domingo, 25 de setembro de 2011

Briquet de Lemos

Ele nasceu no Piauí, praticamente dentro da tipografia do pai. Cresceu e amadureceu no Rio de janeiro, estudando sobre e trabalhando em bibliotecas. No auge da vida, estabeleceu-se em Brasília e hoje é livreiro e editor. Definitivamente, Antonio Agenor Briquet de Lemos, o "seu Briquet", é um caso especialíssimo de vida dedicada ao mundo do livro. Hoje, aos 66 anos, aposentado como professor de biblioteconomia da Universidade de Brasília (UnB), Briquet trabalha com prazer em sua livraria especializada em livros de arte, arquitetura, fotografia e design. Conseguiu transformar um ponto nada convencional, no oitavo andar do Embassy Tower, no Setor de Rádio e TV Sul, em referência de qualidade, charme e excelente atendimento, ao mesmo tempo em que publica por sua pequena editora livros especializados na área de biblioteconomia.

O pai, Antonio Lemos, foi jornalista e tipógrafo em Teresina (PI). Caçula de 12 filhos, Briquet passou a infância acompanhando o processo de feitura de livros no estabelecimento do pai. O fascínio pelo livro nasceu aí. Aos 11 anos, acompanhou a família na mudança para o Rio de janeiro. Aos 15, ainda no ginásio, começou a sua ligação com bibliotecas, ao virar office boy da biblioteca do Hospital dos Servidores do Estado. Enquanto trabalhava, fez o ensino médio (então 2º Ciclo) o tradicional colégio Dom Pedro II. Na hora de escolher o curso universitário que faria, optou por biblioteconomia, cursado na Biblioteca Nacional (atualmente, Escola de Biblioteconomia da Universidade do Rio de Janeiro).

Nessa época, foi marcado pela leitura de autores como o russo Dostoiévski ("pela exposição do mal, da dualidade nata do ser humano") e os franceses Balzac e Stendhal. Mas o que desde então sempre volta para sua mesa de cabeceira é Machado de Assis, reverenciado como gênio da raça. Hoje, adora literatura policial. "Tenho me surpreendido muito positivamente com os policiais desses novos autores brasileiros, como o Luís Alfredo Garcia-Roza", derrama-se.

O jovem Briquet fez carreira como bibliotecário e professor - com um breve período como jornalista do Jornal do Brasil. Depois de especializar-se na Inglaterra e nos Estados Unidos, acabou convidado para assumir como professor na então recém-criada UnB. Mudou-se para Brasília em 1968. Anos depois, não bastasse a cátedra na faculdade de Biblioteconomia, foi convidado a ser diretor da Editora da Universidade. Entre 1989 e 1992, pôde aprender todos os macetes de produção e distribuição do livro. Amadurecia então uma idéia que o acompanhava desde o Rio de Janeiro, a abertura de uma editora própria.

Decidiu partir para a nova empreitada em 1993, assim que se aposentou na UnB. Com a mulher, Lúcia, também formada em biblioteconomia e ex-diretora da Biblioteca do Senado, fundou a tão sonhada editora em uma sala no oitavo andar do Embassy Tower, edifício no SRTS. "Como professor, tinha sofrido na pele a carência enorme de bibliografia em português na área a que dediquei a minha vida. Então, decidi que faria meu caminho por aí", conta Briquet. O primeiro livro saiu ainda em 1993. Hoje, já são 19 títulos publicados - todos na área de biblioteconomia.

Mas ainda faltava alguma coisa. "Éramos só eu, Lúcia e um computador. Começamos a olhar a sala vazia e a pensar que poderíamos fazer outro uso dela. Começou a germinar a idéia de abrirmos uma livraria. Mas queríamos algo especializado. Optamos pela área de arte e nos concentramos nesse foco", relembra Briquet. No início, o acervo era minúsculo, coisa de apenas uma estante. Mas como fazer com que as pessoas achassem aquela loja no alto de um edifício? Em 1995, junto com o amigo Joaquim Barroncas, dividiram um estande na Feira do Livro de Brasília e distribuíram folhetos sobre a loja. "Pronto, aí as coisas começaram a acontecer", faz questão de ressaltar.

Se a Feira foi importante para a arrancada da livraria de Briquet, o livreiro acabaria sendo fundamental para uma mudança importante ocorrida nos últimos anos na Feira. Foi dele a idéia de aproveitar o espaço externo do Pátio Brasil Shopping, no coração da cidade, para a realização da Feira. A idéia foi aceita pela diretoria da Câmara do Livro do Distrito Federal e, já há três anos, a Feira é realizada no local - o que facilitou tremendamente o acesso do público.

Hoje, a livraria do "seu Briquet" é referência não só em Brasília, mas também tem grande projeção nacional. O advento da Internet colocou a pequena , mas qualificadíssima, livraria ao alcance de leitores atentos de todo o país. Briquet está satisfeitíssimo, mas prepara novos projetos, como uma eventual ampliação da livraria. Os leitores agradecem.

PREFÁCIO - Jornal da Câmara do Livro do Distrito Federal, março de 2004

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