razão Portugal se apressou em se fixar militarmente na Província, nomeando o Major João José da Cunha Fidié..

CRÍTICA: Conforme foi dito no item 2 não existia intenção de Portugal em recriar o antigo Estado do Maranhão. A vinda de Fidié nada tem a haver e Portugal não se apressou enviar esse militar. Na tentativa de mudar o poder político, administrativo, militar e judicial de D. Pedro no sentido de forçá-lo a regressar a Portugal, as cortes de Lisboa aprovaram a organização em cada província da Junta Provisória de Governo, como a da Bahia, sem menor obediência ao príncipe real, que se vendo não obedecido teria de retirar-se para a Europa. A tropa de cada província ficaria sujeita a um Governador das Armas, escolhido entre os filhos de Portugal, subordinado exclusivamente às cortes de Lisboa. As cortes de Lisboa recolheram as tropas fiéis a D. Pedro e enviaram outras de sua confiança como aconteceu no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco. As juntas de governo obrigadas a responder diretamente a Lisboa rompiam a organização do poder centralizado, a unidade política e tentou-se restabelecer o antigo estado das coisas dos tempos coloniais em que cada uma, estranhas entre si, se relacionava diretamente com a mãe pátria. 

4. Páginas 47: Ao tomar conhecimento da marcha de Fidié, os parnaibanos ficaram em polvorosa. Enquanto metade da população encontrava-se em pânico e a outra metade em verdadeiro estado de histeria coletiva, as autoridades aparentando uma calma inexistente escreveram ao Comandante das Armas, que ainda se encontrava em Campo Maior; Nos ofícios enviados pela Câmara e pelo Comandante Militar da Vila, Coronel Simplício Dias, datados do dia 27 de novembro de 1822, havia manifestação de arrependimento, pedidos de clemência e súplicas para que Fidié suspendesse a marcha sobre Parnaíba?.

CRÍTICA: o autor nessa página reproduz trechos dos ofícios constantes no meu livro, mas omite a minha opinião e de Simplício Dias da Silva sobre os mesmos. Não houve pânico e estado de histeria como insinua o autor baseado nas informações do Mons. Chaves. Não existe um documento oficial que comprove. Os ofícios escritos no dia 27 de novembro de 1822, tanto o da Câmara como de Simplício Dias, referem-se a uma artimanha para enganar Fidié e ganhar tempo enquanto aguardavam a vinda de tropas cearenses. Parnaíba tinha contra ela todas as vilas piauienses e o Maranhão. O próprio Simplício Dias da Silva na sua carta ao imperador D. Pedro I esclarece: Pretendi no meio de tantos perigos iludir a marcha das tropas, enquanto se ajuntavam as do Ceará em nosso auxílio, mas debalde me esforcei por impedir que ele se fortificasse nesta Parnaíba como aconteceu. Adrião Neto procura diminuir e desvalorizar Simplício Dias da Silva. Parnaíba estava isto sim, despreparada militarmente para enfrentar as tropas de Fidié. O bom senso recomendava cautela, evitar inútil efusão de sangue e ganhar tempo para a chegada de reforços do Ceará. Os insatisfeitos eram aqueles que não estavam alinhados com a causa brasileira e temiam perder os seus privilégios. Os inimigos da Pátria não eram os patriotas parnaibanos a favor do Brasil, mas o governo da província e as vilas que eram a favor de Portugal. Na data destes ofícios Campo Maior era a favor de Portugal. 

5. Páginas 48: No dia 4 de dezembro, uma semana depois de ter se humilhado para Fidié, o Senado da Câmara de Parnaíba escreveu para as Vilas cearenses, informando que aquela Vila se encontrava ocupada por um vazo de guerra enviado pelo governo do Maranhão...; E, mostrando a sua fragilidade, implorava para que aquelas vilas suspendessem o socorro solicitado por julgar mais vantajoso ao bem dos Povos o restabelecimento do sossego Público abraçar uma conciliação prudente de que uma arrebatada anarquia entre irmãos; ...dirigiu ofício também ao Capitão Felipe José das Neves, Comandante da tropa maranhense aquartelada em Carnaubeiras, à disposição do Governador das Armas do Piauí, rogando para que ele não marchasse contra aquela ? infeliz vila, até que nela se recolhesse Excelentíssimo Sr. Governador das Armas desta Província? E demonstrando a sua submissão a Fidié, informa que está pronta para recebê-lo com cordial harmonia.

