quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nós e Elis: Um Marco no tempo.

Moldura de uma cantora sem rosto. (por enquanto).

Rosana Siqueira *

Eu estive lá e vi o quanto aquele espaço foi importante para nossa cidade. Lá se dava visibilidade a artistas plásticos, músicos, poetas, cantores e pessoas comuns como eu, que freqüentava assiduamente aquelas noites maravilhosas.

Lembro-me que muitas cantoras tiveram sua carreira iniciada com as famosas "canjas " no palco do Nós e Elis: Patrícia Melo, Carol Costa e tantas outras....

Eu mesma comecei lá. Quando cheguei a Teresina, ainda muito jovem, tive a oportunidade de me relacionar com pessoas maravilhosas como Wellington Dias (hoje governador do Estado), Sirley Ferreira, Verinha, Elias, entre outros. Tínhamos uma turma que gostava de tocar violão. Wellingtom era um deles. A gente se reunia e eu começava a cantar, timidamente, e todos diziam que eu tinha ama bela voz. Fui me soltando até que um dia, diante de tanta insistência, eu resolvi subir no palco enfrentar aquele público. Casa cheia, minhas pernas tremiam, suava frio, pensei até que ia ter um troço. Mesmo com a voz trêmula no início, comecei a cantar e, logo depois, surgiram os aplausos... adorei!

Tornou-se um vicio! Como era divertido! Pessoa bonitas, inteligentes, bem vestidas, bom papo, paquera , novas e longas amizades como a minha com o Elias, idealizador do sonho, movido por muita energia. Sua irreverência e despojamento davam ao ambiente um ar de refinado e, ao mesmo tempo, um sentimento de liberdade.

Desde então, comecei minha carreira como cantora, e durante vinte anos me dediquei a cantar na Noite Piauiense. Fiz Shows em toda parte: clubes – Tabajaras IATEA, AABB, Classes Produtoras e muitos outros –, restaurantes – Camarão do Elias , Oriental, Beliscão, Potiguar e, especialmente, o Matricham, onde cantava nas feijoadas e nos fins de tarde– no Theatro Quatro de Setembro e em inúmeros aniversários e casamentos tanto de gente famosa como de pessoas comuns.

Hoje, depois de tanto tempo, ainda faço um show aqui, outro ali. Mas nunca vou esquecer do tempo em que cantava com Neide Tinoco, Carla Ramos, Colombo – um monstro na guitarra – Justino Barbosa, Ivonaldo e tantos outros que me acompánhavan. “Nós e Elis” deixa em mim uma saudade e um sentimento de gratidão por ter me dado a oportunidade de me expressar e colocar pra fora um talento que guardava dentro de mim.

Gracias à la vida e a um Bar chamado “Nós e Elis”.

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