quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ouvindo Vozes em Oeiras

Edmar Oliveira. Foto de Kenard Kruel.

Joca Oeiras

Creio que, como eu, muitas pessoas que já perderam seu pai ou sua mãe, lastimam, muita vezes, não tê-los aproveitado melhor, enquanto vivos. Sem querer ser dramático, lembrei-me desses momentos lendo o livro “Ouvindo Vozes” que me foi presenteado pelo autor quando de sua passagem por Oeiras, durante o nosso VI Festival de Cultura.

É que considero que perdi uma excelente oportunidade de, fazendo uma marcação cerrada, usufruir da estimulante e agradável convivência de uma pessoa que, por tudo o que sei e pelo li no seu livro, eu reputo de sábia.

Pior é que eu desconfio que não fui só eu quem perdeu: acho que, coletivamente, não fomos capazes de dar ao Edmar o lugar que lhe cabia nesta sexta edição do nosso Festival de Cultura. Uma pena, inclusive considerando que Oeiras é “uma cidade colonial famosa por seus poetas, músicos e loucos” como disse O.G. Rego de Carvalho.

Por nosso prévio conhecimento internáutico – o Edmar também anima um blog onde se apresenta como “piauinauta” – fui, de certa forma, privilegiado. Estivemos, por exemplo – Edmar, eu, Bill, a bela, Dra Patrícia Schimid, seu irmão Moisés e. o Dr Alencar..– almoçando juntos na Gracinha. Conversamos, rimos, bebemos, o que foi muito bom, mas não o suficiente para mim.

Aliás, Bill me lembrou, a Gracinha nos fez rir a todos quando a jovem e bela Doutora Patrícia “reclamou” estar cercada de “Velhos Babões” e a Gracinha, na lata, respondeu: De que você está se queixando, minha filha, pior seria se não tivesse nem os “Velhos Babões” a paparicá-la.

Tudo isto eu disse – um enorme “Nariz de Cera” do qual não retiro uma linha – para dizer que o livro “Ouvindo Vozes” do piauinauta Edmar Oliveira é, antes de mais nada, lição de um profundo Humanismo, que nos emociona, que nos motiva e nos convoca a rever uma certa (e, às vezes, justificável) descrença no ser humano.

Ninguém pense, no entanto, que vai encontrar a menor “lição de moral” em qualquer uma de suas 278 páginas. O Humanismo de que falo não vem da pretensão em “cagar regras de conduta”, mas de relatos de uma pessoa que, com sua equipe, resolveu procurar convencer os “alienados mentais de toda espécie” de que, para além de loucos eles são seres humanos como todos nós. Estes relatos são carregados de uma verdade impressionante. Cada menor passo no sentido de ressocializar um único paciente é comemorado, no livro, como uma empolgante vitória. Francamente, uma obra inesquecível! Obrigado Edmar!

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