CRÍTICA: Quando os patriotas parnaibanos seguiram para o Ceará assumiu a presidência da Câmara do Senado o vereador mais velho, Manoel Antônio de Silva Henriques, primo de Simplício Dias da Silva. Era importante para Simplício Dias da Silva e para o Dr. João Cândido de Deus e Silva manter nessa presidência um amigo confiável que se passando por amigo dos portugueses pudesse informar das manobras do Governador das Armas. A primeira medida foi sustar temporariamente a vinda de tropas cearenses cuja presença em Parnaíba aceleraria a marcha de Fidié e que poderia também provocar a marcha imediata dos destacamentos de Carnaubeiras e São Bernardo do Parnaíba que limítrofes a Parnaíba precederiam Fidié. Na vila cearense Simplício Dias da Silva explicaria melhor e pessoalmente a situação de Parnaíba e poderia planejar a retomada de maneira mais organizada. Cabia a Manoel Antônio da Silva Henriques conduzir o destino de Parnaíba evitando a inútil efusão de sangue e conciliando os interesses enquanto no Ceará Simplício Dias da Silva e D. João Cândido de Deus e Silva procuravam forças para promover a independência no Piauí

6. Páginas 49: No dia 10, por determinação expressa do Comandante das Armas, consumou-se a destituição do coronel Simplício Dias da Silva do comando da Vila e do Regimento de Cavalaria. Indignado com seu ato, Fidié o substituiu pelo coronel Manoel Antônio da Silva Henriques.

CRÍTICA: O autor se baseia na informação do Mons. Chaves no seu livro Obra Completa, citado às notas n. 20, pág. 108. Puro erro. Fidié não entregou a Manoel Antônio da Silva Henriques o comando das tropas e nem destituiu Simplício Dias da Silva. Conforme no item 5 Manoel Antônio da Silva Henriques tomou posse na presidência do Senado da Câmara por ser o vereador mais velho, muito antes de Fidié sair de Piracuruca. Não podia Manoel Antônio da Silva Henriques se expor publicamente a favor da causa brasileira sob pena, sendo português, ser considerado traidor de Portugal e condenado a pena capital como determinava a lei. Cabe aqui informar quando esteve Fidié em Parnaíba remeteu Manoel Antônio da Silva Henriques peças de artilharia, munições e fardamentos escondidos em saco de farinha para os patriotas parnaibanos, sendo descoberto somente no início de abril/1823, quando foi preso pelas tropas de Carnaubeiras e levado para São Luís (MA). Verifica-se a preocupação do autor, assim como Mons. Chaves, em diminuir a imagem e o valor de Simplício Dias da Silva e apresentar uma Câmara incompetente.

7. Páginas 51: O grosso da população masculina procurou esconderijo nas ilhas do delta do Parnaíba e em Amarração (atual Luiz Correia), deixando as mulheres desprotegidas, a mercê dos insaciáveis soldados de Fidié; Fidié entrou triunfalmente em Parnaíba, onde foi recebido com festa pelo funcionalismo público, por populares e pela tripulação do Brigue Infante Dom Miguel, que a pedido do Piauí, fora enviado pelo governo do Maranhão. E sem que fosse necessário disparar um único tiro, obrigou os parnaibanos a renovar o juramento de fidelidade ao Rei Dom João VI e à Constituição Portuguesa?. 

