sábado, 7 de novembro de 2009

Oração para um homem chamado alberto

Alberto Silva. Foto sem crédito.

(*) Luiz Ayrton Santos Junior

Conheci o Dr. Alberto Silva através de uma lâmpada e de uma luz. Era a inauguração da Avenida Frei Serafim. Ainda menino, aos 9 anos, nunca esqueci quando encarei o céu e vi uma luz mágica e forte brotar de um poste na avenida. E o rosto das pessoas que foram ao canteiro da avenida no dia que o Governador acendeu as luzes. Lembro que muitos choraram e as pessoas diziam 'que a noite virara um dia' e Teresina, desde aquele momento, nunca mais conseguiu ficar feia. Alberto preparou-a para o futuro, embelezando-a de ponta a ponta.

Deus foi generoso com o Piauí. Deu ao seu maior administrador 90 anos de vida. O Eng. Alberto Silva era um homem apaixonado pelo Piauí e pelos piauienses. E com essa paixão contaminava os amigos. Ouvi-lo falar era mexer com nossa autoestima e nosso amor à vida e ao compromisso que teríamos com ela. Todo mundo sentia-se pequeno diante das ideias de Dr. Alberto. Ele pensava imenso, seu pensamento era incomensurável se comparado à nossa autoestima.

A idade do Piauí não pode ser contada a partir da descoberta do Brasil, o Piauí tem 250.000.000 de anos, contados a partir das datações da floresta fóssil de Teresina. A história do Brasil entra na história do Piauí e não o contrário. Contando que caçadores/coletores andavam pelas terras piauienses há 60.000 anos, os primeiros seres humanos do planeta aqui picharam nossas paredes de pedras; contando que os fenícios vieram para o Brasil e povoaram essas terras entrando pelo Piauí, iniciando o povoamento tupi; contando que o Piauí sustentou o Brasil de carne como alimento; contando que o Piauí fez verdadeiramente a redenção do Brasil de Portugal pelo heroísmo da Batalha do Jenipapo; contando que o sonho libertador de Mandu Ladino povoou nossas terras... o Piauí é imenso! É cidadão do mundo!

Quem entende esses fatos sabe que o Piauí é parte importante da epopéia do homem neste planeta. Que é irrelevante a ascensão da mídia no mundo culminar com o período de números desagradáveis de nossa economia, estabelecendo uma imagem de nossa terra como uma terra pobre e isso não nos pertence. Isso tudo para mim era a compreensão que Alberto Tavares da Silva tinha do mundo e de nossa terra. Ele era o próprio exemplo do otimismo, da autoestima elevada e foi essa mola que o impulsionou a construir uma história de administrador apaixonado, amante de sua terra e do seu povo.

Dizer que o ele fez tudo que o Piauí tem de melhor é cair na mesmice. Isso mais não se questiona. Mas lembrar que na saúde ele foi fundamental para o sucesso que a medicina do Piauí tem lá fora, muito pouco ainda é reconhecido. Ele não só fez a Maternidade Evangelina Rosa, trazida da Inglaterra, e que, quando aqui chegou, até os lençóis eram importados. Ele não só fez o Hospital de Picos e nem só o de Floriano. Ele não só fez a UFPI e, consequentemente, seu curso de Medicina. E também não só fez o Hospital de Doenças Infecto-Contagiosas de Teresina, marco de nossa saúde.

Admirável Dr. Alberto Silva, que o senhor durma o sono dos justos, dos grandes homens de missão cumprida nesta terra. Deus caprichou quando-o fez. O senhor sempre será um exemplo de que é grande a beleza de Deus quando faz um ser humano. Depois da sua ousadia, sou parte de seus sonhos e tornei-me um apaixonado por nossa terra. Acredito nela. E obrigado por ter preparado Teresina para ficar assim tão linda e eu poder curti-la agora nos meus quarenta e alguns anos...

(*) Luiz Ayrton Santos Junior é presidente da Academia de Medicina do Piauí.

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