sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Salgado Maranhã - Tributo a Torquato Neto

José Salgado Santos, 13/11/1953. Além de poeta, letrista, é jornalista. Nasceu no povoado de Cana Brava das Moças, na cidade de Caxias, interior do Maranhão, onde morou trabalhando na roça. Aos 15 anos, mudou-se com os irmãos e a mãe para Teresina, onde foi alfabetizado. Escreveu artigos sobre música para um jornal local e conheceu Torquato Neto, que o incentivou a vir para o Rio de Janeiro, o que fez em 1972. Torquato Neto também sugeriu que criasse um pseudônimo, pois, segundo ele, o nome José Salgado Santos parecia nome de arquivista e não de poeta. Salgado estudou Comunicação na Pontifícia Universidade Católica e trabalhou como. terapeuta corporal, professor de Tai Chi Chuan e mestre em Shiatsu. A partir de 1976 colaborou em várias publicações com artigos e poemas, como a revista "Música do Planeta Terra". Músicas gravadas por Paulinho da Viola, Ney Mato Grosso, Zizi Possi, Elba Ramalho, entre outros. É verbete do Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira. Tem poemas traduzidos para o inglês, holandês, francês, alemão e espanhol. Obras publicadas: organizou, com Sergio Natureza e Moacyr Félix, o livro "Ebulição da escrivatura - Treze poetas impossíveis" (Ed. Civilização Brasileira, 1978 RJ). Livros solos: "Aboio ou Saga do Nordestino em busca da Terra Prometida" (cordel, 1984), "Punhos de serpente" (1989), "Palávora" (1995),"O Beijo da Fera" (1996, Prêmio "Ribeiro Couto" da União Brasileira de Escritores), "Mural de Ventos" (1998, reunião de poemas novos e dos três livros anteriores, Prêmio Jabuti), e "Sol sanguíneo" (2002). Em 2011, na categoria Poesia, vence a premiação anual da Academia Brasileira de Letras.

Tributo a Torquato Neto

hoje que você se foi
e ninguém pode negar
o que está feito,
as palavras guardadas no peito

são flores navalhas
no chão do real
e um poeta conhece
o tamanho da fúria
capaz de gerar um furor
que as palavras são flor e punhal.

hoje que você se foi
e o tempo de chorar
também já foi-se embora
no verde final da nossa flora,
as palavras são flores de fogo.
e um poeta conhece o tamanho do verso
capaz de abolir o acaso,
que as palavras são lances de dardos.

hoje que você se foi
os bois que berravam na chapada
viraram sócios do açougue.
as mídias e os midas de sempre
silen$ifraram a nossa dor.
e neste cenário de real pavor,
como num lance de touradas,
o troféu é entregue ao matador.

               Do livro: "Punhos da Serpente", Achiamé, 1989, RJ

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