CRÍTICA: Na primeira edição do livro foi escrito: deixando as mulheres desprotegidas, a mercê dos insaciáveis soldados de Fidié causou maior revolta e protestos dos parnaibanos que chegaram a ameaçá-lo de uma sova em praça pública e gerou protesto das autoridades, professores, alunos e intelectuais. Volta novamente nessa segunda edição o autor a cometer a mesma ofensa agora querendo se amparar nos dizeres do meu livro citado pelo autor às notas 25 a-b, páginas 110: Simplício Dias da Silva preferiu abandonar seus bens e família a sujeitar-se ao partido contrário a liberdade de sua pátria e em O Último Coronel, de Norbelino Lira de Carvalho: Os covardes parnaibanos, segundo Né de Sousa, refugiaram-se em Granja no Ceará, deixando a população de Parnaíba a deus-dará / Os soldados de Fidié fizeram a festa, estupraram mulheres, incendiaram grande parte do patrimônio de Simplício Dias da Silva, até então o homem mais rico do Nordeste. Ora, o fato de ter eu escrito que Simplício Dias da Silva preferiu abandonar seus bens e família a sujeitar-se ao partido contrário a liberdade da sua pátria não quer dizer que a sua família e as mulheres parnaibanas ficaram a mercê dos insaciáveis soldados de Fidié. Em nenhum momento escrevi tamanha ofensa ao povo parnaibano. Quanto a Norbelino Lira de Carvalho este sim comete ofensa gravíssima ao escrever que os soldados de Fidié fizeram a festa, estupraram mulheres. Como o Sr. Adrião Neto volta a repetir o que escreveu incorre em ofensa gravíssima ao povo parnaibano mesmo querendo se justificar citando Norbelino Lira de Carvalho. Os protestos dos parnaibanos e ameaça de uma sova em praça pública não intimidaram o autor. Merece por parte do poder público de Parnaíba uma ação judicial contra o autor pelas declarações prestadas no seu livro, haja vista que isso não aconteceu de fato como declarou. Fidié não foi recebido com festa pelos parnaibanos, ao contrário encontrou as ruas desertas e o povo recolhido às suas casas. O Brigue Infante Dom Miguel não veio a pedido do governo da Província do Piauí, mas enviado pelo próprio Maranhão para garantir a defesa de suas fronteiras contra os patriotas parnaibanos. Os parnaibanos não renovaram o juramento à Constituição Portuguesa e a D. João VI, mas o Senado da Câmara sob ameaça das baionetas de Fidié. Totalmente contrário do que aconteceu em Campo Maior onde ele foi recebido com festas e o povo em praça pública renovou o juramento a Portugal. 

8. Páginas 52: Salema Freire Garção o comandante do Brigue Infante Dom Miguel que havia se antecipado a Fidié na ocupação da Vila executou uma verdadeira operação de rapinagem nas residências e demais imóveis dos separatistas. Seus soldados fizeram um verdadeiro arrastão. Roubaram várias peças de valor dos Dias da Silva, as alfaias, a ourama e as esmolas das igrejas de Nossa Senhora das Graças e de Nossa Senhora do Rosário, o cofre dos órfãos, as rendas públicas e os livros da Câmara?. 

CRÍTICA: O autor leva o leitor a entender que esse fato aconteceu com a chegada de Fidié a Parnaíba, pois logo no parágrafo seguinte ele escreve que Fidié e Freire Garção mandaram queimar as embarcações de Simplício Dias que se encontravam atracadas no porto.... Este fato aconteceu no dia da saída de Fidié de Parnaíba (01/3/1823), quando ele expulsou todo o povo da vila e empurrou as famílias para Carnaubeiras ficando o povo disperso e receoso de retornar às suas casas, temeroso de novas represálias. Até o presidente do Senado da Câmara, Manoel Antônio da Silva Henriques, foi refugiar-se numa ilha que está entre o rio Parnaíba e o braço dos Poções. 

9. Páginas 52: Os familiares do magnata parnaibano, que haviam mandado enterrar as jóias, as barras de ouro, a prataria e outros objetos de valor, sofreram constrangimentos e ameaças de degolamento por golpe de espada, e muita pressão para que revelassem o esconderijo daquela pequena fortuna?.

CRÍTICA: Não existe um documento oficial a comprovar que os familiares de Simplício Dias da Silva tenham mandado enterrar as jóias, as barras de ouro, a prataria e outros objetos de valor e que tenham sofrido muita pressão para que revelassem o esconderijo daquela pequena fortuna. Fidié mandou prender algumas cabeças, entre eles parentes dos chefes do movimento. A família de Simplício Dias da Silva foi conduzida prisioneira, ameaçada de ser degolada, seus bens, fazendas, embarcações, assim como de outros brasileiros foram tomados e destruídos.

10. Páginas 63: Após cinco horas de uma luta desigual, os independentes cederam diante da superioridade das armas e da disciplina dos soldados legalistas.

