sábado, 14 de agosto de 2010

Uma noite gurgueana

Jesualdo Cavalcanti.

Elmar Carvalho

Na sexta-feira (dia 6, passado) ocorreu a solenidade de posse de Jesualdo Cavalcanti Barros, que passou a ocupar uma das cadeiras da Academia Piauiense de Letras. Foi uma verdadeira noite gurgueana. Estavam presentes vários de seus parentes e amigos, além de muitos de seus conterrâneos. O presidente do sodalício, Reginaldo Miranda, é também das ribas gurgueanas, mais precisamente de Bertolínea. Durante quase quatro anos, semanalmente, eu passava por essa cidade, quando era alta madrugada, a bordo de um velho e empoeirado ônibus da Princesa do Sul, quando ia para a longínqua Comarca de Ribeiro Gonçalves. Reginaldo em sua breve, porém entusiasmada palavra, exaltou a cultura dessa região e enalteceu os seus principais representantes. O novel acadêmico, que escreveu o notável livro Memória dos Confins, falou sobre os primórdios históricos dessa plaga dos cerrados piauienses. No seu entendimento, a colonização do Piauí começou por lá, usando como fundamento o fato de que as primeiras sesmarias estavam ali encravadas, bem como a circunstância de que parte dessa região se limita com a Bahia, e consequentemente era o local mais próximo da famosa Casa da Torre, de onde teriam saído os primeiros desbravadores de nosso território. Falou dos homens ilustres do Gurgueia, sobretudo aqueles que pontificaram na cultura e ocuparam cadeira de nossa academia. Elogiou, com muita ênfase o seu antecessor, João Gabriel Baptista, em suas várias atividades, mormente como administrador público competente e probo, como professor talhado para o mister e como historiador e geógrafo de nosso estado, que muito contribuiu com seus livros para a elucidação de fatos e aspectos dessas duas matérias, trazendo novidades, e não repisando fatos já sabidos e já escritos. O escritor Oton Lustosa, que lhe fez a saudação, fez o seu justo elogio, louvando-lhe as qualidades de homem público e de historiador. Também enalteceu a história dos confins gurgueanos, exaltando seus filhos ilustres, mormente os que palmilharam os caminhos da arte e da literatura. Foram dois excelentes discursos, que bem merecem ser recolhidos em livro. Não posso deixar de dizer, sob pena de esta nota ficar incompleta, que o coquetel foi farto, variado e delicioso.

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