Segunda-feira, fazendo sol ou chuva, devo receber da Halley do seu João Claudino o livro Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves - cartas a A. Tito Filho, que organizei e fiz a introdução. É o primeiro de cinco que irei publicar desse que foi um dos maiores intelectuais do Piauí. Como secretário da Agricultura, Terras, Viação e Obras Públicas, serviu a sete governadores do Estado (começando por Eurípides de Aguiar, 1916, e, findando, em 1935, com Landri Sales, que tentou fazê-lo governador, na sua sucessão, mas foi abatido pelo Leônidas Mello, que fez uma bela manobra e se deu bem, ficando com o cargo). Ele foi o introdutor do concreto armado no Piauí. São deles as obras da ponte JK (ao lado da Agespisa), do Liceu Piauiense, da Estação Ferroviária, da Biblioteca Pública Estadual, da Prefeitura de Teresina, do Quartel do Exército, entre outras. O sobrinho de Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, o Dr. Afrânio Nunes puxou as orelhas do livro e, por amor ao tio e à cultura piauiense, bancou grande parte da obra, a quem rendo meus agradecimentos eternos. Vejam o que ele disse, na orelha de Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves - cartas a A. Tito Filho.
A. Tito Filho resumiu assim: “Poeta, jornalista, orador, parlamentar, conferencista, crítico literário, cientista, geógrafo, historiador, estudioso da sociologia, urbanista, professor de amplos recursos, economista – não se sabe que mais admirar nesse homem de acendrado amor à vida democrática, ao Piauí e à Pátria.”
A propósito, retirei um trecho de uma de suas cartas enviadas ao saudoso intelectual A. Tito Filho, que ressalta esse “acendrado” amor pelo seu torrão natal: “Fiz por meu rincão tudo o que estava em mim. Jamais lhe faltei nem na ação, nem na fé, nem na esperança, nem na pertinácia com que procurei servi-lo.”
Não posso, portanto, prezado Kenard Kruel, calar o meu reconhecimento e o de todos os meus familiares pela magnífica obra que ora apresenta à posteridade sobre essa figura extraordinária que foi Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, o qual, embora tenha deixado um imenso vácuo nas nossas vidas, conforta-nos a certeza de que viveu uma vida honrada dedicada à família, aos amigos, e, acima de tudo, ao trabalho, pela excepcionalidade de sua riquíssima obra.
A atribuição a si delegada pelo Mestre A. Tito Filho, em razão do pedido de fazer publicar, quando oportuno, missivas enviadas pelo amigo e acadêmico Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, impõe-se pela meritória essência dessas epístolas que haverão de consagrar a obra em epígrafe, unindo dois luminares de nossa cultura, condensada, com maestria, pelo seu talento de jovem
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Dele disse A. Tito Filho: “[ ... ] Uma das mais pujantes afirmações intelectuais do Piauí em todos os tempos." Nascido em Amarante, Estado do Piauí e falecido no Rio de Janeiro (1895-1984). Filho de Elesbão Ribeiro Gonçalves e Amália Mendes Ribeiro Gonçalves. Formado em Engenharia Civil e Geográfica pela Escola Politécnica da Bahia (1916). Diplomado, volta ao Piauí, e, apesar da idade, revelou-se logo um profissional competente e empreendedor. Dirigiu no espaço de 1916-1930 a Secretaria de Agricultura, Terras, Viação e Obras Públicas do Estado. Na administração deixou caracterizado o talento polimórfico, realizando trabalhos dos mais variados projetos: construção do antigo Liceu Piauiense, do prédio da antiga Escola Normal, hoje Palácio da Cidade, de pontes, rodovias, planos de abastecimento d'água, luz elétrica, programas de colonização, plantas de cidades e do mapa do Piauí. O dr. Ribeiro Gonçalves tornou-se uma das figuras de grande projeção no campo da engenharia nacional. Ocupou, por isso mesmo, os mais destacados cargos e funções: diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), membro vitalício do Conselho Diretor do Clube de Engenharia, secretário-geral do Departamento Nacional dos Correios e Telégrafos e membro do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura. Foi homenageado em Paris com o título de sócio da Societé des Engeniers de France. Ocupou, também, a função de Secretário de Estado da Fazenda no Governo de João Luís Ferreira. O Professor. Lecionou Matemática e Física no Liceu Piauiense e na Escola Normal Oficial, onde deixou registrado o brilho de sua inteligência e de sua cultura. O Político. Senador da República nas legislaturas iniciadas em 1935 e 1947. O Jornalista. Teve intensa atividade na imprensa piauiense. Colaborou com os seguintes jornais: A Imprensa, O Lírio, 1909; Estado do Piauí e Correio de Teresina, Correio do Piauí, Diário Oficial e O Momento. De privilegiada inteligência e grande capacidade intelectual. Polígrafo, escreveu sobre os mais variados assuntos. Bibliografia. Problemas Municipais; Fossas Biológicas; Tipo de Colônia Agrícola para o Nordeste; Mapa do Piauí; Magistratura e Justiça; Aspectos do Problema Econômico do Piauí; A Servidão da Inteligência no Economismo Contemporâneo; Educação e Democracia; Construções Escolares no Piauí; A Escravidão e o Movimento Abolicionista; O Babaçu na Economia Nacional; Fretes Marítimos Internacionais; Viagem de Inspeção ao Nordeste; Santos Dumont - glória e amargura; Joaquim Ribeiro Gonçalves - poeta, político e parlamentar, Paulo de Frontin; Maurício Joppert - engenheiro e professor, Le Maurício Corbusier - Luz Imperecível; A Formação do Engenheiro e sua Função Social; Autor do Brasão do Piauí e Impressões e Perspectivas (trabalho organizado pelo professor A,. Tito Filho). Ocupou a Cadeira no 19 da Academia Piauiense de Letras, cujo patrono é Antônio José Sampaio. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense.
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