CRÍTICA: Não se tem informação oficial de que a luta tenha durado cinco horas. O historiador maranhense Dr. Luís Antônio Vieira da Silva na sua célebre obra História da Independência da Província do Maranhão (1822-1828) foi o único a narrar como de fato aconteceu o confronto armado, tanto que Pereira da Costa no seu livro História Cronológica do Estado do Piauí reproduziu o texto de Vieira da Silva por não encontrar um documento oficial sobre o assunto. Escreveu o historiador maranhense: começou as nove para dez horas e durou até depois do meio-dia. Como se verifica não informa com precisão o término da batalha. E completa mais adiante: O revés e experimentado no Jenipapo nada decidira sobre a sorte da província, nem aproveitara à causa portuguesa. 

11. Páginas 73 Epígrafe: Algumas correntes discutem ainda hoje a data em que se deve comemorar a Independência no Piauí. Uns alegam como sendo o 24 de janeiro, em vista de ter existido uma operação militar aproveitando a ausência de Fidié, e ampararam-se na Lei Provincial de 31 de agosto de 1859, que mandou considerar o 24 de janeiro como a data de aniversário da adesão do Piauí à Independência do Brasil, com feriado em todas as repartições, repetido pelo Decreto n. 33, de 26 de junho de 1894, e de constar a data 24 de janeiro no Brasão do Estado. Não consideram o 19 de outubro na alegação de que a proclamação foi uma bravata, por terem os patriotas parnaibanos emigrados para o Ceará e Simplício Dias da Silva, nomeado presidente da Província, ter deixado prescrever o prazo para tomar posse. Outros alegam que a data deveria ser o dia 13 de março, data da Batalha do Jenipapo, em que muitos brasileiros deram o seu sangue pela Pátria - Renato Neves Marques.

CRÍTICA: Adrião Neto reproduz apenas trecho do que escrevi no meu livro 19 de Outubro - O Dia do Piauí, sem completar o restante da conclusão da minha opinião. Reproduzido sem minha autorização, a subtração do final do texto indica a manipulação em interesse próprio. Foi a seguinte parte final que escrevi por ele subtraído na Epígrafe: Outros alegam que deveria ser o dia 22 de janeiro, data em que  Leonardo da Senhora das Dores Castello-Branco entrou com sua tropa em Piracuruca, e ainda mais recente há quem chega ao absurdo de sugerir que deveria ser 31 de julho de 1758, dia que a Capitania São José do Piauí separou administrativamente da Capitania do Maranhão. Estes conceitos vêm sendo nos últimos anos divulgados em alguns jornais e televisão, desviando-se assim a importância que o 19 de outubro representa na nossa história. 


12. Páginas 109 Notas 24: Conforme o texto, o historiador Renato Neves Marques afirma: o Senado da Câmara teve que ceder aos caprichos desse grupo. Pelo que foi dito qualquer analista de primeira viagem conclui que a Câmara ao ceder aos caprichos desse grupo de portugueses voltou atrás desconsiderando o feito histórico do 19 de Outubro.

CRÍTICA: Refere-se o autor ao que escrevi nas páginas 74, com relação à reação dos portugueses residentes em Parnaíba, mas não escrevi que o Senado da Câmara desconsiderou o 19 de Outubro. O Senado da Câmara veio a desconsiderar o 19 de Outubro quando Fidié a obrigou pelas forças das baionetas a jurar a Constituição Portuguesa. Adrião Neto chama a saída dos patriotas de fuga dos heróis parnaibanos. Não houve fuga. O uso dessa expressão pelo autor subtende-se que esteja a dizer que os parnaibanos foram covardes como irá confirmar nas notas 25-a: mostra que os parnaibanos fugiram... 

13. Páginas 109 Notas 25-a: Conforme os textos em negrito acima transcritos, ficou claro que nem o próprio Simplício Dias da Silva zelou por sua família. O teor dos textos mostra que os parnaibanos fugiram... Foram expulsos por Fidié e só começaram a retornar às suas casas a 30.4-1823. Os textos mostram também que em 29-6-1823, muitos parnaibanos ainda se encontravam foragidos. Fazendo-se as contas, verifica-se que mais de seis meses depois da ocupação da vila pelo comandante português e mais de três meses e meio após a Batalha do Jenipapo, parte dos bravos parnaibanos ainda se encontravam em seus esconderijos nas ilhas do delta e no matagal de Amarração. Durante esse longo período, não há dúvida de que as mulheres tiveram a mesma sorte da família de Simplício Dias da Silva foram abandonadas pelos pais, maridos e irmãos.

