terça-feira, 17 de novembro de 2009

Telegrama, de Zeca Baleiro a M. de Moura Filho

Banda Di Jorge e o encanto dos garotos de Altos.
Foto de Kenard Kruel (mas poderia ser de M. de Moura Filho).

Quando me fizeram o convite para ir ao Bar do Gordo, que fica dentro do Centro Artesanal de Altos, ao lado da Igreja, ver a apresentação da Banda Di Jorge, que iria encerrar a programação do 1º Salão do Livro de Altos, botei banca para não ir. E disse logo: não vou ouvir merda de banda de pagode, axé, sertanejo etc, vou não. Vou pra Fazenda Santa Paz, onde estava, namorar debaixo de uma mangueira. Mas, o Menezes Y Morais, o homenageado do evento, e meu grande amigo, insistiu tanto, que acabei cedendo, sob juramento que ficaria pouco tempo se o som me incomodasse. Caramba, ao entrar a Banda Di Jorge, formada por Márcio (vocalista e guitarra), Laécio (sax), Joel (baixo) e Ronilson (bateria), ao contrário do que imaginara, estava colocando a platéia maluquinha com o Telegrama do Zeca Baleiro:

Eu tava triste
Tristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela
Eu tava só
Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano
Que um canastrão
Na hora que cai o pano
Tava mais bôbo
Que banda de rock
Que um palhaço
Do circo Vostok...
Mas ontem
Eu recebi um Telegrama
Era você de Aracaju
Ou do Alabama
Dizendo:
Nêgo sinta-se feliz
Porque no mundo
Tem alguém que diz:
Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito muito te ama,
que tanto te ama!...
Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
Mama! Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu papa!...
Eu tava tristeTristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela
Eu tava só
Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano
Que um vilão
De filme mexicano
Tava mais bôbo
Que banda de rock
E um palhaço
Do circo Vostok...
Mas ontem
Eu recebi um Telegrama
Era você de Aracaju
Ou do Alabama
Dizendo:
Nego sinta-se feliz
Porque no mundo
Tem alguém que diz:
Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito te ama!
Que tanto, tanto te ama!...
Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
Me dê a mão vamos sair
Prá ver o sol!
Mama! Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu papa!...
Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
Mama! Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu papa!...
Me dê a mão vamos sair
Prá ver o sol!

Eu mesmo me entreguei ao som dos garotos da banda Di Jorge, dei a mão ao Menezes Y Morais, e começamos a dançar (cada um com o seu par). E, quando eu me dei conta de mim, estávamos vendo o sol nascer no Bar do Gordo, que, nas horas de folga trabalha no seu salão de beleza, cortanto o cabelo dos bofes e das rachadas. Tarântulas, eu ouvi e vi: os garotos da banda Di Jorge romperam o contrato, avançaram além do horário estipulado, e tocaram a tocar, música após música, um som melhor do que o outro. E eu quebrei a cara. E eu mordi a língua. Bem feito, urso hibernador em sua Kenard Kaverna, pensar que em Altos não pode ter músicos, bons músicos, fazendo boa música, tocando boa música...!!! Pois é, meu caro M. de Moura Filho, sua roleflex não está com nada. Não tem ouvido musical algum. E logo você, que gosta tanto de pernas de pau e bandas de rock. Os garotos da banda Di Jorge, foram buscar o rock de Roberto Carlos, o rock de Erasmo Carlos, quando eles, cabelos grandes, novinhos em folha, vestido de roupas de plásticos e/ ou tecidos similares, em cores, com seus medalhões no peito e sua guitarras nas mãos, mandavam todo mundo para o inferno. Jovem Guarda, Eiê, Eiê, Rock. Rompimento estético. Rompimento político. Rompimento de Comportamento. Gerou a Tropicália gerada pela Geléia Geral. Estou beje, mas estou feliz. A noite. A madrugada adentro. Um gole aqui. Um Gole ali. Um poema no peito. E você chega assim desse jeito abrindo veredas no meu coração... (poeta William Melo Soares)...

É isso, meu caro M. de Moura Filho, vamos louvar o que merece, deixando o ruim de lado. Pena dizer, repito, que a sua roleflex não tem ouvido musical algum. Passe bem. Ou passe mal. Ou fique. Ou Vá. Ou não volte. Quem sabe, um dia, no Sariema (que existe, existe, mas ainda não creio), acertemos os nossos olhares. E vejamos mais do que cadeiras vazias em horários de não programação do 1º Salão do Livro de Altos... Ser do contra, eu aceito. Mas, contra o ser, não aceito. Tenho dito!

2 comentários:

AirtonSampaio disse...

Rapaz, não podia ser só os artistas e os leitores, não? É muita otoridade no pedaço (serão as eleições?). Nisso, repetem, que pena!, a oficialidade chata do Salipi.

EMERSON ARAÚJO disse...

Estou com Airton. Deviam ter mudado o nome do evento. O inventado faz parte também do novo. Quanto as autoridades, bem 2010 é um "surrão de mentiras" que já se antecipa.