Valter Alencar Rebelo. Foto sem crédito.
Caríssimo Dr. Valter Alencar Rebelo! É com enorme prazer que, falando em nome da Fundação Nogueira Tapety, instituição a qual presido e, tenho a certeza, interpretando o sentimento de todos os oeirenses, eu o saúdo, desejando que o evento desta noite tenha o condão de torná-la inesquecível para todos nós aqui presentes.
Quero dizer, também, que o lançamento do seu livro em nossa terra muito nos honra, mormente nesta data, pois sabemos que foi ontem mesmo o lançamento oficial da obra, em Teresina, ocorrido na Academia Piauiense de Letras, o que demonstra a importância atribuída por Vossa Senhoria a esta Terra de Mafrense. Talvez, isto se deva a um certo atavismo, tendo em vista o seu parentesco com o Visconde da Parnaíba, verdadeiro Proclamador da “Adesão do Piauí ao Grito do Ipiranga”.
Cerca de um mês atrás, fui procurado pela sua assessoria que solicitava nosso apoio logístico para o lançamento do livro “Valter Alencar e a história da Televisão no Piauí”, de sua autoria. De pronto, e com entusiasmo, aceitei a incumbência, por saber da importância do biografado na conquista deste marco civilizatório em que, queiramos ou não, se constituiu a televisão em nosso Estado. Ao preparar esta breve alocução de boas vindas, tive o que os psicanalistas chamam de um “insigt”. Revi-me, menino de 11 anos, totalmente só, quase escondido, sentado entre os enormes tambores vazios que, naquela época, serviam para o transporte de gasolina para posto do Seu Mário Freitas, situado na Rua da Feira, bem pertinho da minha residência. Com um radinho de pilha na mão, ouvia o jogo Brasil e Inglaterra. Estávamos na Copa do Mundo de 1970, mais especificamente no dia 7 de junho daquele ano. O Brasil venceu o jogo por 1 a 0, gol de Jairzinho. Meu sentimento, no entanto, muito mais que de entusiasmo pelo jogo em si mesmo, era de frustração por não ter ido – como outros, inclusive meu irmão mais velho, Paulo Jorge, fizeram, viajando em uma Kombi alugada – assisti-lo pela TV, em Teresina, que já recebia sinal televisivo da TV Ceará, de Fortaleza. Esta foi a primeira vez que senti falta dela, antes mesmo de possuí-la.
No dia 20 de janeiro de 1973, era, finalmente, inaugurada a retransmissão do sinal de TV Rádio Club, de Teresina, para Oeiras. Encontrei esta data encimada por uma foto em que aparece o meu querido tio Gerson Campos, de tão saudosa memória, e que viria a falecer parcos 21 dias depois, em 11 de fevereiro daquele mesmo ano. Também na mesma foto, o então prefeito Juarez Tapety, grande batalhador pela implantação da TV em nossa terra. Outro grande entusiasta do advento da televisão em nosso meio foi o professor Possidônio Queiroz, que chegou a adquirir ações comerciais do grande empreendimento do pioneiro da televisão no Piauí, Dr. Valter Alencar, seu avô. Aliás, o “Bruxo Velho de Oeiras” tornou-se arauto desta boa nova!
Então, com quatorze anos, ainda me recordo de ter sido, por quase um ano, “televizinho”. E olhe que meu pai tinha razoáveis condições financeiras. Acho que havia, como natural, uma desconfiança. “Será que não é fogo de palha?”, certamente meu genitor, há pouco falecido, como muitos outros, assim pensava.Os aparelhos de TV eram caros e raros, das marcas Telefunken e Semp, vendidos em poucas lojas e, mesmo, trazidas de fora. Mas a retransmissão, quase sempre, deixava a desejar e, durante anos (pelo menos até 1975) só funcionava até às 21h, aqui em Oeiras. Meu padrinho, o médico e escritor oeirense José Expedito Rêgo, nas páginas do seu jornal “O Cometa” vivia reclamando dessa precariedade.
Conto tudo isto para dizer da importância, inclusive sociológica, da história da TV no Piauí. Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas, tenho certeza de que trará novas luzes para entender, com maior clareza, o nosso passado, único modo de se construir um futuro melhor.
Por fim, quero agradecer a todos os presentes, em especial ao nosso ilustre visitante, Dr Valter Alencar Rebelo; ao professor Pedro Júnior, Conselheiro da FNT, que gentilmente se dispôs a apresentar a obra; à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, na pessoa da secretária Carla Martins, pelo apoio cultural emprestado a este evento e ao amigo Josevan Jorge da Silva, Chefe do Cartório Eleitoral desta 5ª Zona, que, portador de uma simpatia contagiante, se desincumbirá, certamente, com brilhantismo, da função de Mestre de Cerimônias.
Muito grato a todos!
(Discurso de suadação proferido por Carlos Rubem Campos Reis, Presidente da FNT, ao ensejo do lançamento do livro “Valter Alencar e a História da Televisão no Piaui”, no dia 27.11.2009, às 21h, no Café Oeiras)
Carlos Rubem Campos Reis
(089) 9984.0300
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