CRÍTICA: Refere-se o autor sobre o fato de Simplício Dias da Silva ter abandonado seus bens e família do que sujeitar-se ao partido contrário a liberdade da sua pátria, o retorno dele a Parnaíba no dia 30.4.1823 e o retorno do restante da população com a chegada de uma tropa do Ceará a 29.6.1823. Fazendo estas citações pulando de página em página procura confundir o leitor direcionando os fatos para uma interpretação diferente. É natural que Simplício Dias da Silva não seria tolo em esperar Fidié para ser preso, mas a sua família não ficou totalmente desprotegida. Ficaram em Parnaíba Simplício Dias de Seixas e Silva e Raimundo Dias da Silva Henriques, filho e sobrinho de Simplício Dias da Silva, ambos Alferes de Cavalaria e Manoel Antonio da Silva Henriques, primo de Simplício Dias da Silva. O povo que retornou somente a 30.4.1823 havia sido expulso de suas casas por Fidié no dia da sua saída de Parnaíba rumo a Oeiras e os demais somente em junho quando se sentiram que estavam seguros. Para quem não leu meu livro ou não o tem em mãos para confrontar o que nele está escrito com o que Adrião Neto escreve nessa nota com certeza irá acreditar no que ele deseja que acreditem. E mais uma vez reafirma que as mulheres tiveram a mesma sorte da família de Simplício Dias da Silva foram abandonadas pelos pais e irmãos? querendo justificar o que ele escreveu de que elas ficaram a mercê dos insaciáveis soldados de Fidié.

14. Páginas 110 Notas 28: No afã de minimizar a Batalha do Jenipapo e superdimensionar outros conflitos em prol da Independência, o historiador parnaibano Renato Neves Marques, cometendo atentado contra a sua própria credibilidade exagera em número de baixas verificadas na escaramuça da Lagoa do Jacaré. Enquanto outros historiadores falam em insignificante perda humana, ele reafirma: antes da Batalha do Jenipapo aconteceu a Batalha da Lagoa do Jacaré, na atual Piracuruca, o primeiro confronto entre brasileiros e Fidié, morrendo 80 soldados de ambos os lados; A título de esclarecimento informamos que era 80 o número de combatentes de Fidié envolvidos no conflito contra 60 independentes e que o número de mortos não chegou a meia dúzia?. 

CRÍTICA: Adrião Neto reproduz trecho do meu artigo Dia do Piauí - Um Convite para Debate (não teve a coragem de aceitar por alegar não ser Parnaíba campo neutro), publicado no site do Portal Delta. Cita também trecho do meu e-mail dirigido ao Portal Delta. Tanto no meu artigo e e-mail ora citados cometi um engano, o que é natural quando nessa data às pressas procurei defender a Bandeira do Estado contra a inclusão da data. No entanto o Adrião Neto sabe e tem consciência de que no meu livro escrevo realmente o fato ocorrido na Lagoa do Jacaré e que através dessa nota procura agredir minha credibilidade junto à opinião pública. Eis como escrevi o final do texto no meu livro e que ele deixou de reproduzir manipulando em interesse próprio: Outros alegam que deveria ser o dia 22 de janeiro, data em que Leonardo da Senhora das Dores Castello-Branco entrou com sua tropa em Piracuruca, e ainda mais recente há quem chega ao absurdo de sugerir que deveria ser 31 de julho de 1758, dia que a Capitania São José do Piauí se separou administrativamente da Capitania do Maranhão. Estes conceitos vêm sendo nos últimos anos divulgados em alguns jornais e televisão, desviando-se assim a importância que o 19 de outubro representa na nossa história?.

15. Páginas 112 Notas 40: Além da Bandeira do Piauí, há pelo menos mais duas contendo data: a do Estado Americano de DELAWARE (State of Delaware). Nela encontra-se estampada a data em que aquele Estado passou a integrar a Confederação dos Estados Unidos da América: DECEMBER 7, 1787. A outra, abaixo estampada, é a da cidade de PARNAÍBA (PI) , que contém as datas: 1762 (criação da Vila de São João da Parnaíba), 1844 (elevação à categoria de cidade) e 1963 (instituição do Brasão).

CRÍTICA: Adrião Neto refere-se à inclusão da data na Bandeira do Piauí, querendo justificar-se no exemplo da bandeira do Estado americano e da cidade de Parnaíba. Delaware fica localizado na região da Nova Inglaterra, segundo menor Estado em extensão territorial, mas atualmente grande centro financeiro com mais de 200 mil empresas e companhias, um dos maiores centros bancários dos Estados Unidos com uma fortíssima indústria petroquímica. Foi inicialmente colonizada pelos neerlandeses e pelos suecos. Depois tornou-se uma das trezes colônias do Reino Unido. Após a Guerra de Independência dos Estados Unidos da América, o Delaware tornou-se o primeiro Estado americano a ratificar a Constituição americana, em 7 de dezembro de 1787. Por causa disso, o Estado é conhecido nacionalmente como The First State (O Primeiro Estado)?. O Delaware foi palco de apenas uma batalha durante a guerra de independência, a Batalha de Brandywine, em 11 de setembro de 1777, em Delaware e no Condado de Delaware, Pensilvânia. Em 22 de fevereiro de 1779, o Delaware ratificou os Artigos da Confederação. Sete anos depois, em 7 de dezembro de 1787, o Delaware ratificou a Constituição dos Estados Unidos da América, tendo sido o primeiro Estado americano a fazer isto, e portanto, oficialmente, o primeiro Estado da Uniã?. O ocorrido nos Estados Unidos, principalmente em Delaware, difere em muito dos acontecimentos no Brasil durante o movimento de Independência.

Com relação a Bandeira da Parnaíba não tem também justificativa para que a Bandeira do Piauí tenha data. Trata-se da bandeira de um município piauiense, o que é concebível, e não da bandeira de um Estado que representa todo o povo piauiense. Tanto a bandeira de Delaware como da Parnaíba não são fundamentos justificáveis utilizados pelo autor.

Com justiça o Exmo. Sr. Governador do Estado do Piauí, Sr. José Wellington Barroso de Araújo Dias, no seu ofício dirigido a Assembléia Legislativa Estadual assim declarou o seu veto:

Na verdade, uma certeza apresenta-se: não há consenso em nosso Estado de uma data histórica preponderante, mesmo porque a história é um processo, sendo a valorização de datas uma postura ufanista e apologética.

Ora, a bandeira de um Estado é um símbolo de unidade, união, devendo expressar o sentimento de todo o seu povo?

Assim, o presente Projeto de Lei, que, frise-se, não resultou de uma consulta popular ampla  plebiscito o pretender inserir em nossa bandeira uma data como preponderante na história do Estado, causa dissenção no povo piauiense e, em consequência, contraria o interesse público.

Estas. Senhor Presidente, as razões que me levam a VETAR INTEGRALMENTE, por contrariedade ao interesse público, o Projeto de Lei em causa,que ora submeto à elevada apreciação dessa Augusta Casa (documento constante no livro de Adrião Neto, páginas 123).

Na Assembléia Legislativa Estadual reunida para a apreciação do veto do governador, o Relator, Deputado Wilson Brandão, assim se manifestou o seu voto favorável a rejeição do veto: Diante da fundamentação histórica comprovada a favor do dia 13 de março de 1823, como data de grande acontecimento considerado imprescindível para a consolidação da adesão definitiva do Piauí à Independência do Brasil, nosso voto é pela rejeição do Veto. O veto sim contraria os fatos históricos de nosso Estado. Mantido o mesmo esta Casa cometerá nefasta injustiça com aqueles que deram suas vidas pela consolidação de nossa independência do jugo português que àquela época sugava nossas riquezas para manter a opulência das cortes portuguesas? (trecho do documento constante no livro de Adrião Neto, páginas 128).

Dessa maneira, numa imposição do poder sobre o povo piauiense, já que não houve consulta popular, foi aprovada a inclusão da data na Bandeira do Estado através da Lei n. 5.507, de 17 de novembro de 2005. Lamentavelmente contribuiu para a aprovação os votos dos dois únicos deputados parnaibanos, que além de não defenderem sua terra cometeram traição aprovando tamanho absurdo. Nas palavras do Exmo Sr. Governador a bandeira de um Estado é um símbolo de unidade, união, devendo expressar o sentimento de todo o seu povo, e isto os senhores deputados não levaram em consideração.

Chama a atenção o artigo A incoerência Histórica do Hino do Piauí e as Verdades Estabelecidas, de autoria do sr. Adrião Neto, inserido no seu livro às páginas 91/93, em que vem a propor mudança na letra do Hino do Piauí. Alegando que o poeta Da Costa e Silva cometeu uma grave incoerência histórica na estrofe; Desbravando-te os campos distantes / Na missão do trabalho e da paz / A aventura de dois bandeirantes / A semente da pátria nos traz. Nas páginas 92 é bem claro na sua justificativa para a mudança da letra:

Nessa missão rotulada pelo poeta como do TRABALHO e da PAZ, eles, os DOIS BANDEIRANTES e muitos outros AVENTUREIROS, promoveram a GUERRA. E como comandantes das expedições paramilitares, patrocinaram grandes carnificinas, matando, esfolando e exterminando nações inteiras, dando péssimo exemplo aos seus seguidores, que não sossegaram enquanto não eliminaram o último índio do solo piauiense. / É exatamente por esse motivo que sou contra a permanência da estrofe supramencionada como parte integrante do Hino do Piauí uma verdade estabelecida -, que ao invés de exaltar os índios, comete a incoerência histórica de exaltar os bandeirantes (o negrito é do próprio Adrião Neto). 

Esquece Adrião Neto que em todo o Brasil não foi só o Piauí que teve gente matando indios, muitos brasileiros cometeram atrocidades contra os índios como registram documentos históricos. Os índios também guerreavam entre si, matando-se uns aos outros, comendo seus prisioneiros em ritual antropofágico, e assassinando padres jesuítas, brancos honestos, trabalhadores, chefes de família, indefesos cidadãos que procuraram nestas terras um futuro promissor. Esquece Adrião Neto que estes dois bandeirantes, os irmãos Mafrenses, estabeleceram os primeiros currais no sul do Piauí, formentando o desenvolvimento econômico e dando início ao povoamento, abrindo matas onde vieram surgir os primeiros povoados piauienses. Esquece Adrião Neto que o maior matador sanguinário de índios do Piauí foi o campo-maiorense João do Rego Castelo Branco, conhecido como El Matador. Resta agora esperar que a Assembléia Legislativa Estadual acate a sua solicitação e exerça mais uma vez o poder sobre o povo, se antes este mesmo povo não se levantar contra mais um absurdo.

Quero deixar bem claro que nunca fui contra as comemorações do dia 13 de março, mas contra o uso da data na Bandeira do Piauí e contra os que pretendem a todo custo considerar essa data O Dia do Piauí como data máxima da história piauiense e desvalorizam o 19 de Outubro. Convém lembrar que foi um parnaibano, Leonardo da Senhora das Dores Castello-Branco, quem proclamou a Independência em Campo Maior, que sempre esteve ao lado de Portugal. Convém lembrar que durante anos os campo-maiorenses não deram a menor importância ao local da batalha por saberem que ali perdemos feio num confronto contra as tropas de Fidié. Foi preciso que outro parnaibano, Dr. Alberto Tavares e Silva, no seu primeiro governo, mandasse erigir um monumento em homenagem ao acontecimento. Convém lembrar que a maioria dos soldados brasileiros eram cearenses, financiados por Simplício Dias da Silva, todos estavam armados e que tinham dois canhões. Convém lembrar que devido a irresponsabilidade do comandante cearense Luís Rodrigues Chaves combater Fidié em campo aberto morreram dezenas de brasileiros, perdemos a guerra tendo o restante dos brasileiros uma fuga desordenada, ato criticado pelo juiz-de-fora Dr. João de Deus e Silva ao governo cearense.

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Teresina (PI), 26 de julho de 2007.

PS.: A kenard kaverna é território livre. Por isso, processe-me, se quiser, cara pálida, mas aviso logo, não sou Adrião Neto não, sou Kenard, the Kruel.

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